segunda-feira, 21 de maio de 2018

Voto secreto?


Uma das coisas que o nosso sistema eleitoral define é que o voto é secreto. Bem, além de ser obrigatório e de livre acesso para homens, mulheres, negros e brancos, brasileiros ou naturalizados brasileiros e de permitir que brasileiros que morem no exterior votem também. Mas seria bom pensarmos um pouco nesta questão do secreto. Por que secreto? E é realmente secreto?
Bem, há algum tempo atrás (algumas décadas), o voto não era secreto. E alguns “coronéis” como eram chamados, enviavam capangas para fiscalizar os eleitores na hora do voto, porque alguns destes coronéis obrigavam parte da população a votarem nele. Essa obrigação podia se dar por uma subordinação econômica (dependia do coronel financeiramente de alguma forma) ou geográfica (vivia nas terras do coronel e era por ele obrigado ao voto). As coisas mudaram, as conquistas foram se acumulando e, hoje, o voto é obrigatório para quase todos (maiores de 65, jovens entre 16 e 18, deficientes físicos e outros grupos não são obrigados, mas lhes é permitido o voto).
Por causa dos coronéis, que obrigavam os eleitores a votarem em seus próprios candidatos (às vezes eles próprios) e fiscalizavam se os eleitores estavam fazendo assim, o voto se tornou secreto em algum momento da nossa história. Esse recurso foi para acabar com os capangas, que usavam chicotes no dia das eleições e esticavam o pescoço para ver o nome do candidato que o eleitor escrevia na cédula. Se fosse o indicado, tudo bem, se não, o chicote gritava.
Hoje, quando votamos, o fazemos em urnas eletrônicas, devidamente isoladas dos olhos dos mesários, fiscais e outros eleitores. Porém, ainda impera o coronelismo. Não temos o voto realmente secreto. Aliás, nem deveria ser assim. Realmente, o voto deveria ser aberto. E deve ser aberto no pós eleição. Os eleitores precisam lembrar em quem votaram nas eleições e, depois, buscar cobrar destes candidatos os resultados de seu trabalho durante 4 anos, para saber se receberão de novo seu voto nas próximas eleições.
O que precisa acabar é o coronelismo. Aquele hábito de promessa de voto em troca de favores, que nunca são cumpridos. É preciso que todos nós, eleitores, saibamos que o voto é direito nosso e decisão pessoal. Por isso é secreto! Isso não significa que não vou cobrar do político que foi eleito as suas atitudes corretas. Aliás, devo até cobrar, mesmo que o candidato em quem votei não tenha ganhado e seja outro que esteja no poder. A partir do momento em que o político toma o poder, ele deve governar para todos, inclusive para aqueles que votaram em seus adversários nas eleições. Precisa acabar com o chicote do capanga, que são decisões políticas que visam retaliar aqueles que não votaram no candidato vitorioso. O governo é (ainda) do povo e para o povo.

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