quarta-feira, 28 de março de 2018

Sobre a greve dos servidores públicos em Limeira


Estão pedindo 12% de reajuste, num período em que a inflação foi de 2,84% segundo o IPCA e não chegou a 4% em nenhum outro índice de medição. Agora vamos ver os méritos de se pedir um aumento desses e os motivos pelos quais estão fazendo greve.
Primeiro, vamos analisar os objetivos de uma greve, nos âmbitos da iniciativa privada e do poder público. A greve, ferramenta de busca pelos direitos de um trabalhador, muito usada no passado, é um direito garantido em constituição. Significa que um trabalhador não pode ser penalizado por fazer a greve, não pode ser demitido por isso, desde que ela tenha sido aprovada em assembleia da categoria, geralmente conduzida pelo sindicato. Mas ser um direito não quer dizer que ela deva sempre ser usada, em qualquer situação e de qualquer maneira. Parece que os trabalhadores atuais se esqueceram dos objetivos de uma greve.
No âmbito da iniciativa privada, o que ocorre é que quando numa grande empresa ou num segmento (metalúrgicos, por exemplo), todos os funcionários entram em greve, a produção para. O empresário fica sem produzir e terá prejuízos, ainda mais se tiver que cumprir com prazos de entrega a clientes importantes, pois pode perder não apenas aquele pedido, mas o cliente como um todo. Quando os funcionários entram em greve, a fim de pressionar um empresário, o interesse está em fazer o empresário ceder a fim dele não ter prejuízo e dos funcionários conseguirem o que querem: aumento de salários, mais benefícios etc. Há muitas outras questões envolvidas aqui, mas geralmente o empresário ouve as reinvidicações e entra-se num acordo que seja aceitável para ambos os lados. Neste caso, só existem 2 partes envolvidas. Os clientes daquela empresa só querem saber de seus pedidos atendidos, não estão nem aí para a greve. Se aquela empresa não os atender, alguma outra o fará. Aqui também há jogo político, mas funciona de outro jeito. Não vou entrar em detalhes disso agora.
Já no âmbito do poder público, a dinâmica é diferente. O servidor público entra em greve para que a população fique sem os serviços a fim de pressionar os políticos responsáveis a lhes atenderem em suas reinvidicações. E aqui, há de se considerar muitos pontos, dos quais vou resumir em 3.
Primeiro, considerar que os serviços públicos são de caráter mais necessário, mais básico às necessidades do ser humano (o poder público não oferece peças automobilísticas para montadoras, mas educação, saúde e segurança) e os que recebem o serviço público são geralmente os mais necessitados, por não terem condições de pagar pelo particular. Por isso, pessoas de carne em osso, com necessidades reais (uma consulta necessária, filhos indo para a escola etc.) são afetadas. Depois, há de se considerar que a dinâmica tem muitos elementos mais políticos do que simplesmente fazer o “patrão” sentir no bolso o prejuízo. Na iniciativa privada, quem é afetado pela greve e sente o prejuízo é o próprio que irá (ou não) conceder o aumento.
Segundo, no poder público, o político não sente nada. Não é afetado pela paralisação. Os prejudicados são outros. Ele só irá atender se houver uma pressão popular, a fim de ameaçar sua posição e ambição política. O político em si não sente nada com a paralização. Prejudica-se uns para tentar motivar outros a tomar atitude. E prejudica-se os mais necessitados. Não me venha, portanto, o sindicato dizer que está lutando pelos trabalhadores. Está prejudicando todos os trabalhadores que são prejudicados com esta medida. Portanto, a questão da greve, no poder público, é uma questão geralmente política. Ganhar o que se quer através da pressão popular, causada provavelmente por causa do seu prejuízo. Além disso, e ainda mais em tempos de contribuição sindical não ser mais obrigatória, parece apenas uma maneira do sindicato “mostrar serviço”, em detrimento dos trabalhadores que necessitam dos serviços públicos.
Terceiro, deveríamos considerar então que no poder público, para que a população exerça pressão popular, deve se solidarizar com os anseios do funcionalismo público. Embora, no final das contas, a ideia seja essa, a estratégia do sindicato é totalmente equivocada. Primeiro porque a população, que neste caso é parte diretamente envolvida no processo (diferente da iniciativa privada), nem é chamada para as negociações. Fica de fora. E não me venha falar que algum vereador faça parte disso, porque os poderes legislativos deixaram há muito tempo de representar a população, suas decisões são tomadas com bases em conchavos políticos. Eles nem fazem uso dos serviços públicos também e não sabem sequer como são prestados esses serviços e nem são afetados pela paralização dos mesmos. Então o sindicato erra porque não procura trazer a população para perto de si e tentar demonstrar seus motivos, a fim de ganhar apoio da mesma. Só ganha a inimizade.

