Na atual educação brasileira, muitas são as interpretações que
se fazem para o ensino e os métodos utilizados pelos educadores,
discutindo-se se são eficazes ou não. Tenho ouvido discussões a
respeito da função e do método da educação, e vejo grupos
defenderem este ou aquele princípio ao desenvolver a educação
junto aos jovens.
Gostaria de defender aqui um ponto de vista que abriga três métodos
e fases da educação que, de acordo com a argumentação dada,
poderiam ser considerados, conforme idade das pessoas que são
ensinadas. Vejo que a educação precisa passar por 3 etapas,
utilizando os seguintes métodos:
1- Didático: passar informações
2- Crítico: questionar informações
3- Produtivo: gerar
informações e formações
Explicando melhor os 3 tópicos acima, a maneira didática é
aquela em que precisamos passar informações para o aprendiz, de
forma a dar a ele base e condições (informações) para passar a
pensar criticamente. Ou seja, como alguém pode criticar sem saber
nada sobre o objeto da crítica. Esse é o momento de ensino mais
tradicional, mais praticado: aquele momento de alguém (que sabe mais
pela experiência) informar a outrem sobre uma situação ou coisa,
objeto do aprendizado. Em tempos passados, participei de discussões
sobre ser a escola um local de “formação” ou de “informação”.
Hoje vejo que a discussão estava no local errado. Não é uma
questão de discutir se a escola é local disto ou daquilo, mas temos
de descobrir qual o tempo de “informar”, para “formar” bases
que levem a pessoa ao pensamento crítico e autônomo, sem ser alguém
que “pensa pelos outros”.
Esta etapa geralmente coincide com o ensino fundamental, até o 9º
ano. Nesta etapa, basicamente, a criança adquire informações.
Mesmo a natureza investigatória ainda não está desenvolvida na
criança, embora o embrião desta próxima etapa já se manifeste no
início da adolescência. Mas para que a criança venha a desenvolver
um senso crítico saudável e bem fundamentado, é necessário que
tenha informações que fundamentem suas futuras análises críticas.
O que é necessário nesta fase inicial, é que o aprendiz não se
feche às informações recebidas, sabendo que existem novas
possibilidade que ele ainda não explorou e mesmo que certas
informações podem estar desatualizadas ou mesmo incorretas.
Mas não podemos abrir mão de uma intensa e completa passagem de
informação. Sem material para análise, é impossível chegar aos
próximos níveis. Ter uma boa quantidade de informação confiável
é o começo de tudo. Não se pode pular essa etapa.
O segundo momento é para avaliar as informações dadas. Será
que são tendenciosas? Seria honesto que o orientador, neste caso,
fizesse essa pergunta aos educandos. Será que eles acham convincente
a informação dada? Existem informações complementares? E
contrárias? O que foi informado é verdade? É completo? É o
momento de exercitar a crítica para aprender a não aceitar
automaticamente as informações dadas. É um aprendizado
valiosíssimo, no que se refere à avaliação da informação dada.
Aprender a fazer uma boa crítica (análise) de tudo o que se ouve e
aprende é essencial para qualquer ser humano que vive em sociedade.
Essa crítica é um fim em si mesma, mas também é a preparação
para o terceiro momento. Podemos dizer que o ensino médio
coincidiria com esta etapa. Tive alguns (não muitos) professores no
Ensino médio que desenvolviam este aspecto crítico e analítico.
Também é importante ressaltar que nesta idade (entre 15 e 17 anos),
é natural que o adolescente faça objeções, críticas e análises
de tudo à sua volta. Faz parte da sua natureza. Desenvolver e
aproveitar isso na educação é mais do que produtivo: é
inteligente, por aproveitar o potencial natural que os adolescentes
têm para a crítica nesta idade. Desenvolver o senso crítico que
venha a analisar a informação recebida é essencial e deve ser
aproveitado nesta fase do ensino.
