segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Humanos de silicone

Mas examinar-se a si mesmo é muito profundo, muito revelador, muito assustador. 

E espanta muita gente. 

É mais fácil, e as pessoas preferem colocar uma maquiagem ou máscara e fingir ser aquilo que todos gostam. 


Ouvi, numa reportagem na televisão tempos atrás, sobre o fato do Brasil ser um dos países que mais faz operações para implantes de próteses de silicone nos seios de mulheres. Em entrevista, uma delas disse que o fazia por motivos de vaidade, porque “o que vem da frente é o que impressiona”. Isso demonstra a intenção dela em impressionar o sexo oposto pela sua aparência.

É um sintoma dos tempos modernos. Os relacionamentos baseados quase que exclusivamente na aparência exterior e na estética são relacionamentos passageiros ou do tipo fast food. Antes, o que impressionava era o caráter.

Isso tudo já acontecia antes do advento e domínio das redes sociais sobre os relacionamentos. A superficialidade e a velocidade dos relacionamentos foi alçada a altitudes estratosféricas depois daquela reportagem que assisti.

Hoje, nas redes sociais, todos querem aparecer, mostrar-se ao mundo, pelo menos ao seu mundo particular de influência, seus seguidores, amigos, “haters” etc etc etc. E, para se mostrar bem, independentemente de ser verdade, faz-se uma maquiagem, muda-se um estilo, uma roupa, um sorriso forçado, ou seja, qualquer coisa externa que mostre que a realidade da vida não é tão dura assim. Pelo menos não que se venha a admitir na frente dos outros.

Sim, essa é a moda, essa é a tônica: necessário é aparecer-se de um jeito que venha a ser aprovado por outros. Que venha a ser admirado e gere muitas curtidas, likes, corações, estrelas etc.

Talvez todos que se deixaram levar por essa lógica, não conheçam mais a essência de si mesmos. Já não saibam o que é autenticidade. Já não consigam mais se definir. Se alguém perguntasse para essa pessoa “quem é você?”, talvez já não encontrasse palavras.

Relacionamentos superficiais não trazem satisfação pessoal real. Necessidade de aparecer e justificar o próprio sentimento a outros não gera alegria verdadeira.

Muitos hoje são humanos de silicone. Não fazem uma cirurgia, mas se injetam de uma aparência artificial para se apresentar perante a sociedade. E já se perdem e nem sabem mais quem são. Um dia, a grande preocupação de filósofos, de doutrinas religiosas era levar as pessoas a refletirem para conhecerem-se a si mesmas. Diziam que a realização plena do ser só poderia ser alcançada em se conhecer a si mesmo. Deus, ao ensinar ao homem pela sua palavra, deixa claro que só podemos nos encontrar quando encontramos a Ele. Mas examinar-se a si mesmo é muito profundo, muito revelador, muito assustador. E espanta muita gente. É mais fácil, e as pessoas preferem colocar uma maquiagem ou máscara e fingir ser aquilo que todos gostam.

Isso rende maior admiração e mais sorrisos alheios. 

Menos o próprio.


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