Mas vamos aos méritos. Em Limeira, o sindicato pede 12% de reajuste. Talvez seja aquela velha e ultrapassada jogada de dar um percentual alto para depois ir descendo na negociação e chegar na média entre 2,84% oferecidos (que está de acordo com o índice da inflação) e estes 12%.
Também fiquei sabendo que em Limeira o funcionalismo no geral tem recebido seus reajustes anuais. Diferente de outras prefeituras e governos (de outras instâncias inclusive), onde algumas categorias não são reajustadas há 3, 5 ou 10 anos, ou em locais onde, na atual crise, alguns funcionários estão sem receber salários, 13ºs etc. Não que eu esteja querendo ver o pior lado e dizer que devemos aceitar o que tem de pior. Pelo contrário, acho que temos de lutar pelos direitos e, neste sentido, estou com o funcionalismo público, especialmente os professores, cujos salários precisam realmente ser melhorados, de uma forma geral.
Mas daí dizer que o sindicato tem motivos para pedir 12% neste ano, com a atual conjuntura econômica-social-política vivida no Brasil e considerando a situação de Limeira, que está em dia com os pagamentos e tem oferecido reajustes anuais, aí já é demais. Ainda que estivessem pedindo isso, mas não paralizassem os serviços, prejudicando a população, seria até compreensível, para colocar a média dos percentuais na mesa de negociação. Mas daí a prejudicar o povo para pedir 12%, ora, faça-me o favor! Vocês precisam se atualizar e entender que a história avança, que a atual situação é diferente. Para conseguir o apoio da população, a fim de pressionar os políticos, esse caminho está equivocado.
Primeiro porque o serviço público, de uma forma geral, nem é tão bom assim. Na iniciativa privada, quando alguém individualmente vai pedir aumento, precisa justificar o que fez de bom para a empresa, em que colaborou para a melhoria da empresa e seus lucros, a fim de justificar esse aumento. Inclusive em negociações coletivas, esse é um dos pontos a ser colocado na mesa de negociações. Mas e no poder público? O que os funcionários apresentam como melhoria? Sou frequentemente atendido por pessoas que não tem a mínima capacidade de atendimento. Ou não têm educação. Ou não sabem dar atenção ao público. Não só comigo. Vejo muitos cidadãos passando por isso. Claro que existem também os ótimos funcionários no poder público. Aqueles que fazem um ótimo serviço. Tenho muitos desses exemplos também. Mas as maçãs podres estragam o todo. E, no setor público, o grande problema é que não se tem como eliminar essas maçãs podres, por causa da tal estabilidade. Os maus convivem junto com os bons funcionários, causando 2 grandes problemas: primeiro, levando uma ideia errada sobre a qualidade do serviço público para a população, que quando é atendida por um desses do time dos incompetentes e incapazes, acaba tendo a ideia de que todo o serviço público é péssimo. Assim, os bons pagam pelos maus funcionários, porque a população vai sentir mesmo quando precisar e não tiver um bom atendimento, pelo qual, diga-se de passagem, paga um preço bem alto através de impostos. Não tem nada de gratuito nisso. O segundo problema é interno. Já que os maus funcionários (incompetentes e mal educados) convivem com os bons, nas mesmas condições e ganhando inclusive os mesmos salários (às vezes até mais), então isto desmotiva os bons e, com o tempo, a qualidade do serviço é nivelada por baixo, porque se perde a motivação para se fazer um bom trabalho, por mais que se tenha vontade para fazer isso, tornando um ciclo que só piora a qualidade geral do atendimento com o tempo. Brigar por aumento de salário para todos, de uma forma igual, tanto para quem trabalha bem quanto para quem faz um péssimo serviço, é uma péssima estratégia. Mas que infelizmente é chancelada pela legislação.
A realidade para muitas pessoas da iniciativa privada hoje é o desemprego. Dependem ainda mais do serviço público. Muitos trabalhadores da iniciativa privada não estão tendo condições de sustentar suas famílias adequadamente. Daí, o funcionalismo público pedir 12% num período que muitas empresas estão demitindo para poder fornecer pelo menos o dissídio é no mínimo falta de sensibilidade por parte do funcionalismo público, para não dizer burrice do sindicato. Não tem como conseguir o apoio e a simpatia da população dessa maneira.
Acho que todos temos de lembrar da situação atual pela qual passamos.
Creio que a melhor estratégia do funcionalismo público hoje seria mostrar para a população suas reinvidicações com méritos (não 12%, por favor!), mostrar o que tem feito de bom, para merecer isso, e pedir o apoio dos mesmos. E não prejudicar a população. Fico feliz que algumas escolas decidiram oferecer as aulas para seus alunos e continuar lutando pelos seus direitos. É isso aí. Continuem lutando, não prejudiquem as crianças, a população em geral. Se assim fizerem e granjearem o apoio, com certeza a população estará do lado de vocês. Neste caso, têm todo meu apoio. Caso contrário, só trará antipatia por parte do povo. Nestes tempos de crise, numa cidade que tem mantido o salário em dia e os reajustes anuais também, se pedissem 3 ou 4%, talvez 5% para os professores, na atual conjuntura, estaria de bom tamanho. Apenas para manter a atual situação, e não ocorrer defasagem. Se as coisas melhorarem, nos próximos anos pode-se buscar uma melhoria geral. Até porque, se as coisas continuarem assim (e espero que mudem), logo logo os professores estarão ganhando o mesmo que os engenheiros, mas por causa do achatamento do salário daqueles, porque na iniciativa privada o nível dos salários é bem variável, conforme a regulação do mercado e da economia.
E a nossa luta é para que o Brasil, como um todo melhore. Que ninguém tenha seu salário achatado. Nem engenheiros, nem professores, nem funcionários públicos, nem aposentados, nem faxineiras, nem entregadores, nem administradores etc.
Creio que o prefeito poderia lembrar que estamos em crise. Claro que não dá para fazer de tudo com o orçamento que se tem. Então é necessário escolher. Serviços essenciais são prioridade. Atender à população que mais precisa é prioridade. Talvez com alguns cortes em serviços não essenciais para um todo, que acabam atendendo apenas a pequenos grupos de interesse permitisse ao orçamento melhorar um pouco as condições gerais. Gestão também é isso, cortar onde precisa, em questões secundárias.
À população, gostaria que todos lutassem também por um serviço melhor. Que reclamasse quando são mal atendidos, que façam reclamações por escrito, com número de protocolo na prefeitura para que eles vejam realmente o problema que existe. Que apoie sim o funcionalismo público que faz um bom serviço. Esses têm meu total apoio. Dou meus parabéns a todos aqueles que fazem um bom serviço. Mas não se deixem nivelar por baixo. Não se desmotivem por causa daqueles que não trabalham direito, ao lado de vocês. Os maus deveriam poder serem tirados do sistema (ou melhorarem sua conduta e seu serviço, quando possível), para o bem da população e dos bons servidores. Por enquanto, isso não é possível. Mas que a população também não aceite ser prejudicada com paralizações sem mérito, que mais parece jogada política para prejudicar esse ou aquele político, porque mérito não tem.
Os servidores públicos não devem se deixar levar como massa de manobra, mas lutar pelo que é certo e justo. Se tivessem com salários atrasados, com falta de reajuste por anos, apoiaria a greve e seria o primeiro a dizer para o governo que precisa acertar as contas. Não é o caso.
Greve, agora, não dá, né.




