- Vovozinha, pra que esses olhos tão grandes?
- É pra ver onde tem verba pra desviar.
- E pra que esse nariz tão grande?
- É pra cheirar melhor onde está a verba pública.
- E pra que essas mãos tão grandes, vovozinha?
- É pra caber uma propina maior, chapeuzinho vermelho.
Quem conhece a história do chapeuzinho vermelho sabe que ela se
enganou quando foi à casa da vovó, porque o lobo mau estava deitado
na cama da vovó, com as roupas da vovó. Então ela pensou que ele
fosse sua vovó, porque olhou a aparência externa. Mas algumas
características do lobo mau fizeram ela achar estranho o que estava
acontecendo. E começou a perguntar. Mas o lobo mau sempre tinha uma
resposta para desviar a atenção de chapeuzinho (aquela menininha da
qual nunca soubemos o nome), até que mostrou sua verdadeira
identidade e quis se alimentar de chapeuzinho vermelho.
Bem, vejo algumas semelhanças com essa fábula infantil e algumas
lições que podemos tirar dela. É uma história que ensina as
crianças a não se deixar guiar pelas aparências, mas observar as
evidências ao redor das aparências. Aliás, toda fábula infantil
tem sempre uma lição, uma orientação moral, uma instrução:
deveríamos aprender mais com as fábulas infantis.
Uma das coisas que me intriga é o fato de chapeuzinho vermelho não
ter nome. Parece que o eleitorado também não tem. Será que o
candidato a um cargo público enxerga nos eleitores pessoas que têm
necessidades, cidadão que têm direitos e deveres, ou apenas votos
para acrescentar seus números no pleito?
Será que temos nome, cara? Os candidatos nos enxergam? Ou só nosso
voto?
Outra coisa a considerar é: o candidato é a vovozinha ou é o lobo
mau? Será que é lobo em pele de cordeiro? Quais seriam as
evidências? Qual o tamanho da fome por riquezas e ganância? Não
podemos mais viver como chapeuzinho vermelho, sendo ludibriados pelo
lobo. Precisamos ser como os caçadores da estória infantil e ir à
caça do lobo. É necessário que estejamos atentos às situações e
atitudes que desnudam o verdadeiro caráter dos homens que vão
administrar nossa cidade, nosso país.
Tem um adágio popular que diz: “o que você faz fala tão alto,
que eu não ouço o que você fala”. Ou seja, discursos e palavras
vazias não têm o poder e a força das atitudes e do comportamento
diário. Precisamos observar estes e não mais nos deixar levar pelas
palavras. O tempo dos discursos já passou. Precisamos (nós,
eleitores) fazer do palanque um instrumento secundário na busca de
votos. Precisamos mostrar que não daremos tanta atenção ao
discurto quanto estaremos dando às atitudes e caráter. Assim, a
conduta de vida diária passará a ser, através dos anos, o
principal instrumento de campanha eleitoral de alguém que deseje ser
representante do povo.
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