segunda-feira, 20 de abril de 2020

Em quem podemos confiar?


Então quer dizer que 
não se pode confiar nos pastores, nos religiosos, 
mas se pode confiar cegamente na ciência??





Houve tempos que a palavra de um religioso era lei. Em muitos lugares, antes do estabelecimento de nações estado, com os poderes independentes, muito do que se fazia ou desfazia era ordenado por um clérigo. Aceitava-se sua palavra porque, já que ele representava Deus, então sua palavra devia ser a palavra do próprio Deus. E, era assim mesmo que devia ser. Um líder religioso devia e deve (até hoje) ter a noção que sua responsabilidade é grande, assim como deve ser grande sua ética, humildade e toda característica que torna um líder, verdadeiro líder.
E um verdadeiro homem de Deus é assim mesmo.
O problema é que muitos, ao longo da história, perceberam que esta posição de representante de Deus trazia muito prestígio e confiabilidade e passaram então, sem serem dignos de tal posto, a usurpar esta posição com o interesse de usufruir da reputação que este cargo oferecia. Neste caso, muitos se infiltraram, não sendo verdadeiros homens de Deus, mas passaram a assumir este posto e então levaram as pessoas à confusão, porque pensavam poder confiar neles, o que passou, com o tempo, a não ser verdade.
Mas isso não começou agora, como muitos podem estar pensando. Não é algo do nosso tempo, do nosso século. Nos templos bíblicos, certo homem viu que os discípulos de Jesus oravam e as pessoas recebiam o Espírito Santo e falavam em línguas, e este homem ofereceu aos discípulos dinheiro para obter este mesmo poder, esta mesma capacidade, que trazia muito prestígio e posição, características das quais os verdadeiros discípulos fugiam. Mas o homem que tentou obter isso com dinheiro foi repreendido e não conseguiu nada. Porque, de um verdadeiro seguidor de Cristo, não se usurpa este tipo de posição por dinheiro.
Depois disso, durante a idade média, quando toda Europa era comandada pela igreja católica, e quando os bispos e arcebispos eram os verdadeiros líderes políticos das cidades onde viviam, muitos almejavam e tentavam de todas as formas obter este cargo de bispo (mesmo sem ser um verdadeiro cristão), para poder usufruir do poder que neste cargo está embutido. O comércio deste cargo e a venda de título de bispo era comum neste época. Com o título, vinha o poder que eles queriam exercer a qualquer custo.
Mas a palavra de um líder religioso ainda valia muito.
Se dissessem que a terra era o centro do universo, por mais que observações astronômicas provassem o contrário, muitos continuariam acreditando que era assim, só porque os líderes religiosos diziam.
Faltou humildade para reconhecer erros. Faltou colocarem-se no próprio lugar, evitando falar de coisas que não entendiam. Faltou ética. Faltou muiiiita ética.
E então, veio o renascimento, o iluminismo, a idade das trevas ficou para trás. A ciência passou a ser a nova referência da verdade. Como reação a algo que tornou-se odioso, por se descobrir mentiroso, a ciência veio para tomar o lugar da religião, que mentia em troca de benefícios terrenos. Agora, o que um líder religioso falava, era duvidoso. Afinal, erraram em pontos cruciais. Afinal, descobriu-se que muitos fizeram afirmações apenas com propósitos pessoais. Afinal, descobriu-se que o interesse era mais pessoal do que na alma dos fieis ou na vida eterna. E, por terem sido desmascarados, perderam a credibilidade.
Não de uma vez. Não de uma hora para outra. Durou séculos.
Hoje em dia, para que algo seja verdade, não se ouve mais o que fala um líder religioso. Parece ser necessário atualmente dizer que a “ciência” comprovou que aquilo é verdadeiro. Até líderes religiosos hoje em dia se respaldam na dita “ciência” para definir o que é ou não é verdade.
E a ciência é, agora, o novo paladino da verdade.
E, no que tange a definir o que é verdadeiro, quando este é o objetivo, muitos buscam a palavra final da ciência. E os cientistas, não mais os líderes religiosos, são agora os que dizem “é” ou “não é”. E todos buscam agora o que eles têm a dizer a fim de saber se é verdade ou não.
Se a ciência diz que é, então é!!! Se diz que não é, então não é.