domingo, 25 de março de 2018

Teoria da Evolução



A questão da evolução, desde que surgiu, foi muito mais uma questão religiosa e ideológica do que científica. Não pelo fato em si, mas pela maneira como todos sempre trataram desta questão e como ela se apresentou. De todas as partes, não apenas deste ou daquele grupo. A começar do próprio Darwin e sua esposa. Ele demorou muito mais para publicar, receoso da reação que suas ideias poderiam trazer. Sua esposa, com medo de ele (um homem religioso) ir para o inferno por causa disso. Não iria. Não por causa disso. As ideias que ele trouxe não são um problema tão grande assim. As pessoas que se utilizaram de suas ideias é que tornaram a questão muito mais do que realmente era. Isso porque quem depois entrou em contato com seus estudos também levaram a questão para o lado ideológico e religioso, muito mais do que o científico.
A questão da origem da vida tem sido estudada por milênios. Todos os grandes cientistas / filósofos da história sempre se fizeram esta pergunta. Alguns se dedicaram mais exclusivamente a essa busca, outros de forma mais secundária. Mas é uma questão central. Porque nos responderia questionamentos, daria um sentido à nossa vida e por tantos outros motivos. A Bíblia trouxe essa resposta também, há milênios. A única que tínhamos até surgir Darwin. E, na verdade, o grande mérito dele foi conseguir trazer uma alternativa de resposta a essa questão, que antes tinha uma resposta exclusivamente bíblica. Muitos tentaram trazer uma explicação alternativa. Ninguém conseguiu. Darwin foi quem mais chegou perto. Não tanto pelas respostas em si, mas pelo momento histórico que vivia o mundo. Já falaremos disto.
Prova de que até hoje em dia a questão é mais religiosa, vinda de todos os lados, é uma reportagem da veja publicada alguns anos atrás (edição 2099, de 11/02/2009) a partir da pág. 73. A articulista utiliza os parágrafos introdutórios falando apenas da questão ideológica e religiosa da questão, preocupada em colocar um viés de que o fato de alguns não aceitarem a “teoria” da evolução como científica é um absurdo. Na introdução e durante todo o artigo, não são apresentados fatos científicos. Nenhum reultado de nenhuma experiência que tenha comprovado a origem da vida, ou fósseis que mostrem os elos perdidos. Apresenta os fatos de sempre, que não provam nada e um forte viés religioso, sempre repetindo que a teoria é científica, mas sem mostrar porquê, sem apresentar as provas, como se fosse um absurdo não acreditar nesta teoria. Na verdade, como a teoria da evolução não tem comprovação científica de acordo com os parâmetros modernos da ciência, então para acreditar nela é também uma questão de fé. Assim como o que está na Bíblia precisa ser acreditado por fé. E, neste caso, é assim mesmo, da mesma forma a teoria da evolução também depende de fé para ser crível, porque não há comprovação científica para ela, embora muitos que a defendem (volto a dizer por motivos religiosos e ideológicos) fiquem repetindo que é científica, como que para fazer isso entrar na cabeça das pessoas, como uma verdade.
Mas já explico porque de toda essa opinão. Eu também apresento esta questão de forma ideológica / de fé, porque assim o é. Mas vamos entender porque é assim. Sempre foi.
Lamarck, precursor de Darwin, defendeu, dentre outras coisas a teoria da geração espontânea. Numa de suas experiências, colocou roupas sujas, alimentos e outras coisas numa sala fechada. Dias depois, ao surgirem ratos e outros bichos lá dentro, ele concluiu que eles tinham surgido a partir da matéria em decomposição naquela sala. Claro que isso foi refutado depois e hoje parece absurdo. Mas uso este exemplo para lembrar que naquela época (Lamarck publicou seus estudos em 1809 e Darwin em 1859), ainda não se conheciam as teorias da microbiologia e a presença dos seres vivos microscópicos que alteram a forma dos compostos orgânicos, capazes de fazer, por exemplo, com que um alimento estrague, que o cheiro alterado atraia algum outro animal. Portanto, os ratos e outros bichos não surgiram do nada na experiência de Lamarck. Os micro-organismos existentes comprovadamente pelas experiências de Pasteur (estudos publicados em 1849) alteraram aqueles alimentos e atraíram os ratos e outros bichos. Hoje, isso parece óbvio, mas é o que a fase do conhecimento da época permitia que os cientistas acreditassem. Hoje é a mesma coisa. Muitos conhecimentos ainda dependem de comprovação ou de experiências a mais. A teoria da geração espontânea, aceita por Lamarck, durou séculos, desde Aristóteles (séc. III a.C.) até que Louis Pasteur comprovou sua impossibilidade por experiências repetidas e comprovadamente mantidas até hoje. Porque isso é ciência, quando uma ideia pode ser comprovada repetidas vezes por experimentos.
Pouco tempo depois de Darwin publicar seu livro “A Origem das Espécies”, outro estudo deu novos rumos ao conhecimento genético. Gregor Mendel, apenas 6 anos depois da publicação de Darwin (em 1865), apresentou seus estudos sobre hereditariedade, e mostrou como o cruzamento de indivíduos diferentes DE UMA MESMA ESPÉCIE trazem os resultados em seus descendentes. Explicou porque duas pessoas altas, quando geram filhos, a possibilidade de que eles sejam altos é grande. Suas experiências foram com ervilhas. Mas são o início da moderna genética. Ou porque às vezes as características genéticas são herdadas dos avós e não dos pais. E outras questões também. Junto com isso, que deu início aos etudos da genética, que hoje levaram ao conhecimento do DNA, é possível provar que uma espécie jamais se transformará em outra. Seus estudos evoluiram nos dias de hoje para provar que se um indivíduo tem herança genética gravada em seu DNA, para dizer que ele é um elefante, por exemplo, esse indivíduo jamais será transformado em outro tipo de ser, outra espécie, que venha a ser uma nova espécie. A memória genética mantém o ser e suas características, que o definem como a espécie que é. As mutações, nestes casos, quando são anomalias ou defeitos genéticos, não são transmissíveis para as próximas gerações. São eventos isolados e, portanto, não dão continuidade às transformações para gerar evolução. Mas Darwin não tinha essas informações, já comprovadas por experiências e por um dos conhecimentos mais certos da atualidade: o DNA. Hoje, essa é uma prova de que jamais uma espécie poderá se transformar em outra. O DNA é fixo. Até mesmo o simples cruzamento de 2 espécies diferentes, quando geram herdeiros (geralmente não geram), estes herdeiros são estéreis, não passam para a próxima geração, impossibilitando a continuidade de uma evolução e novas espécies.
