quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Doutrinação: não!


Eu aprendi que toda história tem 2 lados. 

Que devemos sempre conhecer “os 2 lados da moeda” de alguma coisa antes de tomar uma decisão. 
Bem, neste mundo pós-moderno, pluralizado, cheio de opções, acho que hoje nossa moeda tem uns 15 lados, não apenas 2. 
Mas ainda continua a valendo a ideia por trás da máxima “2 lados da moeda” de que não podemos tomar decisões e posições conhecendo apenas 1 parte da história.




O mundo moderno trouxe múltiplas opções. Para cada uma delas, há um mar de informações e, realmente, é impossível saber tudo sobre todas as opções. Eu já escrevi aqui que no processo de aprendizado, devemos atentar para 3 partes do processo: o didático, para colher informações, o crítico ou analítico, quando analisamos e criticamos as informações recebidas a fim de selecionar e modelar as informações e o produtivo, quando realmente produzimos algo e “escolhemos um lado”, baseado naquilo que aprendemos. Essas 3 etapas, de acordo com minha visão, aplicam-se a tudo na vida. Ao processo macro educativo, quando uma pessoa frequenta a sala de aula, da pré-escola à faculdade. E em cada processo de busca de informação.
Por exemplo, ao escolher um posicionamento político ou ideológico, para seguir ele ou para difundir e falar sobre ele, como se dariam estas 3 etapas?
Primeiro, vou colher informações sobre os posicionamentos existentes, possíveis. Vou estudar a história e as teorias. Os resultados práticos destas posições nos lugares onde já foi aplicada etc. Primeiro eu preciso conhecer, por exemplo, sobre capitalismo e socialismo, sobre direita e esquerda, sobre terceiro setor (que é a alternativa a esta dualidade).
Depois preciso ter uma visão crítica quanto a isso tudo. Preciso questionar. Quem disse tal coisa. E por quê? Ao dizer o que disse, foi influenciado pela sua própria experiência pessoal? Em que ponto isso afetou sua visão de mundo? Isso que foi dito em tal lugar e em tal tempo, aplica-se diretamente ao meu lugar e ao meu agora? Ou preciso filtrar os princípios por trás do que foi dito e contextualizar a aplicação para a minha realidade atual? Eu preciso questionar, selecionar, adaptar, contextualizar, criticar, analisar tudo o que eu li e aprendi. Senão, corro o risco de querer andar com os sapatos de outra pessoa, sem sequer ser o mesmo número que eu calço.
Em terceiro lugar, para que eu possa me posicionar quanto ao que eu aprendi, emitir uma opinião consistente e segura, após esse aprendizado e análise, eu tomarei cuidado em falar de forma objetiva e sincera. Não posso, por exemplo, falar que o socialismo (tal como pregam, não na sua etimologia) é uma opção viável no século XXI, ao estudar os resultados históricos de todas as suas tentativas de aplicação prática, nas mais diversas configurações históricas. Seria ignorar o que não me interessa para chegar ao resultado que eu previamente desejava chegar.
Se eu faço isso, se faço uma escolha de algo que objetivamente estudado demonstra-se falido, é porque, provavelmente, não estudei os 15 lados da moeda! É aqui que entra o conceito de “doutrinação”. O conceito de “lavagem cerebral”. Se eu olho para os lados da moeda e percebo, de forma objetiva, que o que eu pensava ser correto não é, então devo reavaliar meus conceitos iniciais e reestudar meu posicionamento.
Essas 3 etapas do estudo não são isoladas. Enquanto pratico a busca da informação, há algo de crítica e emissão de opinião, mas poucas. Depois, durante a fase crítica, provavelmente vou precisar voltar a buscar novas informações, para complementar alguma nova visão que tive de uma informação, e também vou emitir posicionamentos. Na fase de emitir opiniões, de produzir algo, com certeza, precisarei revisar as 2 primeiras etapas e até ampliá-las. Isso faz parte do processo. É um ciclo normal. Mas eu preciso ter em mente que preciso respeitar os processos. E vou crescendo com eles. Numa primeira análise, minhas análises são simplórias. Depois, vou aprofundando gradativamente à medida que aprofundo meus conhecimentos e análises. É normal. E não há fim para esse aprofundamento.
Mas, se por algum motivo, sou exposto a uma doutrina (política, religiosa, ideológica, filosófica etc.) e estudo e conheço apenas um lado, uma vertente desta questão, sem explorar, conhecer e criticar os outros lados, os contraditórios, as alternativas na mesma proporção, então estou sendo doutrinado. Eu preciso, antes de me posicionar, ser colocado diante de todas as opções. Se numa faculdade, a bibliografia do professor de história mostra apenas livros de vertente socialista, sem dar aos alunos, que estão sendo apresentados a esta questão, a oportunidade de ler livros de vertente capitalista, liberal, conservadora, fundamentalista e outras, na mesma proporção, para poderem analisar os vários pontos de vista, então claramente está havendo doutrinação.
Hegel disse que toda tese (chamemos de ponto de vista fundamentado) gera ou tem uma antítese, seu contraditório, seu oposto. Do confronto de ambas, surge a síntese, até porque nenhum ponto de vista original tem 100% de acerto. Então, o mais provável é que deste confronto surjam questões que se fundam para formar uma nova ideia. Essa síntese, fruto do confronto da tese e antítese (duas ideias originalmente opostas), gera uma nova tese, que provocará uma nova antítese e assim vai, para que possamos, ao longo do tempo, chegar a algo mais equilibrado.
A Bíblia resume o processo da busca do conhecimento de forma muito objetiva. O apóstolo Paulo diz assim “Examinai tudo. Retende o bem” (I Ts 5: 21). Não há meio mais sintético de explicar isso. Examinai tudo é exatamente o que eu vinha falando sobre a busca e a crítica do conhecimento. Todas as vertentes, analisadas de forma minuciosa e crítica (este é o sentido da palavra “examinai” utilizada por ele). Primeiro devemos examinar tudo. Mas ele termina dizendo que o que deve permanecer em minha mente é algo filtrado pelos princípios morais estabelecidos no início. Devemos reter o bem. O que deve prevalecer é aquilo que gera o bem, que tem o bem como princípio motor. Que tem o bem como norteador. Ou poderíamos dizer o amor, princípio base de tudo. Daí, podemos ver que se retivermos o bem, iremos buscar as verdades pelos princípios que geram o bem, para mim e para a sociedade (na linguagem bíblica, para o meu próximo). Se algo que eu faço em particular prejudica outras pessoas (se me afasto do bem, ao invés de retê-lo), não deveria ser isso que deveria nortear minha escolha. Mas para conseguir chegar a reter o bem, eu preciso antes examinar tudo. Preciso entender os princípios do bem. Para a bíblia, o filtro é moral. Mas, no fim das contas, para chegar à síntese de Hegel, em examinar tudo (as teses e antíteses, os contraditórios, as alternativas etc.), meu filtro é moral. É o bem.
Eu tenho minha própria teoria. A “gangorra das ideias”. Se eu vivo ou acredito ou conheço uma ideia a princípio, estou num lado da gangorra abaixado. Então sou exposto à sua antítese, conheço o outro lado e passo para o outro lado da gangorra. Depois volto e este movimento se repete, enquanto vou conhecendo e analisando os extremos, até chegar a um equilíbrio. Neste processo, se resolvo tomar decisões e viver em virtude do que aprendi antes de chegar a um equilíbrio, sou levado a extremos e, por vezes, a atitudes que depois terei que reequilibrar.
Enfim, não dá para viver e tomar decisões e emitir opiniões quando se conhece apenas 1 lado da moeda. É preciso buscar informações consistentes. E saber qual será o fio condutor que norteará minhas escolhas. Se o que eu busco é um meio de obter vantagens, não importando o que aconteça com os outros, então minha escolha será uma, mesmo que eu faça todas as análises e conheça tudo o que estiver ao meu alcance. Mas se meus princípios me levam a buscar algo de bom para mim, desde que não prejudique os outros e, quando possível, ainda gere algum benefício para o todo, então minhas escolhas serão outras, baseado naquilo que conheço.
Mas se, ao buscar o conhecimento, eu só analisar as vantagens de uma determinada ideia, ignorar suas desvantagens e só olhar o lado negativo de sua antítese, em sequer considerar suas vantagens, então estou escolhendo antes a ideia do que os princípios, ou seja, se eu seleciono o que vou aprender, o que vou conhecer, significa que eu desejo que as minhas conclusões recaiam sobre determinado lado. Preciso definir, antes de tudo, meus princípios. Isso se aprende antes do conhecimento. É o simples “mentir é feio” que o pai ensina para a criança. Não pode roubar. Seja sincero e honesto. São os princípios. Norteiam as buscas, os aprendizados.
Examinemos tudo. Vamos reter o que é bom.


