segunda-feira, 25 de junho de 2018

País laico (continuação)


Para entender como funciona essa parceria, vamos a alguns exemplos práticos. No Brasil, o país era oficialmente católico durante o Império. Foi na Proclamação da República e promulgação da constituição de 1890 que o Brasil deixou de ser oficialmente católico.
Os primeiros evangélicos chegaram ao Brasil por volta de 1850. Mas, durante este período, não puderam usar os cemitérios católicos para enterrar seus mortos, nem faziam os registros de nascimento, nem os casamentos eram válidos perante a lei. Só em 1861, através do decreto 1144, é que os casamentos religiosos tiveram efeito civil. Só 2 anos depois, pelo decreto 3069, é que pastores de religião não católica puderam realizar casamentos com efeito civil. Foi só 11 anos depois (1874), pelo decreto 5604, que houve regulamentação dos registros civis de nascimentos, casamentos e óbitos. Ou seja, até aqui, estes registros eram oficialmente feitos pela igreja católica, de onde o governo obtinha sua informação nestes aspectos. E somente em 1888, pouco antes da abolição da escravatura, e 1 ano antes da Proclamação da República, pelo decreto 9886, é que se fez cessar os efeitos civis dos registros eclesiásticos, surgindo o Registro Civil, que sequer existia antes. São exemplos simples, nos quais mostra a parceria entre estado e igreja, deixando a cargo desta o cuidado de algumas situações que deveria o governo cuidar. No Brasil, as consequências não foram tão graves. Ainda assim, evangélicos foram perseguidos e alguns de seus mortos não puderam ser enterrados em cemitérios católicos, não podendo ter um sepultamento. Só depois o governo assume, de forma neutra, esse tipo de tarefa.
Agora, imagine no país atual, com mais de 200 milhões de habitantes, com mais de 50 milhões declarando outra religião que não a católica. Imagine se os filhos dos não católicos não pudessem ir à escola. Ou não pudessem ter um casamento válido. Ou registro de nascimento que não fosse feito através do batismo na igreja oficial. Muita gente teria de decidir se seria um cidadão ou seguir sua fé.
País laico é quando o governo faz sua parte e não há esse tipo de parceria com a igreja.
Num país de regime eclesiástico, os líderes religiosos (sacerdotes, padres, pastores etc.) podem até mesmo ser funcionários públicos, recebendo salários do governo, subsidiados por impostos da população e receberem todos os privilégios e proteção que essa posição lhes permite ter. Claro que a religião não oficial não tem nada disso. Aliás, geralmente (como ocorreu no Brasil, naquele período), a religião não oficial acaba tendo que optar por um culto escondido.
Em alguns países radicais (como estados de maioria islâmica hoje em dia), uma pessoa que não seja da religião oficial pode até ser morta pelo governo como traidora, porque está seguindo outra religião!

Isso é a questão da laicicidade. Ser laico não significa não poder expressar a fé. Ser laico é dar igualdade de direitos cívicos a todos os habitantes do país, independente de sua crença e não permitir essas questões interferirem uma na outra.

Pelo contrário, nossa constituição garante a todas as expressões religiosas o direito de expressar sua fé. Um habitante dizer que é cristão evangélico, por exemplo, e defender sua fé, em qualquer lugar, é um direito garantido. Ele continua sendo um cidadão com plenos direitos como qualquer outros, que expresse qualquer outro tipo de religião. Num país laico, qualquer pessoa pode divulgar sua fé. Inclusive alguém que seja funcionário do governo, porque sua posição funcional não está acima de sua fé, de sua crença. E, assim como qualquer pessoa pode difundir sua fé em qualquer lugar, inclusive no local de trabalho, desde que não atrapalhe a execução do seu ofício e de suas responsabilidades, então é permitido divulgar a fé pessoal para qualquer pessoa que queira ouvir, em qualquer lugar. Divulgar a fé não é o problema. É inclusive um direito assegurado na constituição.


Lucas Durigon







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segunda-feira, 18 de junho de 2018

País Laico


O Brasil, hoje é um país laico. Isso é muito bom. Embora poucos entendam realmente o que isso significa. A separação entre igreja e estado é um princípio importante tanto para a cidadania quanto para a vida religiosa. É bom que muitos saibam que quem mais lutou para que isso acontecesse, primeiro na Europa, foram os protestantes, particularmente um grupo de anabatistas, embrião desta bandeira e que, por isso, foram perseguidos por católicos e protestantes de outras vertentes na época.