Estes são alguns exemplos de outros estudos, da época de Darwin, que complementam os conhecimentos apresentados na teoria da Evolução, para nos ajudar a entender tudo.
Nenhum destes outros estudos foram tão polêmicos quanto Darwin. Nem tiveram a mesma publicidade. E eles corrigem a direção dos estudos de Darwin. Mas parece que muitos os ignoram. Por quê? Justamente, porque a questão da evolução não é, nem nunca foi científica, ou encarada desta forma, por parte daqueles que a divulgaram. Sua propagação teve motivações diferentes da científica.
Neste momento, é importante um esclarecimento. Vamos separar 2 tipos de evolução.
O primeiro, aquele tipo de evolução de adaptação de uma espécie ao meio ambiente, permitindo que alterações em sua anatomia melhorem suas condições de sobrevivência em um local, numa determinada época. Isso explica os bicos dos tentilhões que Darwin viu em Galápagos e a questão do aumento de tamanho do pescoço das girafas. As girafas já tinham pescoço comprido. Talvez não tanto. Mas, basicamente, a anatomia toda já estava preparada para ter um pescoço comprido. A evolução permitiu que o aumento do tamanho do pescoço ajudasse cada vez mais a conseguir alimentos nas copas das árvores em momentos difíceis. E conseguir esses alimentos permitiu que as de pescoço mais altos tivessem mais chances de sobrevivência. Mas ela sempre foi e continua sendo uma girafa. Até mesmo alguns seres humanos, quando vivem de forma gregária, adquirem, em determinadas regiões características específicas que facilitam sua adaptabilidade e sobrevivência. Moradores de regiões altas, como o Tibet, apresentam uma ótima adaptação para o aproveitamento de oxigênio em locais com ar mais rarefeito. Também podemos ver em grupos como tribos de pigmeus (humanos de estatura bem baixa, embora não sejam anões) que mudanças na estrutura anatômica são visíveis e possíveis em determinados grupos, em determinadas épocas. Nenhuma destas alterações faz com que os indivíduos se tornem outra espécie. Continuam sendo humanos. Todas essas mudanças são possíveis e normais. Ajudam os indivíduos a se adaptarem às condições do ambiente para sobreviverem. É observada inclusive em humanos, conforme os exemplos acima. O que nunca se observou, foram mudanças do tipo surgimento de um novo órgão no corpo, que venha a ser transmitido a gerações futuras, ou desaparecimento de um órgão. Mesmo com as adaptações, a espécie continua a mesma. O bico aumenta ou diminui, o pescoço idem. Mas a espécie não se transforma em outra. Esse tipo de evoução não é problema religioso, moral ou ideológico. É perfeitamente aceitável, observável e necessário para a sobrevivência. É cientificamente aceita e já foi comprovada por observações repetidas. Nem gera problemas éticos, morais, religiosos ou ideológicos. Este tipo de evolução existe.
O outro tipo de evolução é o mais amplo. Quando, a partir destas observações iniciais (que foram as que Darwin pôde comprovar), tiram-se conclusões que não puderam nem podem ser observadas, nem comprovadas. Esse tipo de evolução diz que uma espécie, após milhões de anos de adaptações se transforma em outra espécie. Aqui começam os problemas. Primeiro porque isso começa a gerar uma série de perguntas. Aquelas do tipo: se o homem veio de um primata, de onde veio esse? E o seu ancestral? E o primeiro ser vivo, de onde veio? E a matéria no universo, que teria dado origem a tudo, veio de onde? E assim a pergunta prossegue, chegando ao big bang, quando, todos os cientistas concordam, ninguém é capaz de dizer qual teria sido a origem do material que originou o big bang. Neste ponto, até os mais céticos acabam cedendo à possibilidade de um criador, que teria fornecido o material inicial para o big bang. Então, por que não admitir a participação deste criador no restante do processo? Vejam que a questão não é científica. Também o fato da demora de milhões de anos para estas transformações tornam sua observação e consequente comprovação impossíveis. Outra questão da evolução que sugere a criação de novas espécies a partir de outras é a total falta de elementos de transição. Nunca se acharam fósseis de seres que comprovem as alterações graduais. Aliás, quando se fala em fósseis, temos algumas poucas dúzias deles. E, com base nestes poucos fósseis, os cientistas chegam a conclusões de novos tipos de humanos (neandertal, cro magnon etc etc.) baseados em apenas 1 ou 2 indivíduos encontrados em cada grupo. E com essa pouca amostragem, chegam a dizer que são grupos diferentes, de épocas de evolução do ser humano. Mas e se esses exemplares encontrados pertenceram a pessoas (indivíduos) com doenças? Se alguém encontrasse hoje um fóssil de um humano que teve aquela doença “cara de leão”, ou o fóssil de um pigmeu, de um anão etc. Será que não concluíriam que era um outro tipo de ser humano, na escala evolutiva, apenas por diferenças de características anatômicas?
Nenhuma experiência científica conseguiu, até hoje, criar vida a partir de elementos sem vida. O máximo que se conseguiu foi transformar compostos inorgânicos em orgânicos. E isso, com muito esforço e manipulação humana. Não ao acaso. Apenas com a participação de seres humanos inteligentes. Mas isso não foi a criação de um ser vivo. Aminoácidos são compostos orgânicos. Mas não são seres vivos. Não são células, unidade básica de um ser vivo.