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domingo, 21 de outubro de 2018

Aprendendo a aprender


Na atual educação brasileira, muitas são as interpretações que se fazem para o ensino e os métodos utilizados pelos educadores, discutindo-se se são eficazes ou não. Tenho ouvido discussões a respeito da função e do método da educação, e vejo grupos defenderem este ou aquele princípio ao desenvolver a educação junto aos jovens.
Gostaria de defender aqui um ponto de vista que abriga três métodos e fases da educação que, de acordo com a argumentação dada, poderiam ser considerados, conforme idade das pessoas que são ensinadas. Vejo que a educação precisa passar por 3 etapas, utilizando os seguintes métodos:

1- Didático: passar informações
2- Crítico: questionar informações
3- Produtivo: gerar informações e formações

Explicando melhor os 3 tópicos acima, a maneira didática é aquela em que precisamos passar informações para o aprendiz, de forma a dar a ele base e condições (informações) para passar a pensar criticamente. Ou seja, como alguém pode criticar sem saber nada sobre o objeto da crítica. Esse é o momento de ensino mais tradicional, mais praticado: aquele momento de alguém (que sabe mais pela experiência) informar a outrem sobre uma situação ou coisa, objeto do aprendizado. Em tempos passados, participei de discussões sobre ser a escola um local de “formação” ou de “informação”. Hoje vejo que a discussão estava no local errado. Não é uma questão de discutir se a escola é local disto ou daquilo, mas temos de descobrir qual o tempo de “informar”, para “formar” bases que levem a pessoa ao pensamento crítico e autônomo, sem ser alguém que “pensa pelos outros”.
Esta etapa geralmente coincide com o ensino fundamental, até o 9º ano. Nesta etapa, basicamente, a criança adquire informações. Mesmo a natureza investigatória ainda não está desenvolvida na criança, embora o embrião desta próxima etapa já se manifeste no início da adolescência. Mas para que a criança venha a desenvolver um senso crítico saudável e bem fundamentado, é necessário que tenha informações que fundamentem suas futuras análises críticas.
O que é necessário nesta fase inicial, é que o aprendiz não se feche às informações recebidas, sabendo que existem novas possibilidade que ele ainda não explorou e mesmo que certas informações podem estar desatualizadas ou mesmo incorretas.
Mas não podemos abrir mão de uma intensa e completa passagem de informação. Sem material para análise, é impossível chegar aos próximos níveis. Ter uma boa quantidade de informação confiável é o começo de tudo. Não se pode pular essa etapa.
O segundo momento é para avaliar as informações dadas. Será que são tendenciosas? Seria honesto que o orientador, neste caso, fizesse essa pergunta aos educandos. Será que eles acham convincente a informação dada? Existem informações complementares? E contrárias? O que foi informado é verdade? É completo? É o momento de exercitar a crítica para aprender a não aceitar automaticamente as informações dadas. É um aprendizado valiosíssimo, no que se refere à avaliação da informação dada.
Aprender a fazer uma boa crítica (análise) de tudo o que se ouve e aprende é essencial para qualquer ser humano que vive em sociedade. Essa crítica é um fim em si mesma, mas também é a preparação para o terceiro momento. Podemos dizer que o ensino médio coincidiria com esta etapa. Tive alguns (não muitos) professores no Ensino médio que desenvolviam este aspecto crítico e analítico. Também é importante ressaltar que nesta idade (entre 15 e 17 anos), é natural que o adolescente faça objeções, críticas e análises de tudo à sua volta. Faz parte da sua natureza. Desenvolver e aproveitar isso na educação é mais do que produtivo: é inteligente, por aproveitar o potencial natural que os adolescentes têm para a crítica nesta idade. Desenvolver o senso crítico que venha a analisar a informação recebida é essencial e deve ser aproveitado nesta fase do ensino.
Mas esse desenvolvimento deve ser completo. Não tendencioso, não parcial. Se nesta fase do aprendizado, for possível aprender que tudo o que ouvimos tem sempre 2 lados, tem sempre uma posição contrária etc., isso será muito produtivo para a formação da pessoa. Isso é bíblico, a Bíblia ensina a analisar as informações e criticar. Se alguém só recebe informações de um lado da história, de um único ponto de vista, corre o risco de ser “doutrinado” e sofrer “lavagem cerebral” por não ter contato com as informações contrárias, a fim de descobrirmos aquilo que é real (ou pelo menos o mais perto disso). Como dia Hegel, toda tese tem sua antítese, as quais, após confronto e análise, geram uma síntese, que se torna uma nova tese. Analisar os extremos para se chegar às conclusões corretas e a uma crítica completa e útil é essencial nesta segunda fase do aprendizado.
Nesta última etapa, os educandos estarão produzindo ideias e conteúdos. Não apenas criticando, mas propondo. É a fase propositiva. É a fase produtiva. Não apenas falar que o outro está errado (ou certo), mas propor soluções, alternativas e caminhos. Tornar viva e útil a mais bela característica humana: a criatividade! Aqui se usam as informações, se analisam as críticas feitas e se criam novas ideias. Esse é o objetivo final (na minha opinião) de todo ensino: formar pessoas. Pessoas que pensem, que criem: mas com bases sólidas e sustentáveis. Esta seria a fase da faculdade, do mestrado. O lugar onde o indivíduo passa a produzir algo para a sociedade. Um engenheiro junta todo o conhecimento, analisa e critica as informações para depois construir edifícios.
Mas esta etapa só será saudável se o processo educacional não abrir mão das duas etapas anteriores. Apenas com uma fundamentação sólida e uma análise crítica bem feita é que a produção nesta etapa será bem feita.
É neste processo de educação gradual que a pessoa atinge, com solidez e na sua própria velocidade e capacidade a autonomia necessária para ser uma pessoa que “ande pelas próprias pernas”.
Este processo, na verdade, pode ser usado em qualquer etapa educacional. Por exemplo, ao aprender a utilizar o computador, primeiro é importante obter informações: O que é “software”; Para que serve; qual a função de cada tipo de software; Qual o papel de cada parte do computador. Obter informação.
Depois disso, é necessário analisar e criticar as informações recebidas: Tem uma opção melhor para se fazer isso? Será que sempre o computador é sempre útil, ou há situações em que é melhor fazer o trabalho manualmente? Que tipos de danos à saúde pode decorrer do uso contínuo ou incorreto da informática. Devo analisar e criticar tudo o que aprendi na primeira etapa, não apenas para negar, mas para chegar a um real proveito do aprendizado no meu contexto.
A terceira e última etapa é para produzir algo novo. Uma secretária encontra uma melhor e mais produtiva maneira de redigir uma ata; um conferencista desenvolve um novo método de apresentação virtual para suas palestras; novas tecnologias são desenvolvidas a partir das já existentes etc. Etc. Etc.
Portanto, há perigo quando se critica sem fundamentação. Ou seja, parte-se para a 2ª etapa, pulando a primeira. A pessoa que faz a crítica corre o risco de falar “besteira”, porque não objeve informação básica o suficiente. Se pular a 2ª etapa, indo da 1ª para a última, então o risco é de uma produção sem entendimento. Um engenheiro poderia, numa situação dessas, repetir fórmulas de cálculo para se fazer uma ponte, sem entender que a atual situação exige cálculos diferentes, simplesmente porque não aprendeu a analisar cada situação, e deseja aplicar a mesma solução para todos os casos.
Imagine alguém na política, que queira dar soluções para os problemas do país, da cidade etc. Se apresenta soluções e atitudes sem estudar as bases da situação, sem ter as informações completas da situação, que é a primeira etapa, ou sem criticar e analisar corretamente as situações que tomou conhecimento. Com certeza, tomará decisões erradas.
As 3 etapas do aprendizado para tomar atitudes são essenciais e imprescindíveis. Para qualquer coisa que faço. Em tudo na vida, deveria ter isso em mente. Então, é muito importante que o processo educativo e tudo o que fazemos na vida passe pelas etapas da fundamentação e crítica, a fim de obter um resultado produtivo (em qualquer área do conhecimento humano) que seja seguro e bem feito.