Pode parecer estranho para alguns que um grupo religioso tenha lutado para separar a igreja do estado. Mas isso é justamente porque não se entende o que significa essa separação. Vou tentar explicar de forma bem resumida. Milênios de história em alguns parágrafos.
Quando os seguidores de Jesus iniciaram o cristianismo, não passavam de um grupo de seguidores (aos olhos do governo) que, algumas vezes, precisava ser repreendido. O tempo passou, o “grupinho” cresceu e tornou-se uma ameaça ao império romano. Tentaram exterminá-lo. No séc. IV, o imperador Constantino declarou o cristianismo a “religião oficial” do império, para praticar aquele velho adágio “se não pode vencê-los, junte-se a eles”. Então começaram os problemas para o cristianismo. Ao declarar uma religião oficial, ogoverno está dizendo que as outras religiões e seus seguidores perdem os direitos de cidadão. A partir dali, para ser um cidadão romano pleno, além de obediência ao imperador e suas leis cívicas, também havia a necessidade de se declarar um cristão. E, contrário ao principal ensinamento do cristianismo, pelo qual se torna um seguidor pela fé e consciente e racional decisão pessoal, a partir de agora os seguidores se tornavam pelo interesse em manter seus direitos civis, independente de sua fé pessoal. Foi isso que contaminou a igreja por séculos, até a Reforma Protestante.
Agora as pessoas eram cristãs não porque criam (do fundo do coração) em Jesus, o Cristo. Mas porque não se declarar cristão significa ser um cidadão de segunda categoria. Em alguns estados, em alguns lugares, o seguidor de uma religião não estatal, não oficial, é considerado um traidor (podendo receber pena de morte, em alguns lugares), ou não é considerado um cidadão, portador dos direitos civis.
Isso era ruim para o cristianismo porque agora seus seguidores não mais seguiam o cristianismo movidos pela essência que caracteriza o cristianismo (a fé voluntária e por decisão puramente pessoal), mas sim movidos pelo interesse a uma posição de cidadão.
E assim andou o império romano em toda idade média, no milênio que compreende entre o séc. IV e o XVI. Neste meio tempo surgiu o islamismo (séc. VII) e, em virtude disso, ocorreram as cruzadas (sécs. XI e XII), uma mancha no cristianismo, que explica muito do ódio dos muçulmanos contra os cristãos até hoje em dia. Os papas também surgiram nesta época (séc. VI). Neste período também inclui-se a inquisição, as indulgências e toda a decadência moral da igreja, apenas a católica, que se tornou oficial desde que Constantino assim declarou o cristianismo.
Pré-reformadores e vários nomes de verdadeiros cristãos tentaram, durante este período mostrar o erro da igreja, causado principalmente pela sua união com o governo deste mundo. Francisco de Assim, John Wycliff, John Huss e outros foram luz em meio às trevas neste período, em alguns casos pagando com suas vidas por isso.
Neste tempo, o império romano sofreu seu declínio (entre a queda do império romano do ocidente em 476 e o império romano do oriente em 1453). Ao mesmo tempo que o império romano diminuia sua influência no mundo, os muçulmanos cresciam, a igreja católica crescia em influência no mundo, inclusive com influência política, uma vez que era a religião oficial de todo o império romano, espalhado pelo mundo civilizado de então. Os cargos da igreja católica, como bispos e arcebispos, bem como o próprio papa já não eram cargos apenas eclesiásticos. Ter um cargo destes dava ao seu detentor poderes políticos de influência na região onde estava, e muito queriam ter esse cargo para poder aproveitar os benefícios que esse poder e influência temporal lhe permitiam ter. Cargos de bispos deixaram de ser algo escolhido pela igreja como resultado de alguém que fosse vocacionado segundo os padrões bíblicos e passaram a ser negociados como moeda de influência política e poder. Os cargos eram comprados e vendidos pelos interessados e por quem tivesse dinheiro para isso. Definitivamente, a fé e a vocação para o serviço a Deus deixaram de ser critérios para ocupar estes cargos.
Agora os líderes religiosos tinham influência política. Muitas vezes mais do que as próprias autoridades seculares. E a igreja católica não deixou de usar essa influência. Enquanto o império romano diminuía, a igreja católica crescia em influência no mundo temporal. Na Europa, os bispos mandavam mais do que os reis em muitos lugares. E, claro, impedia também a renovação da igreja, pois o poder temporal fazia com que também desejassem manter o poder religioso e sua influência sobre as pessoas.
Com tudo isso, ao ocorrer a reforma protestante, a insatisfação de alguns príncipes e líderes políticos com o domínio católico fizeram com que eles desejassem romper com a igreja católica, estabelecendo parcerias com a nova igreja reformada, que recebia proteção militar e econômica destes líderes políticos, em troca do apoio, perante o povo de suas lideranças. Este é um dos motivos porque os reformadores não trataram da questão do batismo infantil. Mas, para a igreja, a parceria só mudou de endereço. No lugar da igreja católica com o império romano, já em decadência, eram os protestantes com alguns novos líderes. Mas ainda a igreja permanecia ligada ao estado. O poder espiritual atrelado ao poder temporal. A liderança espiritual em codependência com a liderança política e secular.


