Faltam apenas alguns dias agora. E, embora eu esteja escrevendo este
artigo no fim de agosto, ao ser publicado, deveremos estar na última
semana antes das eleições. Os votos já devem estar bem mais
definidos, mas algumas coisas ainda não. No final de agosto, mais de
30% ainda não sabem em quem votar ou pretendem não votar em alguém.
Isso é preocupante. Espero que no início de outubro isso já não
seja uma realidade tão marcante. Espero que cada um pense na sua
responsabilidade de participar das escolhas que definirão os
próximos passos no nosso país.
Neste momento, quero refletir de forma mais suscinta sobre os
candidatos que temos. Uma pequena reflexão nos ajudará a pensar em
algumas características para nos ajudar nesta escolha. Alguns
critérios de escolha em que eu acredito são gerais e bem simples.
Eu acredito que, basicamente, os que já tiveram sua oportunidade
para mostrar serviço e não o fizeram, deveriam dar lugar aos que
ainda não tiveram sua oportunidade.
Aqueles que foram condenados por crimes não deveriam nem se
candidatar. Com certeza não são dignos do voto do cidadão honesto.
Se algum está sob suspeita e ainda não foi condenado, deveria se
preocupar em arrumar a própria casa, esclarecer fatos, finalizar
processos e investigações, colaborar com as autoridades para
esclarecer sua inocência (quando for o caso) e não gastar seu tempo
em eleições.
Competência é outro critério bastante importante: não adianta ter
apenas boa vontade. É necessário ter alguma experiência. Não
precisa ser expert em tudo, nenhum super político. Mas também não
pode ser um “sem noção”.
Coerência entre discurso e prática e vida íntegra também são
características importantes. Não acredito que haja alguém
perfeito. Todos sempre terão (temos) algum erro. Para os
adversários, que buscam sempre algo que criticar, claro que
encontrarão algo. Mas uma dica importante é observarmos se as
atitudes ruins das pessoas são recorrentes ou isoladas. Se uma
atitude ruim ocorreu de forma isolada ou faz parte da conduta e dos
hábitos constantes daquele candidato ao longo do tempo.
E já que estamos falando disso, humildade e reconhecimento dos erros
é essencial para qualquer líder de valor. Já que não podemos
escapar ao cometimento dos erros, a única maneira que temos de
iniciar um ajuste dos erros cometidos é reconhecê-los de forma
humilde. Aqueles que nunca admitem os próprios erros ou vivem
tentando dizer que não os cometeu, tentar justificar etc., será
alguém que jamais conseguirá corrigir os próprios erros. Um
verdadeiro líder tem a capacidade e humildade de reconhecer e
corrigir.
Temos alguns candidatos à presidência este ano que nunca tentaram
este cargo. Outros que já tentaram. Pela primeira vez desde a
redemocratização, um presidente que poderia tentar reeleição não
o está fazendo. Isso é muito bom, dadas as circunstâncias.
Muitos candidatos em 2018 (em ordem alfabética):
Álvaro
Dias (Podemos),
Cabo
Daciolo (Patriota),
Ciro
Gomes (PDT),
Eymael
(DC),
Geraldo
Alckmin (PSDB),
Guilherme
Boulos (PSOL),
Haddad
(PT),
Henrique
Meirelles (MDB),
Jair
Bolsonaro (PSL),
João
Amoêdo (Novo),
João
Goulart Filho (PPL),
Marina
Silva (Rede)
Vera
Lucia (PSTU).
São
realmente muitos que estão tentando se candidatar à presidência.
Minha opinião muito resumida sobre cada um deles.
O Alckmin já foi governador em São Paulo várias vezes. Também
prefeito. Vice de Mário Covas, assumiu quando ele morreu pela
primeira vez e seguiu os passos do seu mentor, buscando sempre uma
responsabilidade nos gastos. Embora muitos critiquem o fato de ter
valorizado pouco os servidores públicos, é de se pensar que São
Paulo nunca mais teve problemas financeiros, com dívidas ou falta de
recursos para manter os serviços, ainda que nem sempre
satisfatórios. Talvez seu grande erro nesta eleição foi se aliar
com muitos partidos tentando melhorar seu posicionamento. Não é o
tipo de líder nato, mas um bom administrador. Se tomasse mais as
rédeas do seu cargo ao invés de ficar ouvindo os acessores, talvez
tivesse mais êxito.