Lucas Durigon

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segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Eleições 2018 - momentos finais

 Faltam apenas alguns dias agora. E, embora eu esteja escrevendo este artigo no fim de agosto, ao ser publicado, deveremos estar na última semana antes das eleições. Os votos já devem estar bem mais definidos, mas algumas coisas ainda não. No final de agosto, mais de 30% ainda não sabem em quem votar ou pretendem não votar em alguém. Isso é preocupante. Espero que no início de outubro isso já não seja uma realidade tão marcante. Espero que cada um pense na sua responsabilidade de participar das escolhas que definirão os próximos passos no nosso país.
Neste momento, quero refletir de forma mais suscinta sobre os candidatos que temos. Uma pequena reflexão nos ajudará a pensar em algumas características para nos ajudar nesta escolha. Alguns critérios de escolha em que eu acredito são gerais e bem simples.

Eu acredito que, basicamente, os que já tiveram sua oportunidade para mostrar serviço e não o fizeram, deveriam dar lugar aos que ainda não tiveram sua oportunidade.
Aqueles que foram condenados por crimes não deveriam nem se candidatar. Com certeza não são dignos do voto do cidadão honesto.
Se algum está sob suspeita e ainda não foi condenado, deveria se preocupar em arrumar a própria casa, esclarecer fatos, finalizar processos e investigações, colaborar com as autoridades para esclarecer sua inocência (quando for o caso) e não gastar seu tempo em eleições.
Competência é outro critério bastante importante: não adianta ter apenas boa vontade. É necessário ter alguma experiência. Não precisa ser expert em tudo, nenhum super político. Mas também não pode ser um “sem noção”.
Coerência entre discurso e prática e vida íntegra também são características importantes. Não acredito que haja alguém perfeito. Todos sempre terão (temos) algum erro. Para os adversários, que buscam sempre algo que criticar, claro que encontrarão algo. Mas uma dica importante é observarmos se as atitudes ruins das pessoas são recorrentes ou isoladas. Se uma atitude ruim ocorreu de forma isolada ou faz parte da conduta e dos hábitos constantes daquele candidato ao longo do tempo.
E já que estamos falando disso, humildade e reconhecimento dos erros é essencial para qualquer líder de valor. Já que não podemos escapar ao cometimento dos erros, a única maneira que temos de iniciar um ajuste dos erros cometidos é reconhecê-los de forma humilde. Aqueles que nunca admitem os próprios erros ou vivem tentando dizer que não os cometeu, tentar justificar etc., será alguém que jamais conseguirá corrigir os próprios erros. Um verdadeiro líder tem a capacidade e humildade de reconhecer e corrigir.

Temos alguns candidatos à presidência este ano que nunca tentaram este cargo. Outros que já tentaram. Pela primeira vez desde a redemocratização, um presidente que poderia tentar reeleição não o está fazendo. Isso é muito bom, dadas as circunstâncias.
Muitos candidatos em 2018 (em ordem alfabética):
Álvaro Dias (Podemos),
Cabo Daciolo (Patriota),
Ciro Gomes (PDT),
Eymael (DC),
Geraldo Alckmin (PSDB),
Guilherme Boulos (PSOL),
Haddad (PT),
Henrique Meirelles (MDB),
Jair Bolsonaro (PSL),
João Amoêdo (Novo),
João Goulart Filho (PPL),
Marina Silva (Rede)
Vera Lucia (PSTU).
São realmente muitos que estão tentando se candidatar à presidência. Minha opinião muito resumida sobre cada um deles.

O Alckmin já foi governador em São Paulo várias vezes. Também prefeito. Vice de Mário Covas, assumiu quando ele morreu pela primeira vez e seguiu os passos do seu mentor, buscando sempre uma responsabilidade nos gastos. Embora muitos critiquem o fato de ter valorizado pouco os servidores públicos, é de se pensar que São Paulo nunca mais teve problemas financeiros, com dívidas ou falta de recursos para manter os serviços, ainda que nem sempre satisfatórios. Talvez seu grande erro nesta eleição foi se aliar com muitos partidos tentando melhorar seu posicionamento. Não é o tipo de líder nato, mas um bom administrador. Se tomasse mais as rédeas do seu cargo ao invés de ficar ouvindo os acessores, talvez tivesse mais êxito.
Bolsonaro, deputado por quase 30 anos, cresceu no gosto popular por suas posições firmes em muitas áreas que têm sido atacadas ultimamente. Mantém coerência nos seus posicionamentos, sem negociá-los, mas também pode reconhecer erros e quando muda de opinião. De formação militar, defende mais rigidez no trato contra o crime, a corrupção, a afronta contra a família e outros assuntos. E realmente um líder precisa ter posicionamento. O fato de não ter acusações contra sua pessoa, mesmo depois de quase 30 anos de vida pública é muito favorável à sua candidatura. Procura formar uma boa equipe de trabalho que venha a suprir as questões que não domina e essa qualidade de trabalhar em equipe é muito boa.
Marina Silva, apesar de não ter acusações contra si de corrupção, pesa o fato de durante todo este período de crise política no Brasil, ter escolhido o silêncio e o não posicionamento, comportamento estranho para quem almeja cargo político, ainda mais para alguém já envolvido na área. Ela só resolveu se pronunciar em alguns assuntos agora, no período das eleições. A falta de posicionamento claro e firme dificulta o posicionamento dela como uma líder, para uma nação.
Ciro Gomes tem grande experiência. Já foi governador, prefeito, ministro no governo Lula e parlamentar. Apesar de um posicionamento firme em suas opiniões, o que faz muitos o classificarem como radical e troculento, isso pode ser uma boa característica para um líder. Mas tem dificuldades de manter diálogo e formar uma boa equipe, o que pode pesar num governo. É o tipo do político que não passa em branco, não pode ser ignorado. Ou é amado ou odiado.
Henrique Meireles tem o grande defeito de ser do MDB. Até é um homem de experiência, integridade, mas não vejo nele força política suficiente para fazer prevalecer esta sua posição pessoal. Dentro do MDB, vai virar marionete do partido se estiver na presidência. A falta de firmeza nos posicionamentos o coloca em situação parecida com Alckmin: um ótimo administrador, mas sem a firmeza que a posição de um presidente requer.
O Haddad é o substituto tardio do Lula. Além de ser do PT, partido que insiste em tomar o poder, não reconhecer os erros, querer eleger condenados, Haddad foi ministro da Educação do Lula por 7 anos e, apesar de ficar por aí dizendo que fez prouni, Fies etc., a verdade é que a educação, depois de 13 anos de PT, sendo 7 Haddad como ministro da educação, está na situação que todos conhecem, só de acompanhar seus filhos. Isso não é exatamente uma vantagem para o Haddad. Como prefeito de São Paulo, também não conseguiu se reeleger, o que mostra a opinião do povo daquela cidade sobre sua administração.
Álvaro Dias, parlamentar de experiência, não tem nada que pese contra na sua carreira pública. Tem também procurado se posicionar em algumas questões nesta eleição. Mas não tem ganhado os holofotes, talvez por sua conduta mais tímida.
João Amoêdo é a grande novidade nestas eleições. Uma boa opção se o único critério fosse renovação. Mas pouco conhecido, não temos como avaliar sua experiência e atitudes. Talvez se tentasse um governo ou Prefeitura antes, para vermos o que ele pode fazer, venha a ser uma opção interessante no futuro. Se conseguir manter firme se discurso, acredito que é um dos que temos de ficar de olho nas próximas eleições.
Cabo Daciolo, meio inexperiente ainda (é deputado há 4 anos), embora tenha pouca intenção de votos, já está fazendo um barulho, considerando ser principiante neste cargo e na política como um todo. Também é alguém para continuar de olho, nas próximas eleições, talvez tentando algum outro cargo, para avaliarmos melhor sua experiência e conduta.
Guilherme Boulos e Vera Lúcia, como representantes da extrema esquerda, estariam junto da Manuela D´Ávila, se ela não tivesse sido escolhida para ser vice do Haddad. Os 3 têm ideias radicais, mas parecem que vivem num mundo paralelo, onde os acontecimentos em que eles acreditam só existem na cabeça deles. A realidade do Brasil parece que é totalmente ignorada por eles e desejam fazer um governo como se vivêssemos num mundo paralelo, numa realidade alternativa.
Eymael e João Goular Filho estão ali, na disputa, mas parece que ninguém sabe.