Nenhuma experiência científica foi capaz de transmutar uma espécie em outra. Fazer surgir um lagarto a partir de outro ser por exemplo. Que tenha comprovação de o DNA de um descendente indicar ser uma espécie diferente da original.
Para ser ciência e uma ideia ser considerada uma teoria comprovada, precisa passar por reiteradas experiências. Em todas as experiências, feitas sob as mesmas condições, é necessários que os resultados sejam os mesmos. Por exemplo, eu posso afirmar que papel pega fogo porque em qualquer lugar do mundo, em qualquer época, se eu pegar um pouco de papel e colocar fogo nele, ele irá se consumir. Todas as vezes. Então isso é um simples fato, mas que tem uma comprovação científica. Nas mesmas condições (papel seco, presença de fogo etc.), o resultado será sempre o mesmo. O mesmo para aquela lei dos corpos em queda, que diz que uma bola de boliche e uma pena, se soltas de uma mesma altura, num vácuo, chegariam ao chão ao mesmo tempo. Galileu afirmou isso e testou na torre de Piza, jogando objetos de diferentes tamanhos, os quais chegaram ao chão ao mesmo tempo. Newton e Einstein comprovaram sua teoria. Recentemente, com a tecnologia para se criar uma câmara de vácuo, comprovou-se mais ainda esta teoria, quando foram jogadas do alto, de dentro desta câmara, uma pena e uma bola de boliche. As duas chegaram ao chão exatamente no mesmo momento. Houve comprovação por experimentos, cada vez mais precisos, para tornar esta ideia de Galileu numa teoria comprovada e numa lei da física.
Então, mesmo que alguém um dia consiga fazer uma espécie se transformar em “outra”, ainda será necessário que essa mesma experiência possa ser repetida outras vezes, sob as mesmas condições, para comprovar o ocorrido. Isso para afastar a possibilidade de que a alteração tenha ocorrido por alguma anomalia específica do momento.
O primeiro tipo de evolução, que foi a que Darwin deu atenção, não tem problema algum para cristãos ou qualquer outro grupo. É algo perceptível e aceitável. Comprovado por observações.
Já o segundo tipo de evolução (mudança de uma espécie em outra, chegando ao “surgimento” do ser humano, descendente de algum primata), não é possível, não tem comprovação por experimentos (o que tornaria essa ideia comprovadamente uma teoria, uma lei científica) e tem motivações totalmente morais, religiosas e ideológicas. E foram essas motivações que fizeram com que essa teoria atingisse o nível que conhecemos hoje, no mundo.
Mas vamos explicar esse outro lado agora.
Primeiro temos que ter uma pequena noção da época e dos eventos históricos que ocorriam na época do surgimento destas teorias (Lamarck, Darwin, Pasteur, Mendel e tantos outros). Na virada do século XVIII (entre 1789 e 1799), ocorria a Revolução Francesa, com suas ideias de liberdade, igualdade e fraternidade. Com o Renascimento e depois o Iluminismo, que culminou na Revolução Francesa, o homen aos poucos foi buscando sua separação da igreja (católica) e dos seus dogmas, a fim de poder viver mais livremente. A própria Reforma protestante trouxe grande gás a esse período. Na Idade Média, também conhecida como idade das trevas, a sociedade foi marcada pelo abuso da igreja católica, que forçava seu dogma sobre as pessoas como meio de dominação, para que seus clérigos pudessem usufruir dos benefícios do poder. Galileu Galilei foi uma das últimas vítimas da força da igreja sobre a ciência. Por motivos igualmente ideológicos, a igreja não queria que a terra (criação de Deus) fosse “renegada” à categoria de corpo celeste secundário, colocando o sol no centro. Todas as observações e comprovações científicas provavam ser o sol o centro. Mas Galileu, que também comprovou isso, não quis bater de frente nesta questão, pois a igreja, com seus dogmas, determinava ainda o que era verdade ou não, baseado naquilo que acreditava ser necessário sustentar para validar suas crenças.
Mas Galileu ainda estava no final da fase em que a igreja tinha essa força. Ele viveu no início do Renascimento, quando a ciência começa a clamar por suas convicções. A Igreja, já não tão forte, primeiro pela queda do Império Romano (1453), que tirou boa parte de suas forças, depois pela Reforma Protestante (1517), que abalou ainda mais suas bases e pouco depois ainda pelo movimento dos anabatistas e os chamados radicais (1700), que pregavam a insistente separação entre igreja e estado, foram aos poucos tirando esse poder temporal das mãos da igreja católica. Só lembrando, até então a igreja detinha o poder espiritual e o temporal. Ela é que mandava nos líderes, nos reis. Os bispos determinavam o que os reis fariam. Concomitante a isso, a ciência voltava a evoluir. A Reforma protestante pregava a busca do conhecimento como um dos fatores de liberdade humana, para não depender dos dogmas impostos pelo clero. Pregou que o ser humano deveria ler a bíblia por si mesmo (não ouvir por parte dos padres e sacerdotes), deveria estudar (o protestantismo inseriu o conceito de escola pública, oferecida a todos) e buscar o conhecimento geral por si próprio. Nesta mesma época, houve a invenção da imprensa de Guttemberg (1439) que possibilitava a disseminação das ideias tanto teológicas, filosóficas, científicas, promovendo o crescimento em todas essas áreas. As produções científicas e filosóficas ganharam grande força. Leonardo da Vinci é outro dos grandes expoentes desta fase (1452-1519).
O que tudo isso tem a ver com a evolução?
Todo esse processo ocorrendo, as pessoas buscavam se livrar daquele domínio religioso imposto pela igreja católica durante a idade média e agora minado por todos os lados. As pessoas queriam se livrar dessa prisão, que as mantinha ignorantes e presas ao misticismo do clero, que o impunha para dominar a população. O objetivo era o de sempre. Se todos soubessem que nem tudo o que eles diziam era verdade, não se submeteriam aos abusos do poder da igreja. Ainda hoje é assim. A educação e o conhecimento libertam, parafraseando a Bíblia, que diz que a verdade liberta.