Mas esse desenvolvimento deve ser completo. Não tendencioso, não
parcial. Se nesta fase do aprendizado, for possível aprender que
tudo o que ouvimos tem sempre 2 lados, tem sempre uma posição
contrária etc., isso será muito produtivo para a formação da
pessoa. Isso é bíblico, a Bíblia ensina a analisar as informações
e criticar. Se alguém só recebe informações de um lado da
história, de um único ponto de vista, corre o risco de ser
“doutrinado” e sofrer “lavagem cerebral” por não ter contato
com as informações contrárias, a fim de descobrirmos aquilo que é
real (ou pelo menos o mais perto disso). Como dia Hegel, toda tese
tem sua antítese, as quais, após confronto e análise, geram uma
síntese, que se torna uma nova tese. Analisar os extremos para se
chegar às conclusões corretas e a uma crítica completa e útil é
essencial nesta segunda fase do aprendizado.
Nesta última etapa, os educandos estarão produzindo ideias
e conteúdos. Não apenas criticando, mas propondo. É a fase
propositiva. É a fase produtiva. Não apenas falar que o outro está
errado (ou certo), mas propor soluções, alternativas e caminhos.
Tornar viva e útil a mais bela característica humana: a
criatividade! Aqui se usam as informações, se analisam as críticas
feitas e se criam novas ideias. Esse é o objetivo final (na minha
opinião) de todo ensino: formar pessoas. Pessoas que pensem, que
criem: mas com bases sólidas e sustentáveis. Esta seria a fase da
faculdade, do mestrado. O lugar onde o indivíduo passa a produzir
algo para a sociedade. Um engenheiro junta todo o conhecimento,
analisa e critica as informações para depois construir edifícios.
Mas esta etapa só será saudável se o processo educacional não
abrir mão das duas etapas anteriores. Apenas com uma fundamentação
sólida e uma análise crítica bem feita é que a produção nesta
etapa será bem feita.
É neste processo de educação gradual que a pessoa atinge, com
solidez e na sua própria velocidade e capacidade a autonomia
necessária para ser uma pessoa que “ande pelas próprias pernas”.
Este processo, na verdade, pode ser usado em qualquer etapa
educacional. Por exemplo, ao aprender a utilizar o computador,
primeiro é importante obter informações: O que é “software”;
Para que serve; qual a função de cada tipo de software; Qual o
papel de cada parte do computador. Obter informação.
Depois disso, é necessário analisar e criticar as informações
recebidas: Tem uma opção melhor para se fazer isso? Será que
sempre o computador é sempre útil, ou há situações em que é
melhor fazer o trabalho manualmente? Que tipos de danos à saúde
pode decorrer do uso contínuo ou incorreto da informática. Devo
analisar e criticar tudo o que aprendi na primeira etapa, não apenas
para negar, mas para chegar a um real proveito do aprendizado no meu
contexto.
A terceira e última etapa é para produzir algo novo. Uma secretária
encontra uma melhor e mais produtiva maneira de redigir uma ata; um
conferencista desenvolve um novo método de apresentação virtual
para suas palestras; novas tecnologias são desenvolvidas a partir
das já existentes etc. Etc. Etc.
Portanto, há perigo quando se critica sem fundamentação. Ou seja,
parte-se para a 2ª etapa, pulando a primeira. A pessoa que faz a
crítica corre o risco de falar “besteira”, porque não objeve
informação básica o suficiente. Se pular a 2ª etapa, indo da 1ª
para a última, então o risco é de uma produção sem entendimento.
Um engenheiro poderia, numa situação dessas, repetir fórmulas de
cálculo para se fazer uma ponte, sem entender que a atual situação
exige cálculos diferentes, simplesmente porque não aprendeu a
analisar cada situação, e deseja aplicar a mesma solução para
todos os casos.
Imagine alguém na política, que queira dar soluções para os
problemas do país, da cidade etc. Se apresenta soluções e atitudes
sem estudar as bases da situação, sem ter as informações
completas da situação, que é a primeira etapa, ou sem criticar e
analisar corretamente as situações que tomou conhecimento. Com
certeza, tomará decisões erradas.
As 3 etapas do aprendizado para tomar atitudes são essenciais e
imprescindíveis. Para qualquer coisa que faço. Em tudo na vida,
deveria ter isso em mente. Então, é muito importante que o processo
educativo e tudo o que fazemos na vida passe pelas etapas da
fundamentação e crítica, a fim de obter um resultado produtivo (em
qualquer área do conhecimento humano) que seja seguro e bem feito.
Lucas Durigon
leia também meu artigo: "Doutrinação: não!" clicando abaixo
veja o vídeo: https://youtu.be/2ULysAAGHHA
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