segunda-feira, 28 de maio de 2018

Orgulho de ser brasileiro


Até hoje muitos fãs frequentemente relembram de Ayrton Senna, que morreu há mais de 20 anos. Alguns o consideram uma grande pessoa, um excelente piloto e outros não. Porém, o maior legado de Senna, além da instituição que leva seu nome, foi ter tido orgulho do Brasil. Ele foi um autêntico brasileiro, carregando bandeira e tudo. Precisamos aprender isso dele e de tantos outros que, com orgulho de sua terra, não se envergonham de dizer “sou brasileiro” e de mostrar ao mundo que somos um país excelente. Temos nossos problemas, é verdade, dos quais a má distribuição de renda e a injustiça social são os maiores. Porém, temos qualidades de dar inveja a qualquer país no mundo.
Porém, os brasileiros (pelo menos até algum tempo atrás), considera(va)m que tudo que vem de fora é melhor. É a fama do “importado”. Você já notou como é mais fácil vender um produto se o vendedor diz: “é importado!”? Por que será que não sentimos orgulho se alguém diz: “é nacional”? Por que não pensamos que o nacional gera mais empregos e riquezas aqui dentro mesmo. Bem, e se considerarmos a ciência então? Por que não nos orgulhamos de sermos os maiores exploradores de petróleo em águas profundas? Alguém já parou para pensar que este tipo de exploração não gera guerras (como no oriente médio, deflagradas pela disputa do petróleo em terra) nem tira das mãos de agricultores terras produtivas? Explorar petróleo no meio do mar não atrapalha ninguém (bem, de vez em quando tem um vazamento...). Alguém se orgulha de termos sido o país que deu ao mundo a fibra ótica, o avião, a vacina contra a paralisia infantil e o descobrimento da doença de chagas para que pudesse ser tratada, o pioneirismo na eleição totalmente informatizada ou o melhor sistema bancário do mundo?
Sabe, precisamos aprender dos americanos o que têm de bom a ensinar: patriotismo. Eles amam o seu país até à cegueira. Não percebem, às vezes, os problemas. E acho que nós percebemos demais os nossos problemas. Aliás, só percebemos problemas. Não vemos nossas qualidades, nossas virtudes. Somos brasileiros. Moramos no país com a maior floresta tropical do mundo, com a maior fauna e flora, mais diversificada, com os lugares mais bonitos para se visitar e sonhamos em conhecer a Europa, a América do Norte. O mundo sofre com a escassez de água e temos o maior rio do mundo em volume d'água. Aqui festejamos e não vamos à guerra: somos um país pacífico (e, espero que continuemos a ser).
Somos brasileiros. Há algum tempo atrás algumas pessoas seriam capazes de tremular bandeiras americanas em camisetas e em casa, mas não uma bandeira brasileira. Precisamos aprender a ter orgulho. E, com orgulho, lutar para melhorar o que falta ser melhorado, sabendo, apesar de tudo, que vivemos num país que é o melhor lugar do mundo para se viver.
Temos que ter orgulho de ser brasileiro e lutar para termos motivos para isso.


segunda-feira, 21 de maio de 2018

Voto secreto?