Agora, depois de tantas descobertas científicas, do avanço do conhecimento que já havia deixado para trás o domínio baseado em dogmas e do momento da busca por liberdade, fraternidade e igualdade, o homem deseja se livrar do domínio de Deus. Quer decidir a própria vida. Quer escolher seu próprio caminho e não mais se submeter a um ser dominador.
Veja, Deus não tem nada contra a busca do conhecimento e a ciência. Ele mesmo criou a natureza com todos os seus recursos para serem explorados (apenas que o sejam de forma sustentável, para não destruir tudo). Deus não é contra a biologia, física, medicina, filosofia ou qualquer outro conhecimento humano. A própria Bíblia orienta a buscarmos o conhecimento e a sabedoria com tudo o que temos de mais precioso.
Quem não queria que todos buscassem o conhecimento eram os líderes religiosos, que se afastaram da verdade de Deus e usavam sua posição de supostos “representantes” de Deus para dominarem as pessoas. Para isso, precisavam manter as pessoas na ignorância. Toda dominação, para ser exercida, precisa manter os dominados na ignorância. Deus não é contra o conhecimento. Pelo contrário, ele incentiva isso de várias formas. Os falsos homens de Deus dominadores é que são. Até hoje.
Confundiram o domínio que o clero católico impingiu, baseado em sua suposta autoridade de representante de Deus. O que vale a pena esclarecer aqui é que a autoridade vinda de Deus é dada a quem tem uma vida reta e exemplar, segundo os parâmetros divinos, não a quem simplesmente tem uma posição ou um cargo eclesiástico. A grande imoralidade dos líderes da igreja nesta época foi um dos principais motivos para sua queda de influência. O que confere autoridade é a moralidade (a verdadeira, não a hipócrita) e não o contrário.
Pelo péssimo exemplo de uso (e abuso) de autoridade da igreja católica, é perfeitamente normal que as pessoas quisessem se livrar de toda essa autoridade. E muito compreensível que estendessem para Deus a lógica de que Ele também é um tipo de déspota. A lógica vinha do exemplo da igreja católica durante séculos.
Então, nesse momento, para viver a liberdade tão sonhada e pela qual lutavam (Revolução Francesa, inclusive) o ser humano estava ávido por poder dizer que era dono de seu próprio nariz. Para poder fazer as coisas da forma que quisesse. Até então, Deus era o Senhor e dominador, ao qual devemos prestar contas de nossos atos. Até hoje, eu e tantos outros cristãos creem assim. Prestar contas da vida a Deus. Mas ter de prestar a um ser superior limita a liberdade, segundo alguns.
A lógica é a seguinte: Se foi Deus que criou o mundo, o homem e todas as coisas que existem, então como criador, Ele tem o direito de estabelecer as regras e cobrar pelo seu cumprimento. Mas se não existe um criador, se tudo o que temos aqui é fruto do acaso, então o ser humano se vê livre de prestar contas. A presença de um criador define quem estabelece a moralidade, quem estabelece as regras, quem as cobra.
Então, quando a ideia da evolução trouxe uma possível explicação para a criação do mundo sem a participação de Deus, mesmo que cientificamente ainda não tivessem provas, muitos desejaram divulgar e disseminar essa ideia como alternativa à versão bíblica.
A teoria da evolução encontrou eco inlusive entre aqueles que desejavam justificar seu domínio. Queriam tirar o domínio da igreja, mas trazer para si o domínio (algo como a ditadura do proletariado). A questão não é se tem um domínio de uns homens sobre os outros. A questão é quem domina. Mas se existe um Deus, então Ele é o único dominador. Não os homens, uns aos outros. Eu posso aceitar a dominação de Deus, um ser perfeito, todo poderoso, feita com amor. Não posso aceitar a dominação de outro ser humano, tão falho quanto eu, não importa a posição que ocupe. Posso aceitar a liderança de outro ser humano. Não a dominação.
Mas nesta época, para estes pensadores que desejavam tomar as rédeas do próprio destino, era essencial definir e estabelecer que não existe um Deus criador. O Criador é dono de tudo e tem o direito ao domínio, pelo fato de ser o criador. E a teoria da evolução caiu como uma luva para estes. Ter uma alternativa para explicar a Bíblia era tudo o que precisavam naquele momento. E sequer esperaram por comprovações. Apenas alguém publicou suas ideias, e já foram disseminadas, valorizadas. A Bíblia e a história da criação passou a ser tratada como um mito, uma lenda. Eles dizem que são ignorantes quem acreditam neste tipo de conto. Mas a teoria da evolução ainda está na mesma categoria. Aquela evolução de criação de novas espécies. Ainda é um conto. Não tem comprovação. Ninguém conseguiu ainda realizar experimentos repetidos para gerar vida, transformar um ser em outro etc. E muitos já tentaram. Muito já foi feito de experiências neste sentido. Nada aconteceu.
E não acontecerá.
Simplesmente porque Deus nos deu a natureza e a criação para explorar, mas também nos deu limites. Aquilo que compete a ele, não será permitido ao homem realizar. O ser humano já tem uma vasta área de atuação para tomar seu tempo.
O fato da teoria da evolução ter sido tão difundida é, na verdade, uma campanha de marketing, para fazer pensar que a bíblia é um conto, um mito, uma lenda e a teoria da evolução é ciência. Mas não é. No estágio atual, a teoria da evolução que preconiza a geração de novas espécies também é um conto, uma lenda. E isso tem sido repetido à exaustão para fazer tentar passar uma mentira como verdade, para satisfazer esse interesse da independência e liberdade humana.
Desnecessário.
O Deus de amor que criou tudo isso para nós também coloca as regras para nossa própria proteção e preservação. Ele existe. Ele criou tudo. Por isso eu devo obediência a Ele, às suas regras. E vou prestar contas disso tudo um dia. Como o versículo de Apocalipse, que diz que chegou a hora dos homens que destroem a terra serem destruídos. Mas isso não é uma questão científica. É uma questão de fé.