Escolher não é fácil. Mas com critérios e pensando um pouco, poderemos chegar à conclusão de que temos sim, alguém que possa receber a tarefa de governar o país pelos próximos 4 anos, não para ser um salvador da pátria, alguém perfeito. Mas um presidente responsável, honesto, íntegro, competente e que possa levar esta nação mais alguns passos mais adiante.

Não abra mão de ser parte desta escolha. 

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segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Eleições 2018 - O Melhor para o Brasil, e não para mim


Quando formos escolher, não apenas o presidente, mas os deputados federais, os estaduais de uma forma especial, os senadores e governadores, é necessário entendermos que o que deve nortear nossa escolha não deve ser, jamais, o possível benefício pessoal que esse governante possa trazer para mim ou para o grupo ao qual eu pertenço, se isso significar prejuízo de outros.
A famosa venda de votos, quando alguém troca uma “dentadura” ou cesta básica (ou bolsa família) por votos, é uma maneira de votar pensando no benefício próprio. O mais cruel disso tudo é que, no caso de necessidades básicas (comida, água em terras áridas etc.), muitos governantes fazem de tudo para manter as pessoas com as mesmas necessidades, impedindo-as de avançar em direção a um progresso pessoal, para que, estando elas numa situação de fragilidade social, possam sempre ser controladas pelas mesmas promessas ou mesmo que se cumpram com tal promessa, mas mantendo-as nesta mesma situação de fragilidade, anos a fio, a fim de poder continuar usando as mesmas pessoas como eleitores escravos, que mantém uma necessidade (enquanto poderiam vencer esta dificuldade) para continuar pedindo votos.
Mas a pessoa que dá o seu voto em troca de um benefício particular ou para seu pequeno grupo (com o devido desconto a essas pessoas em situação de extrema fragilidade), sem pensar no “bem maior”, ou no benefício do país como um todo, está colaborando para a piora do país. Embora eu defenda a ideia de que devemos votar naquele cadidato que está de acordo com o que pensamos, essas mesmas ideias não podem ser benéficas apenas para poucos, se muitos forem prejudicados para que elas se tornem realidade. Então, neste caso, talvez primeiro eu tenha que mudar minha forma de pensar para depois me alinhar a algum candidato que pense mais no país, como um todo.
Seu eu votar em alguém apenas porque medeu alguma coisa, então além de cometer crime eleitoral de venda de votos, então sou também parte do problema e não da solução. Mas se eu votar em alguém que defende algo bom para o Brasil, mesmo que isso exija de mim alguns sacrifícios, ou me traga algum prejuízo pessoal, ainda que traga benefícios para todos, então aí sim estarei escolhendo para um bem maior que, com certeza, a longo prazo, voltará para mim em benefício, porque todos serão beneficiados.
Vamos votar não apenas pensando em nós mesmos, mas nos nossos filhos e netos.



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segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Eleições 2018 - Responsabilidade ao fazer e cumprir as leis


De todas as características que um governante deve ter, considerando honestidade, integridade, competência e tantas outras talvez, no exercício do poder enquanto representante de 207 milhões de brasileiros, a mais importante seja a RESPONSABILIDADE. Em todos os sentidos. Executar a tarefa com noção clara do que está fazendo. A competência é pré requisito para exercer com responsabilidade, porque não há como ser responsável se não souber sequer o que se espera dele e como deve exercer a tarefa que lhe foi designado.
A honestidade é a irmã gêmea da responsabilidade. E a integridade é a responsabilidade a longo prazo. Mas é necessário que quem ocupa um cargo representativo de outras tantas pessoas, saiba e tenha noção da responsabilidade que é responder por aquelas tantas pessoas.
Quem estará no cargo precisa entender que não pode fazer as coisas do jeito que quer, mas responde a milhões de cidadãos-eleitores que os colocou ali. Essa noção de que deve uma resposta é a responsabilidade. A noção de que governa para todos e não para si mesmo, seus parentes e amigos ou para pequenos grupos.
A responsabilidade irá fazer com que os congressistas não criem leis em benefício de pequenos grupos, os quais pagam ou pressionam para que assim o façam, enquanto estas mesmas leis prejudicam outros tantos país afora. Neste contexto, ficar inventando leis de pagamento de benefícios para pequenos grupos precisa ser pensada no fato de que o dinheiro deverá ser tirado de outros tantos para pagar esta conta. Criar uma lei assim, sem o devido respaldo monetário, sem ser pensada corretamente, é uma grande irresponsabilidade. No Brasil, muitas leis já foram criadas dessa forma, apenas para satisfazer a vontade de alguns, em algum momento, sem pensar nas consequências. Muitos irresponsáveis já criaram leis com o fim de agradar pequenos grupos dispostos a exercer pressão para ter seus “benefícios” em detrimento de outros. Muita irresponsabilidade já foi feita nesse Brasil.
A responsabilidade de um governador não irá permiti-lo fazer obras e mais obras sem olhar o caixa disponível, sem planejamento correto, colocando seu estado em dívidas que o impeçam, no futuro, de garantir que tudo continue funcionando. Rio de Janeiro que o diga. São Paulo já passou por isso também. Já tivemos governadores que aqui passaram, cujo lema era “rouba mas faz” que, além de roubar, ainda deixou dívidas para o estado. Já tivemos governador passando mais da metade de um mandato só pagando dívidas de governador anterior. Bendita lei da responsabilidade fiscal, que não permite que se gaste além da conta. Cada um gasta o que pode pagar. Parece meio básico. É questão de responsabilidade, mas nem todos estão dispostos a cumprir.
Candidato que faz promessas mirabolantes, que não têm dinheiro para pagar, pode ter certeza: ou não vão cumprir, ou irão desfalcar alguma área para agradar os pequenos grupos com quem tem alguma dívida. Ou seja, devemos ouvir as propostas e procurar saber de onde virá o dinheiro para cumpri-la. Só quem tem essa seriedade, pode ser considerado responsável para governar um país, um estado, para criar leis. Parlamentares que criam leis sem saber como poderão pagar por elas são irresponsáveis. Não devem ser eleitos.
Vamos eleger candidatos responsáveis e exigir essa responsabilidade no cumprimento do seu mandato. Será um ponto crucial para melhorar o Brasil.