Uma das coisas que o nosso sistema eleitoral define é que o voto é secreto. Bem, além de ser obrigatório e de livre acesso para homens, mulheres, negros e brancos, brasileiros ou naturalizados brasileiros e de permitir que brasileiros que morem no exterior votem também. Mas seria bom pensarmos um pouco nesta questão do secreto. Por que secreto? E é realmente secreto?
Bem, há algum tempo atrás (algumas décadas), o voto não era secreto. E alguns “coronéis” como eram chamados, enviavam capangas para fiscalizar os eleitores na hora do voto, porque alguns destes coronéis obrigavam parte da população a votarem nele. Essa obrigação podia se dar por uma subordinação econômica (dependia do coronel financeiramente de alguma forma) ou geográfica (vivia nas terras do coronel e era por ele obrigado ao voto). As coisas mudaram, as conquistas foram se acumulando e, hoje, o voto é obrigatório para quase todos (maiores de 65, jovens entre 16 e 18, deficientes físicos e outros grupos não são obrigados, mas lhes é permitido o voto).
Por causa dos coronéis, que obrigavam os eleitores a votarem em seus próprios candidatos (às vezes eles próprios) e fiscalizavam se os eleitores estavam fazendo assim, o voto se tornou secreto em algum momento da nossa história. Esse recurso foi para acabar com os capangas, que usavam chicotes no dia das eleições e esticavam o pescoço para ver o nome do candidato que o eleitor escrevia na cédula. Se fosse o indicado, tudo bem, se não, o chicote gritava.
Hoje, quando votamos, o fazemos em urnas eletrônicas, devidamente isoladas dos olhos dos mesários, fiscais e outros eleitores. Porém, ainda impera o coronelismo. Não temos o voto realmente secreto. Aliás, nem deveria ser assim. Realmente, o voto deveria ser aberto. E deve ser aberto no pós eleição. Os eleitores precisam lembrar em quem votaram nas eleições e, depois, buscar cobrar destes candidatos os resultados de seu trabalho durante 4 anos, para saber se receberão de novo seu voto nas próximas eleições.
O que precisa acabar é o coronelismo. Aquele hábito de promessa de voto em troca de favores, que nunca são cumpridos. É preciso que todos nós, eleitores, saibamos que o voto é direito nosso e decisão pessoal. Por isso é secreto! Isso não significa que não vou cobrar do político que foi eleito as suas atitudes corretas. Aliás, devo até cobrar, mesmo que o candidato em quem votei não tenha ganhado e seja outro que esteja no poder. A partir do momento em que o político toma o poder, ele deve governar para todos, inclusive para aqueles que votaram em seus adversários nas eleições. Precisa acabar com o chicote do capanga, que são decisões políticas que visam retaliar aqueles que não votaram no candidato vitorioso. O governo é (ainda) do povo e para o povo.

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Quem tem medo do lobo mau?


- Vovozinha, pra que esses olhos tão grandes?
- É pra ver onde tem verba pra desviar.
- E pra que esse nariz tão grande?
- É pra cheirar melhor onde está a verba pública.
- E pra que essas mãos tão grandes, vovozinha?
- É pra caber uma propina maior, chapeuzinho vermelho.
Quem conhece a história do chapeuzinho vermelho sabe que ela se enganou quando foi à casa da vovó, porque o lobo mau estava deitado na cama da vovó, com as roupas da vovó. Então ela pensou que ele fosse sua vovó, porque olhou a aparência externa. Mas algumas características do lobo mau fizeram ela achar estranho o que estava acontecendo. E começou a perguntar. Mas o lobo mau sempre tinha uma resposta para desviar a atenção de chapeuzinho (aquela menininha da qual nunca soubemos o nome), até que mostrou sua verdadeira identidade e quis se alimentar de chapeuzinho vermelho.
Bem, vejo algumas semelhanças com essa fábula infantil e algumas lições que podemos tirar dela. É uma história que ensina as crianças a não se deixar guiar pelas aparências, mas observar as evidências ao redor das aparências. Aliás, toda fábula infantil tem sempre uma lição, uma orientação moral, uma instrução: deveríamos aprender mais com as fábulas infantis.
Uma das coisas que me intriga é o fato de chapeuzinho vermelho não ter nome. Parece que o eleitorado também não tem. Será que o candidato a um cargo público enxerga nos eleitores pessoas que têm necessidades, cidadão que têm direitos e deveres, ou apenas votos para acrescentar seus números no pleito?
Será que temos nome, cara? Os candidatos nos enxergam? Ou só nosso voto?
Outra coisa a considerar é: o candidato é a vovozinha ou é o lobo mau? Será que é lobo em pele de cordeiro? Quais seriam as evidências? Qual o tamanho da fome por riquezas e ganância? Não podemos mais viver como chapeuzinho vermelho, sendo ludibriados pelo lobo. Precisamos ser como os caçadores da estória infantil e ir à caça do lobo. É necessário que estejamos atentos às situações e atitudes que desnudam o verdadeiro caráter dos homens que vão administrar nossa cidade, nosso país.
Tem um adágio popular que diz: “o que você faz fala tão alto, que eu não ouço o que você fala”. Ou seja, discursos e palavras vazias não têm o poder e a força das atitudes e do comportamento diário. Precisamos observar estes e não mais nos deixar levar pelas palavras. O tempo dos discursos já passou. Precisamos (nós, eleitores) fazer do palanque um instrumento secundário na busca de votos. Precisamos mostrar que não daremos tanta atenção ao discurto quanto estaremos dando às atitudes e caráter. Assim, a conduta de vida diária passará a ser, através dos anos, o principal instrumento de campanha eleitoral de alguém que deseje ser representante do povo.