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sexta-feira, 9 de março de 2018

Cada macaco no seu galho


A expressão que emprestei para dar o título a este artigo é um ditado popular que chama a atenção para o fato de cada um dever cumprir com seu próprio papel na sociedade, que cada um deve fazer a sua parte, não invadindo a tarefa alheia para executá-la, nem deixando de cumprir com a sua.

Pois bem: este é um ano eleitoral, muita coisa vai acontecer e penso que teremos muita movimentação política no segundo semestre. Afinal, a polarização política está numa de suas fases mais intensas da história. Mas há uma dificuldade: se a dimensão da rivalidade é grande, não o pode ser a clareza de tal distinção. Em comparação com a época da ditadura, com apenas 2 partidos, o governo e a oposição, hoje temos dezenas, talvez centenas.

O problema é que não há “linha ideológica” definida para cada partido. Os interesses se misturam e as mudanças dos políticos de um partido para outro tornam difícil saber qual a linha de trabalho e a ideologia de um determinado partido. Hoje em dia, não há mais direita ou esquerda claras.

Nesse clima político e considerando que, no Brasil, o ato de votar é obrigatório, o eleitor fica numa posição muito cômoda: já que é obrigatório votar, espera-se o “otário eleitoral gratuito”, ops, quer dizer “horário eleitoral gratuito” e escolhe-se o candidato que fala mais bonito, que tem mais argumentos, que se veste melhor ou tem um sorriso mais cativante, que produz um vídeo mais envolvente. Às vezes um que é engraçado ou brinca com coisa séria, mas que faça rir!

Como não há definição para se saber a linha ideológica de um partido e os candidatos apelam para o visual e emocional das pessoas com promessas e planos mirabolantes, próprios de quem abusa da falta de conhecimento da massa eleitoreira para ganhar votos e como o eleitor não se preocupa em procurar conhecer seu candidato, a eleição, em vez de ser algo que deveria durar 4 anos, geralmente dura apenas 2 meses! Mas quem sabe desta vez esteja diferente. O clima político tem feito parte de nossas vidas em cada esquina que se vira desde a última eleição para presidente.