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segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Eleições 2018 - Vamos escolher direito


Não existe salvador da Pátria. Nenhum presidente irá resolver tudo. E nós, o povo, somos parte da solução. Temos de participar junto para resolver, pouco a pouco, o que precisa ser resolvido. Mas alguém será escolhido próximo dia 7 de outubro. Precisamos aprender a escolher de forma mais objetiva, mais criteriosa.
Uma característica muito importante desta eleição é a ausência dos marketeiros. Aqueles que nas últimas eleições, como magos do ilusionismo, e em troca de muito dinheiro vindo (agora sabemos) de desvios de verbas, transformavam pinguços em verdadeiros heróis. Marketeiros que como mágicos preocupavam-se com a imagem a ser transmitida para o público, sem se preocuparem tanto com a verdade que sustenta a imagem. E, quando mais recentemente, a verdade veio à tona, a imagem ruiu.
Mas nestas eleições não vemos tanto os marketeiros. Os candidatos, embora não tão bonitos, soam mais autênticos. Pelo menos naquilo que são. Ninguém se preocupando em ganhar imagem com ternos bonitos ou discursos ensaiados. Nem maquiando dados e informações, como já ocorreu no passado.
Precisamos mais disso. Ao escolher candidatos, precisamos ter alguns critérios, algumas ideias concretas e objetivas que nos direcionem nas escolhas. As emoções que são manipuladas muito bem pelos candidatos orientados pelos marketeiros não devem direcionar nossas escolhas. As frases ensaiadas, de fundo emocional, não devem ser usadas para determinar nossas escolhas.
Autenticidade deve ser uma das características que deveríamos buscar para o próximo presidente, deputado, governador. Ainda que não seja o que queremos, desde que, pelo menos, ele seja realmente o que diz e mostra que é, não apenas uma imagem que deseja passar. Isso já ajuda muito.
Honestidade pode ser medida pela história de vida do candidato, seja vida pública ou privada. E é uma característica essencial e indispensável. Por favor, brasileiros, NÃO VOTEM, EM HIPÓTESE NENHUMA, em quem é condenado, denunciado, investigado, suspeito etc. Ah, alguns dirão, mas ele ainda não foi condenado. Ok, então que ele tenha tempo para se dedicar a se defender e rever em sua conduta que tipos de atitudes o levaram a ser suspeito. Se não é culpado, será que não foi omisso, cúmplice ou incompetente o suficiente para parecer culpado. Que se dedique a gastar os próximos 4 anos corrigindo as próprias atitudes que o colocaram sob suspeita, e não ganhando um um salário do nosso dinheiro, ocupando um cargo que não terá plena condições de exercer, por causa das suspeitas que pairam sobre sua cabeça. Alguém honesto é necessário.
Competente também é uma necessidade para um servidor público. E principalmente para reunir e gerir uma equipe de trabalho que possa ajudar o Brasil nos próximos passos. Não precisa ser alguém que saiba tudo. Isso não é possível. Nem perfeito. Sendo um ser humano, vai cometer erros, com certeza. Mas alguém que saiba o suficiente e trabalhe de forma correta e também saiba reconhecer seus limites para pedir auxílio e seus erros para corrigi-los. Mas, acima de tudo, no que se refere à competência, que busque sempre aprender e superar os próprios limites.
Histórico ilibado na política e vida social. De novo, não dá para exigir perfeição. Mas, ao olhar para o histórico, se percebermos algum erro, que seja isolado. Aquelas pessoas que cometem erros recursivos, repetidos, do mesmo tipo de forma constante e insistente não podem chegar agora e falar que vão mudar tudo de uma hora para hora. Erros todos cometemos. Mas a virtude está em reconhece-los e corrigi-los. Uma história com a presença constante dos mesmos erros, ao longo dos anos, não pode ser aceita atualmente.
Vamos ter alguns critérios claros na hora de votar e fazer isso da forma correta.



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segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Eleições 2018 - Não existe salvador da Pátria


Este é uma mania do povo. Das pessoas. Do povo brasileiro. Achar que existe alguém que poderá, como num passe de mágica, resolver todos os problemas. Esse seria apenas Deus. Mas entre nós, dentre os mortais, não há alguém assim. Mas o povo insiste em terceirizar suas responsabilidades e, quando as coisas ficam difíceis acabam por tentar encontrar, às vezes desesperadamente, alguém que possa salvá-los de suas próprias escolhas. De novo, tentando dar para alguém a posição que somente Deus poderia ocupar. Mas o povo insiste.
Estamos próximos das eleições presidenciais. Depois de 30 anos de redemocratização, 2 impeachments, sendo o mais recente da última presidente que havia sido eleita, nas últimas eleições, depois do plano real e de vencer a inflação, depois da internet e do advento das redes sociais, depois de termos 1 copa e 1 olimpíadas realizadas aqui num intervalo de 2 anos, depois da prisão de muitos medalhões da política e empresários, teremos mais uma eleição presidencial.
Passamos, como brasileiros, por muitas coisas neste tempo. Aprendemos muito. Mas ainda temos muito que aprender. Principalmente o fato de que não devíamos votar com aquela esperança de que estaremos escolhendo alguém que vai resolver tudo. De que finalmente encontramos o salvador da Pátria. Isso não existe. Não encontraremos jamais alguém assim, porque não existe. Mas já deveríamos ter crescido o suficiente para entender que não deveria ser esse o objetivo de um presidente. O Brasil é um país com muitos problemas. Talvez o principal deles seja a forma de pensar do povo, como um todo. E por causa de tantos problemas, muitos procuram alguém que dê um jeito nestes problemas.
Mas o máximo que um presidente consegue fazer, se for muito competente e bom, é manter as coisas em ordem e melhorar 1 ou 2 características importantes no Brasil. Como fez Itamar Franco com o Plano Real (o ministro da fazenda da época era o Fernando Henrique, que deu continuidade ao plano quando foi eleito). Ou como fez o próprio Collor com a abertura de mercado. Ou o Lula, com a solidificação dos projetos sociais. Cada um dando sua contribuição em alguma área. O que não isentou nenhum deles de seus erros. Como Collor com as manipulações e corrupção, Fernando Henrique com a recessão, Lulla com a compra do Congresso. E claro, estou sendo muito conciso em tudo isso. A lista é muito longa pra falar tudo aqui.
Nosso próximo presidente, os próximos congressistas, governadores precisam ser competentes. Precisam ter boas características. Mas não serão a solução para tudo. Se pelos próximos 4 anos conseguirem resolver definitivamente alguns dos problemas, já será ótimo.
Não vamos esperar que salvem o Brasil. Mas, nem por isso, vamos também ignorar a importância disso e escolher “qualquer um”. Vamos escolher direito.



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domingo, 26 de agosto de 2018

Eleições 2018 - Faltam 6 semanas


Apenas mais 6 semanas para as eleições no Brasil. Será quando escolheremos Presidente da República, senadores, governadores, deputados federais e estaduais. Talvez a mais importante das eleições desde a redemocratização do Brasil. Não porque outros tempos não fossem importantes, mas por tudo o que tem acontecido no Brasil nestes últimos anos, talvez esse seja um momento como nunca vimos no Brasil. Em parte pelo fato de já termos passado 30 anos depois da redemocratização, tempo suficiente para muita coisa acontecer, para amadurecer, para deixar de lado as fantasias e ilusões, talvez por isso este seja um tempo de rever e ajustar muita coisa.
Também porque, em tempos de mídia digital, redes sociais, internet, o centro gravitacional das comunicações tem alterado muita coisa. Aquele candidato que era “adotado” ou “rejeitado” por uma grande emissora que, mediante a seleção das notícias a serem divulgadas e da maneira como as divulgava, poderia influenciar os resultados das eleições, já não acontece como antes. Muito mais pulverizado em termos de informações a serem dadas, não é tão fácil hoje em dia para que um grande veículo escolha o que quer falar. A informação ganhou vida própria, sendo disseminada por muitos. Nem sempre isso é bom, considerando as notícias falsas, mas os ganhos são maiores, agora que não temos apenas 1 ou 2 grupos monopolizando e manipulando a informação.
O povo brasileiro, pouco a pouco, também começa a perceber que não pode ser alheio à política. As consequências do que lá acontece o povo sofre, participando ou não. Para aqueles que acham que é melhor não votar em ninguém, anular o voto etc., lembre-se que alguém será escolhido e esse alguém irá decidir o que acontece na sua vida, mesmo que você depois diga que não ajudou a escolher esse ou aquele. Mas a maioria já está percebendo isso e a disposição em participar e entender que precisamos fazer nossas escolhas de forma responsável tem aumentado e isso é outra das mudanças que torna essa eleição muito importante.
Temos visto ultimamente algo que nunca havíamos visto no Brasil. Poderosos, pessoas influentes sendo presas. Pessoas que antes eram intocáveis agora são julgadas, condenadas e presas! Realmente alguma mudança está ocorrendo. E isto também torna esta eleição diferente.
Chegamos neste momento. Hoje, domingo, 26 de agosto, estamos a 6 domingos das eleições. Todos temos a responsabilidade de escolher os nossos representantes. Não existe salvador da pátria. Não há ninguém perfeito. Mas temos a responsabilidade de escolher alguém que tenha condições de levar o Brasil mais à frente, não para trás. Honestidade, integridade, boa equipe de trabalho, vontade de trabalhar e de fazer o melhor pelo Brasil são, pelo menos, algumas das características que devem ser buscadas para aqueles que vão servir ao Brasil como governantes.
Vamos escolher com responsabilidade.