O problema é que a ciência também é feita por homens. Assim como a liderança religiosa. A ciência também é cercada pelas corrupções do gênero humano. O erro daquela não está ausente nesta. O pecado cerca e define o caráter de religiosos e cientistas. O pecado molda a ética de ambos. A cobiça (um pecado), o amor ao dinheiro (outro pecado, a raiz de todos os males), a sede de poder e tudo o mais cercam os cientistas humanos (até agora não conheci um cientista divino) tanto quanto os religiosos que um dia foram os referenciais da verdade.
E os cientistas têm, como aqueles outrora, seus interesses particulares, que muitas vezes sobrepõem-se aos interesses coletivos e humanos, numa acepção mais ampla.
Um cientista, que venha a descobrir a cura para o câncer por exemplo, que tenha uma família para sustentar e ganhe razoavelmente pouco, pode se ver tentado a aceitar uma proposta milionária para não divulgar a cura que descobriu (que beneficiaria milhões mundo afora). Afinal, ele (o cientista) e sua família, tem tantas necessidades que poderiam ser satisfeitas com aquele aporte milionário. E quem oferece este dinheiro, perderia muito mais dinheiro, se as pessoas que estão doentes e gastam fortunas com remédios que não curam, apenas aliviam o sofrimento, e são consumidos durante a vida do doente, durante 10, 20 ou 30 anos, e não param de gastar até a morte e são, portanto, os consumidores dos sonhos de qualquer indústria farmacêutica capitalista, estes mesmos empresários que vendem estes remédios que não curam, só aliviam, não gostariam que alguém pudesse ter um remédio que em 1 mês, ou 1 ano, já ficasse curado e não precisasse mais comprar.
Então, aquele cientista, paladino da verdade, mesmo que encontre a cura para uma doença destas, pode ser tentado a esquecer o assunto, se o futuro da sua família estiver garantido pelas empresas que ganham com a ausência de cura. Então, em pleno século XXI, quando a ciência, a tecnologia e a capacidade humana já foram capazes de tantas maravilhas, e considerando que o câncer (sua cura) é uma das buscas mais constantes e antigas das ciências médicas, fica difícil de acreditar num cientista quando vai à televisão e diz que ainda não há cura para isso.
Parece que todos acreditam, porque eles são, hoje, como os religiosos de outrora, os paladinos da verdade. Mas como aqueles, estes também se corrompem pelos interesses próprios.
Fica difícil dar credibilidade a todo e qualquer cientista, de forma acrítica, quando ficamos sabendo que alguns deles recebem verbas do governo, meses a fio, para sustentar uma equipe a chegar numa conclusão que diz que uma caixa é mais facilmente empurrada numa descida do que numa subida!!! Fica difícil, quando vemos o revezamento entre as ciências nutricionais, ora dizendo que o ovo, a carne de porco, o leite ou a soja são anjos em forma de alimento e pouco depois demonizam os mesmos alimentos, dizendo serem proibidos para o consumo. Fica difícil lidar com toda essa disparidade, contradição e falta de certezas.
A ciência não é infalível. A ciência também é feita de homens, humanos, permeados de interesses próprios. A ciência também erra, falha. A ciência também tira conclusões tendenciosas, pré estabelecidas através de suas pressuposições direcionadas.
O cientista também tem interesse em defender esse ou aquele ponto de vista. É preciso muita ética, mas muiiiita ética para manter a isenção verdadeira. O cientista também mascara o resultado de pesquisas para mostrar um perfil mais condizente com seus interesses.
Na ciência, falta humildade para reconhecer erros. Falta colocarem-se no próprio lugar, evitando falar de coisas que não entendem. Falta ética. Falta muiiiita ética.
Devemos sim confiar, tanto nos bons religiosos quanto nos bons cientistas. Levado a sério, ambas as posições contribuem para um mundo melhor. Se ocupadas pela escória da sociedade, ambas as posições têm poder altamente destrutivo!
Mas, para confiar, é preciso não ser cego. É preciso abrir o olho. O conselho bíblico é “examinar tudo, reter o que é bom”, e também nunca aceitar uma verdade de forma acrítica. Podemos passar tudo pela peneira e ver se realmente é como dizem que é. Tanto o cientista quanto o líder religioso.
Acho que a ciência, no seu devido lugar, tem muito a contribuir. A religião também. Ambas precisam de ética, humildade, seriedade e percepção que aquilo que fazem tem consequências.



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