A democracia iguala a todos. Em pelo menos um momento (a eleição),
temos todos o mesmo poder. O voto de alguém pobre na periferia tem o
mesmo valor do voto de um empresário, senador ou milionário. Todos
têm direito a 1 voto, com o mesmo valor. Certo? Nem tanto.
Será que o voto de alguém esclarecido, politizado, que dá seu voto
conscientemente por convicção e não em troca de favores vale o
mesmo do que aquele que vende ou anula o voto? Na ação efetiva do
voto, o resultado e a força são os mesmos?! Ou seja, ambos serão
contados da mesma forma, mas um foi dado em troca de um favor e outro
foi usado como exercício de cidadania, na construção da
democracia.
Cheguei mesmo a ouvir certa vez de um teólogo que não é justo que
o voto de um filósofo, por exemplo, tenha o mesmo peso do voto de
alguém que é semi-analfabeto. E é justo?
Creio que não é justo, mas também não acho que o peso é igual.
Exceto por omissão daquele que é mais esclarecido. Embora, na urna,
o voto tenha o mesmo peso no momento da contagem, no processo de
escolha antes das eleições, aquele que é politizado e mais
informado tem uma influência muito maior do que alguém que não tem
informações suficientes para escolha.
Por exemplo: um professor de faculdade exerce influência sobre seus
alunos em vários aspectos, inclusive no político. Um líder
religioso (pastor ou padre, por exemplo) tem influência sobre os
fiéis, assim como um líder de bairro, um empresário, um artista ou
qualquer pessoa que exerça influência sobre outros. Dessa forma, o
voto deste vale mais: vale o dele e o de outros que por ele foram
influenciados, mesmo que votem em candidatos diferentes!
E tem de ser assim!
A influência precisa ser exercida. Nem sempre na indicação de um
candidato específico. É preciso que os “formadores de opinião”
possam influenciar as pessoas na forma de votar, na maneira e nos
critérios utilizados para a votação. Votar consciente, com
objetivo e honestidade. E assim não mais veremos votos vendidos por
R$ 50,00 ou por uma cesta básica. Muito menos vendidos por
promessas. É preciso que se divulgue a idéia de que o voto é algo
realmente importante, para ser usado com consciência, aprovando ou
desaprovando um candidato. Por exemplo, se estamos cansados de
corrupção, não podemos dar o voto a alguém que tem atitude
corrupta, corroborando suas atitudes.
Vamos influenciar o voto uns dos outros. E deixar que cada um escolha
seu candidato!