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segunda-feira, 2 de julho de 2018

Tudo sempre igual


Nada do que foi, será igual ao que a gente viu há um minuto. Tudo passa, tudo sempre passará.
Bem, quando o menestrel brasileiro entoou essa balada, acho que a política não passava pela sua cabeça. Pelo menos não a questão do caráter dos políticos brasileiros. O que será que acontece com essa classe, no Brasil, tão honrada em muitos países ao redor do mundo, mas tão vil por aqui?
Na Europa, alguns países trabalham com os políticos sem salários. Quem deseja servir ao povo, governando, tem de fazer isso por vocação. Acho que a disputa lá não é tão acirrada, com muitos candidatos para o mesmo cargo. Talvez lá alguns aposentados, pessoas experientes, com um salário vindo do suor do seu rosto, fruto de muitos anos de trabalho para auxiliar na riqueza do país possam ser políticos.
Aqui, até quem não tem experiência nenhuma, quem não tem estudo nenhum pode ser político. Me chamem de preconceituoso, mas não é um problema colocar pessoas sem preparo suficiente para posições tão importantes? Ou será que ninguém considera como importantes os cargos ocupados por deputados, senadores, vereadores etc.? Claro que isso não desmerece nem ignora a necessidade de integridade, honestidade, competência e por aí vai.
Em muitos lugares, o povo trabalha pelo enriquecimento do país, por amor ao lugar onde nascem. O trabalho que cada um faz, o tempo dedicado ao enriquecimento pessoal faz com que o país também enriqueça. Por aqui, há um grupo que, em vez de trabalhar pelo enriquecimento do país com esforço, prefere que o país se esforce para que eles se enriqueçam. Preferem que o povo pague mais impostos para custear os desmandos de uma classe que tem o poder de aumentar o próprio salário, seja por vias diretas ou por indiretas.
Eles não amam o Brasil.
Tenho dúvidas se são brasileiros.
E a constituição é clara: para ocupar cargos eletivos, precisa ser brasileiro, mesmo que naturalizado. Já vi muitos estrangeiros, naturalizados brasileiros amarem mais nosso país dos que os nativos. Bem, é explicável. Se muitos saem de seus países de origem e vêem para cá, é porque daqui gostam. Amam o Brasil. Esses de Brasília, que aumentam o próprio salário (por meios legais ou não), não amam o Brasil. São antes mercenários, que ocupam cargos a fim de se beneficiarem, sem qualquer intenção de governar para o povo e pelo povo.
Talvez a resposta esteja na história do Brasil. O fato de como muitos vieram para cá para fugir das responsabilidades em Portugual. Mas isso é história, isso é uma outra história. Por enquanto, fica o desafio a todos nós, brasileiros de coração: precisamos eleger pessoas que amem o Brasil e não sejam mercenários. Só assim para o Brasil ter riquezas e voltar a crescer.




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segunda-feira, 25 de junho de 2018

País laico (continuação)


Para entender como funciona essa parceria, vamos a alguns exemplos práticos. No Brasil, o país era oficialmente católico durante o Império. Foi na Proclamação da República e promulgação da constituição de 1890 que o Brasil deixou de ser oficialmente católico.
Os primeiros evangélicos chegaram ao Brasil por volta de 1850. Mas, durante este período, não puderam usar os cemitérios católicos para enterrar seus mortos, nem faziam os registros de nascimento, nem os casamentos eram válidos perante a lei. Só em 1861, através do decreto 1144, é que os casamentos religiosos tiveram efeito civil. Só 2 anos depois, pelo decreto 3069, é que pastores de religião não católica puderam realizar casamentos com efeito civil. Foi só 11 anos depois (1874), pelo decreto 5604, que houve regulamentação dos registros civis de nascimentos, casamentos e óbitos. Ou seja, até aqui, estes registros eram oficialmente feitos pela igreja católica, de onde o governo obtinha sua informação nestes aspectos. E somente em 1888, pouco antes da abolição da escravatura, e 1 ano antes da Proclamação da República, pelo decreto 9886, é que se fez cessar os efeitos civis dos registros eclesiásticos, surgindo o Registro Civil, que sequer existia antes. São exemplos simples, nos quais mostra a parceria entre estado e igreja, deixando a cargo desta o cuidado de algumas situações que deveria o governo cuidar. No Brasil, as consequências não foram tão graves. Ainda assim, evangélicos foram perseguidos e alguns de seus mortos não puderam ser enterrados em cemitérios católicos, não podendo ter um sepultamento. Só depois o governo assume, de forma neutra, esse tipo de tarefa.
Agora, imagine no país atual, com mais de 200 milhões de habitantes, com mais de 50 milhões declarando outra religião que não a católica. Imagine se os filhos dos não católicos não pudessem ir à escola. Ou não pudessem ter um casamento válido. Ou registro de nascimento que não fosse feito através do batismo na igreja oficial. Muita gente teria de decidir se seria um cidadão ou seguir sua fé.
País laico é quando o governo faz sua parte e não há esse tipo de parceria com a igreja.
Num país de regime eclesiástico, os líderes religiosos (sacerdotes, padres, pastores etc.) podem até mesmo ser funcionários públicos, recebendo salários do governo, subsidiados por impostos da população e receberem todos os privilégios e proteção que essa posição lhes permite ter. Claro que a religião não oficial não tem nada disso. Aliás, geralmente (como ocorreu no Brasil, naquele período), a religião não oficial acaba tendo que optar por um culto escondido.
Em alguns países radicais (como estados de maioria islâmica hoje em dia), uma pessoa que não seja da religião oficial pode até ser morta pelo governo como traidora, porque está seguindo outra religião!

Isso é a questão da laicicidade. Ser laico não significa não poder expressar a fé. Ser laico é dar igualdade de direitos cívicos a todos os habitantes do país, independente de sua crença e não permitir essas questões interferirem uma na outra.

Pelo contrário, nossa constituição garante a todas as expressões religiosas o direito de expressar sua fé. Um habitante dizer que é cristão evangélico, por exemplo, e defender sua fé, em qualquer lugar, é um direito garantido. Ele continua sendo um cidadão com plenos direitos como qualquer outros, que expresse qualquer outro tipo de religião. Num país laico, qualquer pessoa pode divulgar sua fé. Inclusive alguém que seja funcionário do governo, porque sua posição funcional não está acima de sua fé, de sua crença. E, assim como qualquer pessoa pode difundir sua fé em qualquer lugar, inclusive no local de trabalho, desde que não atrapalhe a execução do seu ofício e de suas responsabilidades, então é permitido divulgar a fé pessoal para qualquer pessoa que queira ouvir, em qualquer lugar. Divulgar a fé não é o problema. É inclusive um direito assegurado na constituição.


Lucas Durigon







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segunda-feira, 18 de junho de 2018

País Laico


O Brasil, hoje é um país laico. Isso é muito bom. Embora poucos entendam realmente o que isso significa. A separação entre igreja e estado é um princípio importante tanto para a cidadania quanto para a vida religiosa. É bom que muitos saibam que quem mais lutou para que isso acontecesse, primeiro na Europa, foram os protestantes, particularmente um grupo de anabatistas, embrião desta bandeira e que, por isso, foram perseguidos por católicos e protestantes de outras vertentes na época.




