...leia a primeira parte deste artigo: Teimosia e persistência
E agora quero propor avaliar algumas diferenças entre o “teimoso”
e o “persistente”. Não podemos, como já dissemos antes, avaliar
pelo tempo que demora para algo dar resultado, até porque isso é
muito subjetivo. Cada um tem sua percepção de tempo e de como as
coisas devem andar. O que para um é teimosia, pelo tempo que já
demora, para outro é persistência, porque ele sabe que esse tempo é
necessário para amadurecer os processos. E o persistente não
atropela os processos. Anda e age conforme o caminhar de cada etapa.
Uma das diferenças mais claras entre o teimoso e o persistente foi
dita acima. O teimoso muitas vezes insiste em algo, mas de braços
cruzados. Fica com uma empresa aberta, ou amarrado num
relacionamento, ou ainda preso por um emprego que não o leva a lugar
nenhum apenas para ver se algum dia, “alguma coisa” acontece para
mudar tudo. Não faz nada, em nenhum sentido, para ver se aquela
situação muda.
Esse “fazer algo” também é muito amplo. Realmente, às vezes o
fazer algo é justamente esperar pelos resultados de uma atitude
anterior que precisa de tempo para ser respondida. Saber o tempo
certo de esperar e de agir é realmente necessário. Às vezes o
“fazer algo” é buscar o discernimento e a sabedoria justamente
para se saber o que fazer em um determinado momento. O fazer algo
pode ser uma simples conversa com um superior no serviço, com o
companheiro(a) no relacionamento. Mas é precisa saber que algo
precisa ser feito, do jeito certo e na hora certa, com sabedoria, não
de qualquer jeito, a torto e a direito, a esmo. O teimoso conta,
muitas vezes com a sorte. Espera que algo aconteça sem ter ideia do
que seja. O persistente tem clareza quanto ao tempo de esperar, o de
agir, o de parar, o de falar, o de calar, o de descansar, o de fazer
uma retirada ou recuo estratégicos.
Se você inicia um empreendimento na sua vida, qualquer que seja, e
não tem a mínima noção de como caminhar naquilo, é muito
provável que fique nele, mais por teimosia do que qualquer outra
coisa.
Fazer algo, implica saber o que se está fazendo. Mesmo que o que
esteja fazendo seja ficar quieto, esperando, dar um recuo. Mas se for
consciente e se souber o que está fazendo e o porquê estar fazendo
aquilo, mesmo que seja descansar, então está fazendo algo. Esperar
é diferente de ficar parado, neste sentido. Quem espera, sabe quando
deve iniciar o tempo da espera e quando ele termina (mesmo que erre
um pouco, no tempo, mas sabe que existe um início e um fim para
isto).
Outra situação que diferencia o teimoso do persistente é saber
avaliar, com sinceridade, os resultados parciais do processo. Mesmo
que ainda não se tenha chegado ao resultado final, sei que estou
caminhando, tomando algumas atitudes e percebendo que, a cada passo
dado, alguns resultados parciais já se apresentam. E, nestes
resultados parciais, pelos quais eu batalhei para alcançar, eu
cresci, amadureci, me preparei melhor para os próximos passos, e vou
saber aproveitar esse aprendizado quando seguir os próximos passos.
Por exemplo, pode ser que um determinado curso que eu faça não
tenha por objetivo final a obtenção do diploma, numa situação
específica minha! Diploma esse que eu terei se chegar até o final e
devo buscar isso. Mas pode ser que este curso seja parte de um outro
processo maior, onde o objetivo mesmo é a obtenção do conhecimento
que ele me fornece. Se eu obtive o conhecimento, mesmo sem o diploma,
então alguns de fora poderão me julgar “teimoso” porque fiz um
curso que não trouxe “nenhum resultado” (estão dizendo sobre o
diploma), mas eu posso estar consciente que obtive o resultado de que
precisava, adquirindo o conhecimento que necessitava, como ferramenta
para um projeto maior, do qual esse conhecimento obtido é apenas uma
parte.
Conseguir observar e avaliar os resultados parciais pode caracterizar
a persistência. O persistente olha e diz: “mais um passo que eu
alcancei, que eu venci. Vamos prosseguir em busca do resultado final,
porque consegui mais um pouco”. O teimoso nunca vai perceber isso,
nem buscar. Fica atirando pra todo lado, sem objetivos, sem um alvo
específico. E, neste caso, não tem como avaliar resultados
parciais.
Na bíblia, eu poderia dizer que isso seria o que se diz de ser “mais
que vencedor”. Eu venço aquilo que era o objetivo final, mas venço
também vários itens parciais durante a caminhada. Minha vitória
final na Bíblia é referente ao pecado. Mas, enquanto vou lutando
para vencer o pecado, também sou próspero, também cresço em
maturidade etc etc.
Outra diferença é que o persistente sabe o que está fazendo e o
porquê, tem clareza das etapas, sabe qual é o seu objetivo. O
teimoso apenas deseja o resultado e fica dando tiro a esmo, esperando
que algum acerte, conta com a sorte. O persistente continua no seu
caminho, consciente das dificuldades, do tempo e da dedicação
necessários para se obter o que deseja e vai ajustando as atitudes
de acordo com o caminhar. Muitos itens planejados no início podem
necessitar de mudanças, de acordo com o que ocorre durante a
caminhada, mas quem é persistente faz o ajuste das tarefas de forma
consciente e não se deixa abater pelos imprevistos. O persistente
sabe que os imprevistos fazem parte do processo e tenta resolvê-los,
ajustá-los ou mesmo aproveitá-los em seu benefício no processo. O
teimoso ignora os imprevistos e pode sofrer com isso. Fica apenas
esperando que “algo resolva o imprevisto que apareceu”.
Há muito o que diferencia o teimoso do persistente. Espero que você
seja persistente, consciente do que está fazendo, com um objetivo
final e clareza das etapas para se chegar ao seu objetivo. Disposto
aos sacrifícios e dedicação necessários para se chegar onde
deseja. E que não fique, como um teimoso, uma mula empacada,
insistindo em algo que nem sabe como anda, nem sabe por que está
ali.
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