continua...


Lucas Durigon


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segunda-feira, 11 de junho de 2018

Jogador de futebol é herói ?



A copa está chegando. As eleições também. Vivemos essa “dobradinha” faz bastante tempo. E, para minha felicidade, desde a última, o brasileiro começou a pender a balança mais para as eleições do que para a copa. Não era assim. Até as eleições de 2010, você via um clima falando de Copa do mundo já logo depois do carnaval. Meio que emendava uma coisa na outra. Na conhecida estratégia do imperador romano de pão e circo, aqui o povo só vivia disso. E, para lamento de nossa nação, quando chegavam as eleições, quantas vezes ouvi pessoas na fila dizendo que ainda não sabiam em quem iriam votar, que “lá dentro” (na cabine de votação), decidiriam!!! Como assim???!!! Passava-se metade do ano falando de uma meia dúzia de partidas de futebol da seleção (a copa toda, para quem chega na final, tem 7 partidas!). Mas as eleições recebiam alguma breve atenção durante a campanha (uns 2 ou 3 meses antes da eleição em si), mas quase nenhuma atenção de verdade, já que muitos nem votavam (justificam, votam em branco ou nulo) ou até mesmo votam em qualquer um, decidindo na hora, como que na sorte (ou azar), uma verdadeira loteria, sem qualquer responsabilidade.
Ah.... mas o Brasil está mudado.
Hoje, falamos que herói são alguns membros do judiciário. Só alguns, tá. Os outros não! Não falamos mais em heróis de camisa verde e amarela, correndo atrás da bola. Conhecemos mais os 11 ministros do STF (os bons e os ruins) do que os 11 titulares da seleção. Que bom! Mudamos. Precisamos continuar mudando.
O problema não é assistir um jogo de futebol. De repente, a seleção de futebol não virou nenhuma vilã da história. Não tem problema divertir e descontrair um pouco. O problema era a ênfase e o verdadeiro fanatismo que a população rendia ao futebol de 4 em 4 anos. Totalmente desnecessário. Eu mesmo gosto de acompanhar a copa. Não acompanho futebol dos clubes (é demais pra mim, o ano todo, todo ano, ficar acompanhando um time no estadual, no brasileiro, libertadores, sulamericana etc etc etc). Então, pra mim, de 4 em 4 anos, só assistir aos jogos (quando possível), está de bom tamanho. Minha torcida resume-se a comemorar discretamente o gol e a possível vitória. A ficar atento no jogo, que só faço nesse período. Nunca gastei dinheiro com corneta, vuvuzela, camiseta, confete verde e amarelho ou o escambal. Nem perdi também um dia inteiro de trabalho por causa do jogo. O restante do horário do dia serve para trabalhar ou cuidar das obrigações da casa. O jogo dura, no máximo, 2 horas. Então, neste contexto, não acho problema divertir um pouco e voltar à realidade e às responsabilidades antes e depois disso.
Mas não era assim. O grande problema estava que a copa durava 6 meses. Para alguns, durava 4 anos, acompanhando todo o processo de preparo e eliminatórias. Mas as eleições, para a maioria dos braileiros, durava 2 meses (campanha na TV) ou apenas 5 minutos. Estava invertido. Estava errado. Não acertou tudo ainda, mas já começou.
Nas eleições de 2014 (quando a copa foi no Brasil), em 2013 começaram muitas demonstrações do povo que as coisas estavam mudando. E começamos a poder falar de política neste país nas rodas de conversa. Antes não se falava. Mais por desinteresse da maioria do que por medo de polêmica. Agora não. É um dos assuntos mais presentes no dia a dia do povo. De todas as classes, de todos os tipos. E isto é bom. Estamos começando a viver a democracia. Mas calma. Estamos só começando.
