domingo, 21 de outubro de 2018

Aprendendo a aprender


Na atual educação brasileira, muitas são as interpretações que se fazem para o ensino e os métodos utilizados pelos educadores, discutindo-se se são eficazes ou não. Tenho ouvido discussões a respeito da função e do método da educação, e vejo grupos defenderem este ou aquele princípio ao desenvolver a educação junto aos jovens.
Gostaria de defender aqui um ponto de vista que abriga três métodos e fases da educação que, de acordo com a argumentação dada, poderiam ser considerados, conforme idade das pessoas que são ensinadas. Vejo que a educação precisa passar por 3 etapas, utilizando os seguintes métodos:

1- Didático: passar informações
2- Crítico: questionar informações
3- Produtivo: gerar informações e formações

Explicando melhor os 3 tópicos acima, a maneira didática é aquela em que precisamos passar informações para o aprendiz, de forma a dar a ele base e condições (informações) para passar a pensar criticamente. Ou seja, como alguém pode criticar sem saber nada sobre o objeto da crítica. Esse é o momento de ensino mais tradicional, mais praticado: aquele momento de alguém (que sabe mais pela experiência) informar a outrem sobre uma situação ou coisa, objeto do aprendizado. Em tempos passados, participei de discussões sobre ser a escola um local de “formação” ou de “informação”. Hoje vejo que a discussão estava no local errado. Não é uma questão de discutir se a escola é local disto ou daquilo, mas temos de descobrir qual o tempo de “informar”, para “formar” bases que levem a pessoa ao pensamento crítico e autônomo, sem ser alguém que “pensa pelos outros”.
Esta etapa geralmente coincide com o ensino fundamental, até o 9º ano. Nesta etapa, basicamente, a criança adquire informações. Mesmo a natureza investigatória ainda não está desenvolvida na criança, embora o embrião desta próxima etapa já se manifeste no início da adolescência. Mas para que a criança venha a desenvolver um senso crítico saudável e bem fundamentado, é necessário que tenha informações que fundamentem suas futuras análises críticas.
O que é necessário nesta fase inicial, é que o aprendiz não se feche às informações recebidas, sabendo que existem novas possibilidade que ele ainda não explorou e mesmo que certas informações podem estar desatualizadas ou mesmo incorretas.
Mas não podemos abrir mão de uma intensa e completa passagem de informação. Sem material para análise, é impossível chegar aos próximos níveis. Ter uma boa quantidade de informação confiável é o começo de tudo. Não se pode pular essa etapa.
O segundo momento é para avaliar as informações dadas. Será que são tendenciosas? Seria honesto que o orientador, neste caso, fizesse essa pergunta aos educandos. Será que eles acham convincente a informação dada? Existem informações complementares? E contrárias? O que foi informado é verdade? É completo? É o momento de exercitar a crítica para aprender a não aceitar automaticamente as informações dadas. É um aprendizado valiosíssimo, no que se refere à avaliação da informação dada.
Aprender a fazer uma boa crítica (análise) de tudo o que se ouve e aprende é essencial para qualquer ser humano que vive em sociedade. Essa crítica é um fim em si mesma, mas também é a preparação para o terceiro momento. Podemos dizer que o ensino médio coincidiria com esta etapa. Tive alguns (não muitos) professores no Ensino médio que desenvolviam este aspecto crítico e analítico. Também é importante ressaltar que nesta idade (entre 15 e 17 anos), é natural que o adolescente faça objeções, críticas e análises de tudo à sua volta. Faz parte da sua natureza. Desenvolver e aproveitar isso na educação é mais do que produtivo: é inteligente, por aproveitar o potencial natural que os adolescentes têm para a crítica nesta idade. Desenvolver o senso crítico que venha a analisar a informação recebida é essencial e deve ser aproveitado nesta fase do ensino.