Pode parecer estranho para alguns que um grupo religioso tenha lutado para separar a igreja do estado. Mas isso é justamente porque não se entende o que significa essa separação. Vou tentar explicar de forma bem resumida. Milênios de história em alguns parágrafos.
Quando os seguidores de Jesus iniciaram o cristianismo, não passavam de um grupo de seguidores (aos olhos do governo) que, algumas vezes, precisava ser repreendido. O tempo passou, o “grupinho” cresceu e tornou-se uma ameaça ao império romano. Tentaram exterminá-lo. No séc. IV, o imperador Constantino declarou o cristianismo a “religião oficial” do império, para praticar aquele velho adágio “se não pode vencê-los, junte-se a eles”. Então começaram os problemas para o cristianismo. Ao declarar uma religião oficial, ogoverno está dizendo que as outras religiões e seus seguidores perdem os direitos de cidadão. A partir dali, para ser um cidadão romano pleno, além de obediência ao imperador e suas leis cívicas, também havia a necessidade de se declarar um cristão. E, contrário ao principal ensinamento do cristianismo, pelo qual se torna um seguidor pela fé e consciente e racional decisão pessoal, a partir de agora os seguidores se tornavam pelo interesse em manter seus direitos civis, independente de sua fé pessoal. Foi isso que contaminou a igreja por séculos, até a Reforma Protestante.
Agora as pessoas eram cristãs não porque criam (do fundo do coração) em Jesus, o Cristo. Mas porque não se declarar cristão significa ser um cidadão de segunda categoria. Em alguns estados, em alguns lugares, o seguidor de uma religião não estatal, não oficial, é considerado um traidor (podendo receber pena de morte, em alguns lugares), ou não é considerado um cidadão, portador dos direitos civis.
Isso era ruim para o cristianismo porque agora seus seguidores não mais seguiam o cristianismo movidos pela essência que caracteriza o cristianismo (a fé voluntária e por decisão puramente pessoal), mas sim movidos pelo interesse a uma posição de cidadão.
E assim andou o império romano em toda idade média, no milênio que compreende entre o séc. IV e o XVI. Neste meio tempo surgiu o islamismo (séc. VII) e, em virtude disso, ocorreram as cruzadas (sécs. XI e XII), uma mancha no cristianismo, que explica muito do ódio dos muçulmanos contra os cristãos até hoje em dia. Os papas também surgiram nesta época (séc. VI). Neste período também inclui-se a inquisição, as indulgências e toda a decadência moral da igreja, apenas a católica, que se tornou oficial desde que Constantino assim declarou o cristianismo.
Pré-reformadores e vários nomes de verdadeiros cristãos tentaram, durante este período mostrar o erro da igreja, causado principalmente pela sua união com o governo deste mundo. Francisco de Assim, John Wycliff, John Huss e outros foram luz em meio às trevas neste período, em alguns casos pagando com suas vidas por isso.
Neste tempo, o império romano sofreu seu declínio (entre a queda do império romano do ocidente em 476 e o império romano do oriente em 1453). Ao mesmo tempo que o império romano diminuia sua influência no mundo, os muçulmanos cresciam, a igreja católica crescia em influência no mundo, inclusive com influência política, uma vez que era a religião oficial de todo o império romano, espalhado pelo mundo civilizado de então. Os cargos da igreja católica, como bispos e arcebispos, bem como o próprio papa já não eram cargos apenas eclesiásticos. Ter um cargo destes dava ao seu detentor poderes políticos de influência na região onde estava, e muito queriam ter esse cargo para poder aproveitar os benefícios que esse poder e influência temporal lhe permitiam ter. Cargos de bispos deixaram de ser algo escolhido pela igreja como resultado de alguém que fosse vocacionado segundo os padrões bíblicos e passaram a ser negociados como moeda de influência política e poder. Os cargos eram comprados e vendidos pelos interessados e por quem tivesse dinheiro para isso. Definitivamente, a fé e a vocação para o serviço a Deus deixaram de ser critérios para ocupar estes cargos.
Agora os líderes religiosos tinham influência política. Muitas vezes mais do que as próprias autoridades seculares. E a igreja católica não deixou de usar essa influência. Enquanto o império romano diminuía, a igreja católica crescia em influência no mundo temporal. Na Europa, os bispos mandavam mais do que os reis em muitos lugares. E, claro, impedia também a renovação da igreja, pois o poder temporal fazia com que também desejassem manter o poder religioso e sua influência sobre as pessoas.
Com tudo isso, ao ocorrer a reforma protestante, a insatisfação de alguns príncipes e líderes políticos com o domínio católico fizeram com que eles desejassem romper com a igreja católica, estabelecendo parcerias com a nova igreja reformada, que recebia proteção militar e econômica destes líderes políticos, em troca do apoio, perante o povo de suas lideranças. Este é um dos motivos porque os reformadores não trataram da questão do batismo infantil. Mas, para a igreja, a parceria só mudou de endereço. No lugar da igreja católica com o império romano, já em decadência, eram os protestantes com alguns novos líderes. Mas ainda a igreja permanecia ligada ao estado. O poder espiritual atrelado ao poder temporal. A liderança espiritual em codependência com a liderança política e secular.


continua...


Lucas Durigon


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segunda-feira, 11 de junho de 2018

Jogador de futebol é herói ?



A copa está chegando. As eleições também. Vivemos essa “dobradinha” faz bastante tempo. E, para minha felicidade, desde a última, o brasileiro começou a pender a balança mais para as eleições do que para a copa. Não era assim. Até as eleições de 2010, você via um clima falando de Copa do mundo já logo depois do carnaval. Meio que emendava uma coisa na outra. Na conhecida estratégia do imperador romano de pão e circo, aqui o povo só vivia disso. E, para lamento de nossa nação, quando chegavam as eleições, quantas vezes ouvi pessoas na fila dizendo que ainda não sabiam em quem iriam votar, que “lá dentro” (na cabine de votação), decidiriam!!! Como assim???!!! Passava-se metade do ano falando de uma meia dúzia de partidas de futebol da seleção (a copa toda, para quem chega na final, tem 7 partidas!). Mas as eleições recebiam alguma breve atenção durante a campanha (uns 2 ou 3 meses antes da eleição em si), mas quase nenhuma atenção de verdade, já que muitos nem votavam (justificam, votam em branco ou nulo) ou até mesmo votam em qualquer um, decidindo na hora, como que na sorte (ou azar), uma verdadeira loteria, sem qualquer responsabilidade.
Ah.... mas o Brasil está mudado.
Hoje, falamos que herói são alguns membros do judiciário. Só alguns, tá. Os outros não! Não falamos mais em heróis de camisa verde e amarela, correndo atrás da bola. Conhecemos mais os 11 ministros do STF (os bons e os ruins) do que os 11 titulares da seleção. Que bom! Mudamos. Precisamos continuar mudando.
O problema não é assistir um jogo de futebol. De repente, a seleção de futebol não virou nenhuma vilã da história. Não tem problema divertir e descontrair um pouco. O problema era a ênfase e o verdadeiro fanatismo que a população rendia ao futebol de 4 em 4 anos. Totalmente desnecessário. Eu mesmo gosto de acompanhar a copa. Não acompanho futebol dos clubes (é demais pra mim, o ano todo, todo ano, ficar acompanhando um time no estadual, no brasileiro, libertadores, sulamericana etc etc etc). Então, pra mim, de 4 em 4 anos, só assistir aos jogos (quando possível), está de bom tamanho. Minha torcida resume-se a comemorar discretamente o gol e a possível vitória. A ficar atento no jogo, que só faço nesse período. Nunca gastei dinheiro com corneta, vuvuzela, camiseta, confete verde e amarelho ou o escambal. Nem perdi também um dia inteiro de trabalho por causa do jogo. O restante do horário do dia serve para trabalhar ou cuidar das obrigações da casa. O jogo dura, no máximo, 2 horas. Então, neste contexto, não acho problema divertir um pouco e voltar à realidade e às responsabilidades antes e depois disso.
Mas não era assim. O grande problema estava que a copa durava 6 meses. Para alguns, durava 4 anos, acompanhando todo o processo de preparo e eliminatórias. Mas as eleições, para a maioria dos braileiros, durava 2 meses (campanha na TV) ou apenas 5 minutos. Estava invertido. Estava errado. Não acertou tudo ainda, mas já começou.
Nas eleições de 2014 (quando a copa foi no Brasil), em 2013 começaram muitas demonstrações do povo que as coisas estavam mudando. E começamos a poder falar de política neste país nas rodas de conversa. Antes não se falava. Mais por desinteresse da maioria do que por medo de polêmica. Agora não. É um dos assuntos mais presentes no dia a dia do povo. De todas as classes, de todos os tipos. E isto é bom. Estamos começando a viver a democracia. Mas calma. Estamos só começando.
Agora, na copa de 2018 e nas eleições que seguem, posso dizer que passamos mais vivendo sobre a realidade do nosso país do que seguindo a chuteira dos 11 milionários. Acho que estamos entendendo que os jogadores não são heróis. Também não são vilões. Não é pra tanto. Estão só fazendo o seu trabalho. Vamos prestigiar o trabalho deles. Afinal, um bom jogo é bonito de se ver, não se pode negar. Mas o trabalho dura 2 horas. Ninguém vai ao circo ou ao teatro, assistir uma performance cultural e fica, depois, comemorando e falando sobre o evento pelos próximos 2 meses. No máximo uma conversa em família ou amigos, se o conteúdo do evento foi suficientemente recheado para merecer o tempo gasto com comentários.
Precisamos colocar as coisas no lugar.
Precisamos viver a realidade de nosso país, nosso papel na democracia no dia a dia. As eleições precisam durar 4 anos, não 2 meses. Precisamos dar a devida importância a cada situação. Os jogadores não são heróis. São da indústria do entretenimento. Estão lá para nos fornecer algumas horas de um bonito espetáculo. E que possamos apreciar. E pronto. Depois voltar à vida. Eles ganham (e muito bem) para fazer o trabalho deles. Não são líderes nesta nação. Alguns nem de exemplo servem para os jovens (mas aí, já acho que deveriam sim). Mas os jogadores insistem em se manter neutros e passivos a tudo quanto se diz sobre a vida da nação. Ninguém ali tem opinião. Ninguém tem postura sobre nada. Tudo bem. Opção deles. Que assim sejam considerados. Não heróis. Apresentadores de um bom espetáculo, com tempo de duração limitado. Uma copa, com duração total de 1 mês, com alguns jogos de 2 horas cada, pode até tomar este tempo de alguém. Não pode hipnotizar a pessoa pelo resto do ano.
Vamos divertir. Ver o espetáculo. Comemorar no momento (não precisa estender muito, né, principalmente em dia de trabalho). Mas depois, voltamos à realidade.
Que heróis somos cada um de nós, que mantemos esse país de pé. Heróis são os que lutam por um país melhor. Que arriscam a vida e às vezes a perdem por isso. Heróis são os que enfrentam os corruptos de peito aberto.
Aliás, perceberam, nestes últimos 4 anos, como o Brasil mudou? Grandes empresários e políticos na prisão! Isso não acontecia antes. O povo falando sobre tudo o que interessa realmente. Aprendendo sobre as questões políticas.
Heróis são os trabalhadores honestos, que não abrem mão de ganhar seu sustento da forma correta, sem se corromper. São médicos e profissionais da saúde que fazem de tudo para salvar vidas num sistema falido. São professores que se dedicam a instruir nossas crianças e jovens. São policiais que se arriscam a cada dia deixar seus cônjuges e filhos sem sua presença em prol de pessoas que nem conhecem para manter o mínimo de ordem. Heróis são os que trabalham no chão de fábrica, nos campos, no comércio, produzindo, fazendo a economia girar e o país continuar. Porque, se todos pararem, como seria?
Estão, vamos divertir com a copa este ano. Mas rapidinho, tá. Depois, um abraço para os jogadores, um agradecimento pelo momento de espetáculo (espero que pelo menos isso eles façam com o dinheiro que ganham) e voltamos à labuta diária de ser herói a cada dia. Aliás, já pensou se cada setor do Brasil recebesse o mesmo investimento que a CBF tem, como seria cada área desse país?



