segunda-feira, 4 de outubro de 2021

Isso se aprende na escola

Quando ainda estava completando o curso médio, fiquei sabendo que a matéria “Educação Moral e Cívica” tinha sido extinta. Não seria mais lecionada. Fiquei contente. Muitos na classe ficaram. Não tinha razão de ser, aprender este tipo de coisas. Os professores que tive desta matéria não tinham amor pela Pátria, nunca vi civismo ou moralidade exemplar neles. Alguns até citaram sobre os perigos e desvantagens do fumo! Seria esse o melhor que poderiam fazer?

Hoje não fico contente. Gostaria que tivéssemos essa matéria. Gostaria que pudéssemos ter noções, desde cedo, sobre “Educação Moral e Cívica”. Não aprender sobre datas de revoluções, sobre vitórias brasileiras em massacres latino-americanos. Não apenas decorar nomes de generais para a prova. Aprender algo mais perto sobre “Moral” e sobre “Civismo”. Acho muito mais moral ensinar sobre a paz do que sobre a guerra. É imoral regozijar-se com a guerra, pois nela, não há vencedores: todos perdem.

Tenho participado de algumas poucas conferências, tenho visto noticiários. Alguns dizem que é necessário ter aulas de religião na escola (já disse que discordo).

Outros dizem que urge haver educação para o trânsito desde cedo, para crianças.

Uma cultura de paz, que ensine sobre as desvantagens da guerra e ensine sobre a paz, é essencial ser semeada na vida de crianças. Ensinar a importância da preservação ambiental é necessária, para que a próxima geração não coloque o materialismo acima da vida.

Noções de convivência social, rejeição ao racismo (de todos os tipos), aos preconceitos, são essenciais. Muitos defendem que é necessário ensinar sobre a sexualidade aos adolescentes (não às crianças), para termos uma sociedade saudável em termos de informação.

Vimos muito sobre política, formas de exercer o poder, de reclamar os direitos, de sermos ouvidos: seria importante fazer a criança, o jovem, o adolescente aprender de cedo a importância da política na vida da sociedade.

E uma política intimamente ligada à ética.

Isso, a mim, parece-se mais com “moral”, com “civismo”. Que todos possam buscar um encontro com Deus, mas por decisão própria, por escolha própria. Mas que também possamos ensinar às nossas crianças e adolescentes sobre os limites da liberdade. Que haja liberdade: mas se um jovem, ao chegar aos seus 20 anos de idade, não tem noções de respeito ao próximo, como poderá respeitar as regras de trânsito? Como poderá não se indignar com cenas diárias de guerra? Como poderá respeitar e conviver com pessoas de outras raças?

Esse aprendizado não cai do céu. Precisa ser compartilhado, discutido, vivenciado, praticado. É necessário, urge mesmo que repassemos a crianças e adolescentes uma base de “Educação Moral e Cívica” para que possam decidir-se, no momento certo, a respeitar o próximo, a respeitar limites. Que possam sentir as mazelas da humanidade. E que possam sentir essa dor. Que jamais se conformem, que jamais se acostumem a ver morte e sangue, todo o dia, na televisão, nas ruas, na esquina de casa: isso tem que fazer chorar. Tem que fazer doer. Isso precisa dar um nó na garganta. Não pode passar por nós despercebido.

Não estou defendendo aqui que uma matéria a mais na escola irá resolver (nem a longo prazo) os problemas que estamos vendo e vivendo. Estou apenas jogando uma ideia. Seria muito bom repensar o papel da sociedade, como um todo, no futuro do nosso Brasil, do nosso planeta. Mas acho, sinceramente, que o fato de isso não ser solução, não justifica desconsiderar uma semente.

Aliás, se um agricultor esperasse que uma semente resolvesse o problema da fome no mundo, ele, em sã consciência, jamais plantaria aquela semente.


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