segunda-feira, 7 de maio de 2018

Cada macaco no seu galho


A expressão que emprestei para dar o título a este artigo é um ditado popular que chama a atenção para o fato de cada um dever cumprir com seu próprio papel na sociedade, que cada um deve fazer a sua parte, não invadindo a tarefa alheia para executá-la, nem deixando de cumprir com a sua.
Pois bem: este é um ano eleitoral, muita coisa vai acontecer e penso que teremos muita movimentação política no segundo semestre. Afinal, a polarização política está numa de suas fases mais intensas da história. Mas há uma dificuldade: se a dimensão da rivalidade é grande, não o pode ser a clareza de tal distinção. Em comparação com a época da ditadura, com apenas 2 partidos, o governo e a oposição, hoje temos dezenas.
O problema é que não há “linha ideológica” definida para cada partido. Os interesses se misturam e as mudanças dos políticos de um partido para outro tornam difícil saber qual a linha de trabalho e a ideologia de um determinado partido. Hoje em dia, não há mais direita ou esquerda claras.
Nesse clima político e considerando que, no Brasil, o ato de votar é obrigatório, o eleitor fica numa posição muito cômoda: já que é obrigatório votar, espera-se o “otário eleitoral gratuito”, ops, quer dizer “horário eleitoral gratuito” e escolhe-se o candidato que fala mais bonito, que tem mais argumentos, que se veste melhor ou tem um sorriso mais cativante, que produz um vídeo mais envolvente. Às vezes um que é engraçado ou brinca com coisa séria, mas que faça rir!
Como não há definição para se saber a linha ideológica de um partido e os candidatos apelam para o visual e emocional das pessoas com promessas e planos mirabolantes, próprios de quem abusa da falta de conhecimento da massa eleitoreira para ganhar votos e como o eleitor não se preocupa em procurar conhecer seu candidato, a eleição, em vez de ser algo que deveria durar 4 anos, geralmente dura apenas 2 meses! Mas quem sabe desta vez esteja diferente. O clima político tem feito parte de nossas vidas em cada esquina que se vira desde a última eleição para presidente.
Explico: A eleição é definida sempre no horário da TV, enquanto deveria ser definida e trabalhada na mente do eleitor durante os 4 anos de mandato do candidato à reeleição e dos outros candidatos que, na sua maioria, geralmente, ocupam cargos públicos em outras áreas e precisam ser observados por um bom período para se analisar o caráter e os ideais da pessoa e do partido.
Temos mudado. O simples fato de se falar de política ultimamente já é uma prova desta mudança. Votaremos sem errar desta vez? Não sei. Mas já andamos um pouco. Evoluimos. Melhoramos. Creio que podemos esperar, pelo menos, que não se elejam os corruptos, os condenados, os hipócritas que só se importam com o povo a cada 4 anos, que não se elejam os que compram votos, porque se um eleitor se vende, se se rebaixa a este nível, já não pode exigir nada, não tem o direito de reivindicar melhorias.
Também não podemos eleger os incompetentes.
Nem os desonestos.
Espero que os eleitores tenham amadurecido o suficiente para não se deixar levar pela propaganda na TV, editada e bonitinha. Isso não reflete a realidade do dia a dia do político.
Os ideais não se medem pelo discurso do candidato, pelo que ele diz na TV ou no palanque. Os ideais se observam pelas atitudes, pela vivência do dia a dia público do mesmo.
Como cada macaco tem que estar no seu galho, os representantes públicos precisam entender e cumprir sua tarefa de representar o povo que o elege. E o povo, para cumprir com sua obrigação precisa, no mínimo, cumprir com três etapas:
1) conhecer o(s) candidato(a) para o(s) qual(is) deseja dar seu voto;
2) conhecer o plano de governo deste candidato e, se possível, ter uma cópia escrita dele em casa;
3) cobrar do candidato, se for eleito, o cumprimento de seu plano de governo, para fazer exercitar a cidadania e realizar a democracia de verdade.
Neste ponto, quero chamar a atenção para o eleitor e dizer que, se os homens públicos não têm sido bons homens públicos no governo, a culpa é do povo, que se omite e deixa que a falta de caráter predomine.
A culpa é daqueles que acham que pequenas atitudes corruptas não são problema.
Parafraseando um grande líder da humanidade, “tanto dói a maldade dos perversos quanto o silêncios dos virtuosos” (Gandhi).