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segunda-feira, 4 de junho de 2018

Que legal! Só que não!


Procuram-se líderes

Já não existem mais aqueles líderes como antigamente. Se formos considerar o mundo político então, são uns coitados que mais precisam do povo do que o povo deles. Na verdade, eu acho que um político acaba tentando um cargo por motivos sociais. Acho que ele precisa do salário que passa a receber porque, com a competência que demonstram, talvez não consigam emprego em outra área. Deve ser um tipo de fuga, pra conseguir um salário. E olha que é o emprego dos sonhos. Eles têm o poder de definir o próprio salário. Principalmente os do poder legislativo, que são quem definem as leis.
Digo isso porque as reais funções de um vereador, por exemplo, não são mais cumpridas por eles. Vejam só:
Deveriam representar o povo que os elegeram. Não fazem isso. As coisas pelas quais eles legislam não tem, em sua maioria, interesse do povo em geral. Talvez desse ou daquele grupo de amigos ou influências. Mas não do povo como um todo.
Deveriam fiscalizar o executivo. Mas, convenhamos, ali é um jogo de compadre. O que eles chamam de “alianças políticas”, usando uma palavra que já foi sinônimo de algo bonito, de uma união em prol de algo bom, na verdade mais se parece com formação de quadrilha, pra ver o que fazer, ora pra encobrir as besteiras de um, ora para encobrir os crimes de outros. Fiscalizar mesmo, a execução das tarefas que deveriam ser feitas pelo executivo, não ocorre.
Deveriam criar leis. Mas eu acredito que estas leis criadas deveriam ser para o povo, em benefício da maioria, criadas com responsabilidade. Mas criam para benefício próprio ou de algumas pessoas ou pequenos grupos de seu interesse.
Também já perderam a noção da diferença entre legal X moral. Entre conivente e conveniente. Já não reconhecem legitimidade e legalidade.
Isso acontece pelo Brasil todos, em várias esferas. Mas vejamos dois exemplos recentes. Em maio de 2018, em plena paralização dos caminhoneiros, com crise de abastecimento. A Folha de São Paulo noticiou dia 31 de maio que a Câmara de Vereadores de São Paulo votou benefícios próprios que somados vão onerar em R$ 44 milhões por ano o orçamento de lá. Num período em que o Brasil ainda busca se recuperar de uma grave recessão, os vereadores de Limeira também acharam por bem gastar seu precioso tempo votando seu próprio aumento salarial e do prefeito! Tudo bem, o índice foi apenas a reposição inflacionária (2,84%), o mesmo oferecido aos outros funcionários públicos poucos meses antes. Nisto pode até parecer justo! Mas não é. O fato é que em outros aumentos anteriores, estes que têm o poder de aumentar os próprios salários o aumentaram mais do que os outros funcionários públicos. O fato é que um vereador, ganhando agora R$ 7968,84 (acho que ele precisava destes 200,00 de aumento, porque com os R$ 7748,77 anteriores acho que eles não estavam conseguindo fazer o supermercado), o fato é que ele ganha muito mais que a maioria dos professores por exemplo. E não tem a carga horária de um professor. E não realizam nada, se comparado às vidas formadas por um professor.
Quando, há 2 meses o funcionalismo público, através do sindicato, pediu 12% num ano de 2,84% de inflação, eu achei um absurdo bem descabido. Acabaram recebendo só a inflação mesmo. Tanto mais descabido é agora estes 21 senhores e senhoras do legislativo aprovarem na surdina, de forma sorrateira, como um ladrão ou alguém que tem vergonha do que está fazendo (e devem ter mesmo), um aumento em plena crise de abastecimento, enquanto a população está preocupada com outras emergências. Diga-se de passagem que nenhum destes senhores e senhoras se posicionou na cidade por causa da paralização dos caminhoneiros e consequentes problemas ocorridos por causa disto. Não fizeram nada. Mas o próprio aumento, sim!
Momento errado. Justificativa errada.
Não pela taxa. O índice está de acordo, dentro dos parâmetros. Mas é pela atitude. O momento que vivemos no Brasil caberia bem mais aos nossos líderes uma atitude, ainda que simbólica de congelamento ou diminuição dos salários. Até porque, diga-se de passagem, os vereadores (pelo menos a maioria) têm suas atividades extralegislativas como meio de sustento. Não são dependentes desta atividade para sobrevivência. E, se algum deles é, o salário, mesmo com uns 10% de redução, ainda seria bastante suficiente. Mas pedir esse tipo de atitude é pedir muito. Falta hoje em dia esse tipo de noção do “siga o mestre”, onde os líderes de uma comunidade, de uma cidade, dão o exemplo, para que se multiplique em atitudes semelhantes a fim de melhorarmos a condição geral. Não é só nesta questão do salário não. Falta exemplo em muita coisa.



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