segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Teimosia X Persistência


Qual a diferença entre “teimosia” e “persistência”? Quando alguém insiste em algo que, aparentemente no momento não está dando certo e continua insistindo, essa pessoa é teimosa ou persistente? Quando alguém insiste numa ideia ou conceito, em defender algo, ela é teimosa ou persistente? Quando os outros dizem “deixa de ser teimoso”, é isso mesmo que querem dizer ou são pessoas que querem fazer desistir e desanimar aquele que tenta ser persistente.
Embora o termo “teimoso”, no dicionário também contenha a definição de “obstinado, pertinaz”, geralmente quando se usa este termo, é num aspecto jocoso, depreciativo, onde quem diz que o outro é teimoso, está querendo se referir a uma insistência a algo que já não deveria ser mantido, ou seja, deveria “deixar pra lá” e esquecer aquele objeto da sua obstinação e “partir para outra”. Ser teimoso, popularmente, é sinônimo de ser um “insistente idiota”, ou aquele que fica teimando com algo que não vale a pena teimar.
Já ser “persistente”, embora na sua definição também contenha o termo “pertinaz” como em teimoso, aqui ainda se inclui “ser constante, perseverança”. “Persistir” é “continuar, prosseguir, insistir”. E, popularmente, o persistente é tido com bons olhos.
Mas já repararam que, geralmente, a diferença entre o teimoso e o persistente só se dá depois de finalizado o fato a que se referiam? Por exemplo, se um empresário insiste numa ideia de um produto ou empresa que parece que não vai dar certo, se depois de um tempo ela falir todos dirão que foi teimoso. Se tiver sucesso, todos dirão que foi persistente, por mais que durante o processo muitos tenham se referido àquela pessoa como um “teimoso”. Depois do sucesso, elogiarão a “persistência” dele. O resultado final pode mudar a adjetivação de teimoso para persistente ou vice versa. Se tudo parecia promissor e se dizia ser persistente alguém que insistia em algo, mas no final deu errado, então todos mudarão o adjetivo para “teimoso”: Ele foi teimoso.
Julgar assim, depois de ocorrido, é fácil. Dar adjetivos, rotular, julgar é fácil.
Mas será que existe uma maneira correta de diferenciar o teimoso do persistente durante o processo, antes do final (que, em alguns casos, pode ser bem demorado), a fim de saber se vale ou não a pena insistir num objetivo e mais, se vale a pena aos que estão ao redor, apoiar aquela iniciativa ou não?
Julgar depois de finalizado é fácil. Mas e durante o processo, como diferenciar o teimoso que parece idiota em insistir em algo que não vai pra frente do persistente, que tem a ousadia e coragem para investir seu tempo e recursos em algo que acredita, mesmo contra o senso comum e contra os sinais que se apresentam.
Antes de dar minha opinião, quero considerar alguns pontos.
Primeiro, o tempo. Muitos têm a ideia errada cronológica sobre muitas coisas. A expectativa assumida quanto ao tempo para se obter resultado em algo pode ser bastante diferente em várias situações e para pessoas diferentes. E o conceito do tempo que se espera o resultado pode diferenciar entre o “teimoso” e o “persistente” para uns e outros. Por exemplo, se eu inicio uma nova empresa, dependendo do tipo de negócio que é, preciso ter consciência que somente após 1 ou 2 anos vou começar a colher, realmente, os frutos desta empreitada. E pode ser que sejam frutos poucos, como uma primeira leva de uma laranjeira que não enche nem uma caixa de laranjas.
Mas muitos podem julgar que esperar mais do que 4 ou 6 meses para colher frutos é muito tempo e, assim, considerar que, se depois deste tempo não há lucros ou retornos, então o negócio já deu errado. Essa expectativa incorreta pode fazer alguém pensar que se está há 8 meses num negócio e ainda não teve frutos, então ele é um teimoso, que deveria pular fora. Mal sabe que não poderia esperar resultados antes de 1 ou 2 anos.
É assim para muitas coisas. Um relacionamento, onde as coisas só começam a encaixar depois de um tempo. Para alguns, é 1 mês, para outros 3 ou 4 anos. Um investimento financeiro, colocando um dinheiro num banco, esperando dobrar a quantia em 6 meses, acho que estou um pouco fora da realidade. Preciso entender que para dobrar, será necessário esperar um pouco mais ou procurar outro tipo de investimento que possa (com uma pitada de sorte), alcançar esse resultado esperado. Mas não é o usual. Enfim, o tempo por si só não é uma boa medida para saber a diferença entre o teimoso e o persistente.

A questão do tempo nos leva a pensar também nas expectativas. Ou seja, será que, ao iniciarmos qualquer projeto de vida, pessoal, profissional, de relacionamento, financeiro etc., temos no início uma ideia clara do tempo que iremos precisar para obter os primeiros resultados? Ou será que somos totalmente “sem noção” quanto a isso? Pode até ser que o tempo seja bem coerente no início, mas precise de um prolongamento no meio do caminho. Temos essa noção também? Se precisa ou não e quanto tempo mais?
Além de ter noção do tempo necessário para colher os frutos em cada situação de vida, em cada coisa na qual nos “metemos”, será que estamos também tendo noção de qual realmente serão as tarefas necessárias para fazer com que nosso objetivo dê certo? Será que não estamos esperando “cair do céu” ou estamos de braços cruzados, achando que as coisas acontecem sozinhas ou simplesmente vão dar certo, como num passe de mágica? Embora eu acredite que sim, certas coisas precisam fluir para sinalizar que darão certo, isso não significa que eu espero parado enquanto espero as coisas acontecerem. Existe uma atitude necessária e um esforço para se alcançar objetivos.



leia a continuação deste artigo: "Teimosia x Persistência - parte 2"

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