Agora, na copa de 2018 e nas eleições que seguem, posso dizer que passamos mais vivendo sobre a realidade do nosso país do que seguindo a chuteira dos 11 milionários. Acho que estamos entendendo que os jogadores não são heróis. Também não são vilões. Não é pra tanto. Estão só fazendo o seu trabalho. Vamos prestigiar o trabalho deles. Afinal, um bom jogo é bonito de se ver, não se pode negar. Mas o trabalho dura 2 horas. Ninguém vai ao circo ou ao teatro, assistir uma performance cultural e fica, depois, comemorando e falando sobre o evento pelos próximos 2 meses. No máximo uma conversa em família ou amigos, se o conteúdo do evento foi suficientemente recheado para merecer o tempo gasto com comentários.
Precisamos colocar as coisas no lugar.
Precisamos viver a realidade de nosso país, nosso papel na democracia no dia a dia. As eleições precisam durar 4 anos, não 2 meses. Precisamos dar a devida importância a cada situação. Os jogadores não são heróis. São da indústria do entretenimento. Estão lá para nos fornecer algumas horas de um bonito espetáculo. E que possamos apreciar. E pronto. Depois voltar à vida. Eles ganham (e muito bem) para fazer o trabalho deles. Não são líderes nesta nação. Alguns nem de exemplo servem para os jovens (mas aí, já acho que deveriam sim). Mas os jogadores insistem em se manter neutros e passivos a tudo quanto se diz sobre a vida da nação. Ninguém ali tem opinião. Ninguém tem postura sobre nada. Tudo bem. Opção deles. Que assim sejam considerados. Não heróis. Apresentadores de um bom espetáculo, com tempo de duração limitado. Uma copa, com duração total de 1 mês, com alguns jogos de 2 horas cada, pode até tomar este tempo de alguém. Não pode hipnotizar a pessoa pelo resto do ano.
Vamos divertir. Ver o espetáculo. Comemorar no momento (não precisa estender muito, né, principalmente em dia de trabalho). Mas depois, voltamos à realidade.
Que heróis somos cada um de nós, que mantemos esse país de pé. Heróis são os que lutam por um país melhor. Que arriscam a vida e às vezes a perdem por isso. Heróis são os que enfrentam os corruptos de peito aberto.
Aliás, perceberam, nestes últimos 4 anos, como o Brasil mudou? Grandes empresários e políticos na prisão! Isso não acontecia antes. O povo falando sobre tudo o que interessa realmente. Aprendendo sobre as questões políticas.
Heróis são os trabalhadores honestos, que não abrem mão de ganhar seu sustento da forma correta, sem se corromper. São médicos e profissionais da saúde que fazem de tudo para salvar vidas num sistema falido. São professores que se dedicam a instruir nossas crianças e jovens. São policiais que se arriscam a cada dia deixar seus cônjuges e filhos sem sua presença em prol de pessoas que nem conhecem para manter o mínimo de ordem. Heróis são os que trabalham no chão de fábrica, nos campos, no comércio, produzindo, fazendo a economia girar e o país continuar. Porque, se todos pararem, como seria?
Estão, vamos divertir com a copa este ano. Mas rapidinho, tá. Depois, um abraço para os jogadores, um agradecimento pelo momento de espetáculo (espero que pelo menos isso eles façam com o dinheiro que ganham) e voltamos à labuta diária de ser herói a cada dia. Aliás, já pensou se cada setor do Brasil recebesse o mesmo investimento que a CBF tem, como seria cada área desse país?



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segunda-feira, 4 de junho de 2018

Que legal! Só que não!