Explico: A eleição é definida sempre no horário da TV, enquanto deveria ser definida e trabalhada na mente do eleitor durante os 4 anos de mandato do candidato à reeleição e dos outros candidatos que, na sua maioria, geralmente, ocupam cargos públicos em outras áreas e precisam ser observados por um bom período para se analisar o caráter e os ideais da pessoa e do partido.

Temos mudado. O simples fato de se falar de política ultimamente já é uma prova desta mudança. Votaremos sem errar desta vez? Não sei. Mas já andamos um pouco. Evoluímos. Melhoramos. Creio que podemos esperar, pelo menos, que não se elejam os corruptos, os condenados, os hipócritas que só se importam com o povo a cada 4 anos, que não se elejam os que compram votos, porque se um eleitor se vende, se se rebaixa a este nível, já não pode exigir nada, não tem o direito de reivindicar melhorias. Também não podemos eleger os incompetentes. Os desonestos. Espero que os eleitores tenham amadurecido o suficiente para não se deixar levar pela propaganda na TV, editada e bonitinha. Isso não reflete a realidade do dia a dia do político.

Os ideais não se medem pelo discurso do candidato, pelo que ele diz na TV ou no palanque. Os ideais se observam pelas atitudes, pela vivência do dia a dia público do mesmo.

Como cada macaco tem que estar no seu galho, os representantes públicos precisam entender e cumprir sua tarefa de representar o povo que o elege. E o povo, para cumprir com sua obrigação precisa, no mínimo, cumprir com três etapas: 1) conhecer o(s) candidato(a) para o(s) qual(is) deseja dar seu voto; 2) conhecer o plano de governo deste candidato e, se possível, ter uma cópia escrita dele em casa; 3) cobrar do candidato, se for eleito, o cumprimento de seu plano de governo, para fazer exercitar a cidadania e realizar a democracia de verdade.

Neste ponto, quero chamar a atenção para o eleitor e dizer que, se os homens públicos não têm sido bons homens públicos no governo, a culpa é do povo, que se omite e deixa que a falta de caráter predomine. A culpa é daqueles que acham que pequenas atitudes corruptas não são problema. Parafraseando um grande líder da humanidade, “tanto dói a maldade dos perversos quanto o silêncios dos virtuosos” (Gandhi).

sábado, 3 de março de 2018

O que queremos?


Tem um eterno candidato em São Paulo que sempre repete: “rouba, mas faz”, em alusão ao ato de fazer muitas obras, no típico modelo de “governante biônico”, indicado pelos militares à época da ditadura, cujo objetivo era encher de obras os cantos do Brasil. Este “rouba, mas faz” tenta justificar com o número de obras (que, não há de negar, geram empregos diretos, e arroxo indireto) o “direito” de furtar como espécie de “pagamento pelos bons atos realizados em prol do povo”! E cheguei mesmo a ouvir de pessoas que dizem que se todos os políticos roubam, então que pelo menos seja um que faça algo!!! Puxa, que mente! Espero que poucos pensem assim.
Graças a Deus, ultimamente, nas eleições, candidatos desta estirpe foram avisados nas urnas pela população que estão com seus dias contados. Claro que sobraram alguns, de algum Estado Brasileiro desinformado, coronelizado. Mas ainda chegamos lá.
Já ouvi também uma frase que serve de antítese a esta, que diz: “não roubamos, nem deixamos roubar”, embora continue sem fazer muito, com muito discurso, sem muita ação.
Nos últimos tempos, muita coisa que não costumava acontecer no Brasil tem acontecido. Políticos e empresários poderosos têm sido confrontados pela justiça e até mesmo têm sido presos. Ainda falta devolver o que roubaram do Brasil, pois o pouco que devolveram não é suficiente. Mas a verdade é que isso não aconteceria tempos atrás. Ninguém tinha, há algum tempo coragem de enfrentar os figurões da política e da economia. Hoje já vemos os grandes empresários sendo interrogados, indo para a cadeia. Não é o todo, mas é um começo. E eu sei que não devemos desprezar os dias das pequenas mudanças. É um conselho bíblico, inclusive. As pequenas mudanças de hoje podem fazer grandes diferenças amanhã.
Bem, este é um momento crucial na história do Brasil. As próximas eleições terão o poder de fazer com que nossa voz seja ouvida, para que o atual governo perceba que não estamos de todo contente com a atual situação. E para fazer (que assim seja) afirmar o que já aprendemos e mostramos nas últimas eleições, onde alguns que usam de meios ilícitos nos seus mandatos possam perceber que estão, realmente, com os dias contados.
Que possamos decidir o que realmente queremos. Com maturidade e não pela conveniência. Depois de tudo o que passamos nos últimos anos, desde as manifestações de rua que começaram em 2013, mais um impedimento da presidente, a maior recessão da história do Brasil, operação Lava Jato e tudo o mais, as próximas eleições vão revelar o nível de maturidade do povo brasileiro.
Será que vamos continuar aceitando que corruptos governem o país apenas para que novas pontes sejam construídas, mas que o dinheiro público continue a ser roubado, que os impostos continuem a ser desviados? Será que vamos permitir que apenas discursos façam parte do que se pode chamar de “atuação governamental”, enquanto atitudes concretas em prol da população brasileira esperam um melhor momento para sair da mesa de reuniões e apresentar-se no dia-a-dia da população?
O que queremos? O que vamos dizer nas urnas (eletrônicas) em outubro? Que tipo de governo queremos? Um que rouba, mas faz? Um que não rouba, não deixa roubar e também não age? Ou há outra opção?
Talvez a opção não esteja na pessoa que representa o povo, mas na atitude do próprio povo, nas eleições.