Mas esse desenvolvimento deve ser completo. Não tendencioso, não parcial. Se nesta fase do aprendizado, for possível aprender que tudo o que ouvimos tem sempre 2 lados, tem sempre uma posição contrária etc., isso será muito produtivo para a formação da pessoa. Isso é bíblico, a Bíblia ensina a analisar as informações e criticar. Se alguém só recebe informações de um lado da história, de um único ponto de vista, corre o risco de ser “doutrinado” e sofrer “lavagem cerebral” por não ter contato com as informações contrárias, a fim de descobrirmos aquilo que é real (ou pelo menos o mais perto disso). Como dia Hegel, toda tese tem sua antítese, as quais, após confronto e análise, geram uma síntese, que se torna uma nova tese. Analisar os extremos para se chegar às conclusões corretas e a uma crítica completa e útil é essencial nesta segunda fase do aprendizado.
Nesta última etapa, os educandos estarão produzindo ideias e conteúdos. Não apenas criticando, mas propondo. É a fase propositiva. É a fase produtiva. Não apenas falar que o outro está errado (ou certo), mas propor soluções, alternativas e caminhos. Tornar viva e útil a mais bela característica humana: a criatividade! Aqui se usam as informações, se analisam as críticas feitas e se criam novas ideias. Esse é o objetivo final (na minha opinião) de todo ensino: formar pessoas. Pessoas que pensem, que criem: mas com bases sólidas e sustentáveis. Esta seria a fase da faculdade, do mestrado. O lugar onde o indivíduo passa a produzir algo para a sociedade. Um engenheiro junta todo o conhecimento, analisa e critica as informações para depois construir edifícios.
Mas esta etapa só será saudável se o processo educacional não abrir mão das duas etapas anteriores. Apenas com uma fundamentação sólida e uma análise crítica bem feita é que a produção nesta etapa será bem feita.
É neste processo de educação gradual que a pessoa atinge, com solidez e na sua própria velocidade e capacidade a autonomia necessária para ser uma pessoa que “ande pelas próprias pernas”.
Este processo, na verdade, pode ser usado em qualquer etapa educacional. Por exemplo, ao aprender a utilizar o computador, primeiro é importante obter informações: O que é “software”; Para que serve; qual a função de cada tipo de software; Qual o papel de cada parte do computador. Obter informação.
Depois disso, é necessário analisar e criticar as informações recebidas: Tem uma opção melhor para se fazer isso? Será que sempre o computador é sempre útil, ou há situações em que é melhor fazer o trabalho manualmente? Que tipos de danos à saúde pode decorrer do uso contínuo ou incorreto da informática. Devo analisar e criticar tudo o que aprendi na primeira etapa, não apenas para negar, mas para chegar a um real proveito do aprendizado no meu contexto.
A terceira e última etapa é para produzir algo novo. Uma secretária encontra uma melhor e mais produtiva maneira de redigir uma ata; um conferencista desenvolve um novo método de apresentação virtual para suas palestras; novas tecnologias são desenvolvidas a partir das já existentes etc. Etc. Etc.
Portanto, há perigo quando se critica sem fundamentação. Ou seja, parte-se para a 2ª etapa, pulando a primeira. A pessoa que faz a crítica corre o risco de falar “besteira”, porque não objeve informação básica o suficiente. Se pular a 2ª etapa, indo da 1ª para a última, então o risco é de uma produção sem entendimento. Um engenheiro poderia, numa situação dessas, repetir fórmulas de cálculo para se fazer uma ponte, sem entender que a atual situação exige cálculos diferentes, simplesmente porque não aprendeu a analisar cada situação, e deseja aplicar a mesma solução para todos os casos.
Imagine alguém na política, que queira dar soluções para os problemas do país, da cidade etc. Se apresenta soluções e atitudes sem estudar as bases da situação, sem ter as informações completas da situação, que é a primeira etapa, ou sem criticar e analisar corretamente as situações que tomou conhecimento. Com certeza, tomará decisões erradas.
As 3 etapas do aprendizado para tomar atitudes são essenciais e imprescindíveis. Para qualquer coisa que faço. Em tudo na vida, deveria ter isso em mente. Então, é muito importante que o processo educativo e tudo o que fazemos na vida passe pelas etapas da fundamentação e crítica, a fim de obter um resultado produtivo (em qualquer área do conhecimento humano) que seja seguro e bem feito.


Lucas Durigon

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