Procuram-se líderes

Já não existem mais aqueles líderes como antigamente. Se formos considerar o mundo político então, são uns coitados que mais precisam do povo do que o povo deles. Na verdade, eu acho que um político acaba tentando um cargo por motivos sociais. Acho que ele precisa do salário que passa a receber porque, com a competência que demonstram, talvez não consigam emprego em outra área. Deve ser um tipo de fuga, pra conseguir um salário. E olha que é o emprego dos sonhos. Eles têm o poder de definir o próprio salário. Principalmente os do poder legislativo, que são quem definem as leis.
Digo isso porque as reais funções de um vereador, por exemplo, não são mais cumpridas por eles. Vejam só:
Deveriam representar o povo que os elegeram. Não fazem isso. As coisas pelas quais eles legislam não tem, em sua maioria, interesse do povo em geral. Talvez desse ou daquele grupo de amigos ou influências. Mas não do povo como um todo.
Deveriam fiscalizar o executivo. Mas, convenhamos, ali é um jogo de compadre. O que eles chamam de “alianças políticas”, usando uma palavra que já foi sinônimo de algo bonito, de uma união em prol de algo bom, na verdade mais se parece com formação de quadrilha, pra ver o que fazer, ora pra encobrir as besteiras de um, ora para encobrir os crimes de outros. Fiscalizar mesmo, a execução das tarefas que deveriam ser feitas pelo executivo, não ocorre.
Deveriam criar leis. Mas eu acredito que estas leis criadas deveriam ser para o povo, em benefício da maioria, criadas com responsabilidade. Mas criam para benefício próprio ou de algumas pessoas ou pequenos grupos de seu interesse.
Também já perderam a noção da diferença entre legal X moral. Entre conivente e conveniente. Já não reconhecem legitimidade e legalidade.
Isso acontece pelo Brasil todos, em várias esferas. Mas vejamos dois exemplos recentes. Em maio de 2018, em plena paralização dos caminhoneiros, com crise de abastecimento. A Folha de São Paulo noticiou dia 31 de maio que a Câmara de Vereadores de São Paulo votou benefícios próprios que somados vão onerar em R$ 44 milhões por ano o orçamento de lá. Num período em que o Brasil ainda busca se recuperar de uma grave recessão, os vereadores de Limeira também acharam por bem gastar seu precioso tempo votando seu próprio aumento salarial e do prefeito! Tudo bem, o índice foi apenas a reposição inflacionária (2,84%), o mesmo oferecido aos outros funcionários públicos poucos meses antes. Nisto pode até parecer justo! Mas não é. O fato é que em outros aumentos anteriores, estes que têm o poder de aumentar os próprios salários o aumentaram mais do que os outros funcionários públicos. O fato é que um vereador, ganhando agora R$ 7968,84 (acho que ele precisava destes 200,00 de aumento, porque com os R$ 7748,77 anteriores acho que eles não estavam conseguindo fazer o supermercado), o fato é que ele ganha muito mais que a maioria dos professores por exemplo. E não tem a carga horária de um professor. E não realizam nada, se comparado às vidas formadas por um professor.
Quando, há 2 meses o funcionalismo público, através do sindicato, pediu 12% num ano de 2,84% de inflação, eu achei um absurdo bem descabido. Acabaram recebendo só a inflação mesmo. Tanto mais descabido é agora estes 21 senhores e senhoras do legislativo aprovarem na surdina, de forma sorrateira, como um ladrão ou alguém que tem vergonha do que está fazendo (e devem ter mesmo), um aumento em plena crise de abastecimento, enquanto a população está preocupada com outras emergências. Diga-se de passagem que nenhum destes senhores e senhoras se posicionou na cidade por causa da paralização dos caminhoneiros e consequentes problemas ocorridos por causa disto. Não fizeram nada. Mas o próprio aumento, sim!
Momento errado. Justificativa errada.
Não pela taxa. O índice está de acordo, dentro dos parâmetros. Mas é pela atitude. O momento que vivemos no Brasil caberia bem mais aos nossos líderes uma atitude, ainda que simbólica de congelamento ou diminuição dos salários. Até porque, diga-se de passagem, os vereadores (pelo menos a maioria) têm suas atividades extralegislativas como meio de sustento. Não são dependentes desta atividade para sobrevivência. E, se algum deles é, o salário, mesmo com uns 10% de redução, ainda seria bastante suficiente. Mas pedir esse tipo de atitude é pedir muito. Falta hoje em dia esse tipo de noção do “siga o mestre”, onde os líderes de uma comunidade, de uma cidade, dão o exemplo, para que se multiplique em atitudes semelhantes a fim de melhorarmos a condição geral. Não é só nesta questão do salário não. Falta exemplo em muita coisa.



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