segunda-feira, 9 de março de 2020

Teimosia X Persistência (parte 2)


...leia a primeira parte deste artigo: Teimosia e persistência

E agora quero propor avaliar algumas diferenças entre o “teimoso” e o “persistente”. Não podemos, como já dissemos antes, avaliar pelo tempo que demora para algo dar resultado, até porque isso é muito subjetivo. Cada um tem sua percepção de tempo e de como as coisas devem andar. O que para um é teimosia, pelo tempo que já demora, para outro é persistência, porque ele sabe que esse tempo é necessário para amadurecer os processos. E o persistente não atropela os processos. Anda e age conforme o caminhar de cada etapa.
Uma das diferenças mais claras entre o teimoso e o persistente foi dita acima. O teimoso muitas vezes insiste em algo, mas de braços cruzados. Fica com uma empresa aberta, ou amarrado num relacionamento, ou ainda preso por um emprego que não o leva a lugar nenhum apenas para ver se algum dia, “alguma coisa” acontece para mudar tudo. Não faz nada, em nenhum sentido, para ver se aquela situação muda.
Esse “fazer algo” também é muito amplo. Realmente, às vezes o fazer algo é justamente esperar pelos resultados de uma atitude anterior que precisa de tempo para ser respondida. Saber o tempo certo de esperar e de agir é realmente necessário. Às vezes o “fazer algo” é buscar o discernimento e a sabedoria justamente para se saber o que fazer em um determinado momento. O fazer algo pode ser uma simples conversa com um superior no serviço, com o companheiro(a) no relacionamento. Mas é precisa saber que algo precisa ser feito, do jeito certo e na hora certa, com sabedoria, não de qualquer jeito, a torto e a direito, a esmo. O teimoso conta, muitas vezes com a sorte. Espera que algo aconteça sem ter ideia do que seja. O persistente tem clareza quanto ao tempo de esperar, o de agir, o de parar, o de falar, o de calar, o de descansar, o de fazer uma retirada ou recuo estratégicos.
Se você inicia um empreendimento na sua vida, qualquer que seja, e não tem a mínima noção de como caminhar naquilo, é muito provável que fique nele, mais por teimosia do que qualquer outra coisa.
Fazer algo, implica saber o que se está fazendo. Mesmo que o que esteja fazendo seja ficar quieto, esperando, dar um recuo. Mas se for consciente e se souber o que está fazendo e o porquê estar fazendo aquilo, mesmo que seja descansar, então está fazendo algo. Esperar é diferente de ficar parado, neste sentido. Quem espera, sabe quando deve iniciar o tempo da espera e quando ele termina (mesmo que erre um pouco, no tempo, mas sabe que existe um início e um fim para isto).
Outra situação que diferencia o teimoso do persistente é saber avaliar, com sinceridade, os resultados parciais do processo. Mesmo que ainda não se tenha chegado ao resultado final, sei que estou caminhando, tomando algumas atitudes e percebendo que, a cada passo dado, alguns resultados parciais já se apresentam. E, nestes resultados parciais, pelos quais eu batalhei para alcançar, eu cresci, amadureci, me preparei melhor para os próximos passos, e vou saber aproveitar esse aprendizado quando seguir os próximos passos.
Por exemplo, pode ser que um determinado curso que eu faça não tenha por objetivo final a obtenção do diploma, numa situação específica minha! Diploma esse que eu terei se chegar até o final e devo buscar isso. Mas pode ser que este curso seja parte de um outro processo maior, onde o objetivo mesmo é a obtenção do conhecimento que ele me fornece. Se eu obtive o conhecimento, mesmo sem o diploma, então alguns de fora poderão me julgar “teimoso” porque fiz um curso que não trouxe “nenhum resultado” (estão dizendo sobre o diploma), mas eu posso estar consciente que obtive o resultado de que precisava, adquirindo o conhecimento que necessitava, como ferramenta para um projeto maior, do qual esse conhecimento obtido é apenas uma parte.
Conseguir observar e avaliar os resultados parciais pode caracterizar a persistência. O persistente olha e diz: “mais um passo que eu alcancei, que eu venci. Vamos prosseguir em busca do resultado final, porque consegui mais um pouco”. O teimoso nunca vai perceber isso, nem buscar. Fica atirando pra todo lado, sem objetivos, sem um alvo específico. E, neste caso, não tem como avaliar resultados parciais.
Na bíblia, eu poderia dizer que isso seria o que se diz de ser “mais que vencedor”. Eu venço aquilo que era o objetivo final, mas venço também vários itens parciais durante a caminhada. Minha vitória final na Bíblia é referente ao pecado. Mas, enquanto vou lutando para vencer o pecado, também sou próspero, também cresço em maturidade etc etc.
Outra diferença é que o persistente sabe o que está fazendo e o porquê, tem clareza das etapas, sabe qual é o seu objetivo. O teimoso apenas deseja o resultado e fica dando tiro a esmo, esperando que algum acerte, conta com a sorte. O persistente continua no seu caminho, consciente das dificuldades, do tempo e da dedicação necessários para se obter o que deseja e vai ajustando as atitudes de acordo com o caminhar. Muitos itens planejados no início podem necessitar de mudanças, de acordo com o que ocorre durante a caminhada, mas quem é persistente faz o ajuste das tarefas de forma consciente e não se deixa abater pelos imprevistos. O persistente sabe que os imprevistos fazem parte do processo e tenta resolvê-los, ajustá-los ou mesmo aproveitá-los em seu benefício no processo. O teimoso ignora os imprevistos e pode sofrer com isso. Fica apenas esperando que “algo resolva o imprevisto que apareceu”.
Há muito o que diferencia o teimoso do persistente. Espero que você seja persistente, consciente do que está fazendo, com um objetivo final e clareza das etapas para se chegar ao seu objetivo. Disposto aos sacrifícios e dedicação necessários para se chegar onde deseja. E que não fique, como um teimoso, uma mula empacada, insistindo em algo que nem sabe como anda, nem sabe por que está ali.



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