Bolsonaro, deputado por quase 30 anos, cresceu no gosto popular por
suas posições firmes em muitas áreas que têm sido atacadas
ultimamente. Mantém coerência nos seus posicionamentos, sem
negociá-los, mas também pode reconhecer erros e quando muda de
opinião. De formação militar, defende mais rigidez no trato contra
o crime, a corrupção, a afronta contra a família e outros
assuntos. E realmente um líder precisa ter posicionamento. O fato de
não ter acusações contra sua pessoa, mesmo depois de quase 30 anos
de vida pública é muito favorável à sua candidatura. Procura
formar uma boa equipe de trabalho que venha a suprir as questões que
não domina e essa qualidade de trabalhar em equipe é muito boa.
Marina Silva, apesar de não ter acusações contra si de corrupção,
pesa o fato de durante todo este período de crise política no
Brasil, ter escolhido o silêncio e o não posicionamento,
comportamento estranho para quem almeja cargo político, ainda mais
para alguém já envolvido na área. Ela só resolveu se pronunciar
em alguns assuntos agora, no período das eleições. A falta de
posicionamento claro e firme dificulta o posicionamento dela como uma
líder, para uma nação.
Ciro
Gomes tem grande experiência. Já foi governador, prefeito, ministro
no governo Lula e parlamentar. Apesar de um posicionamento firme em
suas opiniões, o que faz muitos o classificarem como radical e
troculento, isso pode ser uma boa característica para um líder. Mas
tem dificuldades de manter diálogo e formar uma boa equipe, o que
pode pesar num governo. É o tipo do político que não passa em
branco, não pode ser ignorado. Ou é amado ou odiado.
Henrique
Meireles tem o grande defeito de ser do MDB. Até é um homem de
experiência, integridade, mas não vejo nele força política
suficiente para fazer prevalecer esta sua posição pessoal. Dentro
do MDB, vai virar marionete do partido se estiver na presidência. A
falta de firmeza nos posicionamentos o coloca em situação parecida
com Alckmin: um ótimo administrador, mas sem a firmeza que a posição
de um presidente requer.
O
Haddad é o substituto tardio do Lula. Além de ser do PT, partido
que insiste em tomar o poder, não reconhecer os erros, querer eleger
condenados, Haddad foi ministro da Educação do Lula por 7 anos e,
apesar de ficar por aí dizendo que fez prouni, Fies etc., a verdade
é que a educação, depois de 13 anos de PT, sendo 7 Haddad como
ministro da educação, está na situação que todos conhecem, só
de acompanhar seus filhos. Isso não é exatamente uma vantagem para
o Haddad. Como prefeito de São Paulo, também não conseguiu se
reeleger, o que mostra a opinião do povo daquela cidade sobre sua
administração.
Álvaro
Dias, parlamentar de experiência, não tem nada que pese contra na
sua carreira pública. Tem também procurado se posicionar em algumas
questões nesta eleição. Mas não tem ganhado os holofotes, talvez
por sua conduta mais tímida.
João
Amoêdo é a grande novidade nestas eleições. Uma boa opção se o
único critério fosse renovação. Mas pouco conhecido, não temos
como avaliar sua experiência e atitudes. Talvez se tentasse um
governo ou Prefeitura antes, para vermos o que ele pode fazer, venha
a ser uma opção interessante no futuro. Se conseguir manter firme
se discurso, acredito que é um dos que temos de ficar de olho nas
próximas eleições.
Cabo
Daciolo, meio inexperiente ainda (é deputado há 4 anos), embora
tenha pouca intenção de votos, já está fazendo um barulho,
considerando ser principiante neste cargo e na política como um
todo. Também é alguém para continuar de olho, nas próximas
eleições, talvez tentando algum outro cargo, para avaliarmos melhor
sua experiência e conduta.
Guilherme
Boulos e Vera Lúcia, como representantes da extrema esquerda,
estariam junto da Manuela D´Ávila, se ela não tivesse sido
escolhida para ser vice do Haddad. Os 3 têm ideias radicais, mas
parecem que vivem num mundo paralelo, onde os acontecimentos em que
eles acreditam só existem na cabeça deles. A realidade do Brasil
parece que é totalmente ignorada por eles e desejam fazer um governo
como se vivêssemos num mundo paralelo, numa realidade alternativa.
Eymael
e João Goular Filho estão ali, na disputa, mas parece que ninguém
sabe.
Escolher
não é fácil. Mas com critérios e pensando um pouco, poderemos
chegar à conclusão de que temos sim, alguém que possa receber a
tarefa de governar o país pelos próximos 4 anos, não para ser um
salvador da pátria, alguém perfeito. Mas um presidente responsável,
honesto, íntegro, competente e que possa levar esta nação mais
alguns passos mais adiante.
Não
abra mão de ser parte desta escolha.
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