Antigamente, quando queríamos saber se uma fofoca ouvida nas
redondezas ou um boato comercial era verdade, costumávamos recorrer
ao noticiário, aos jornais, à imprensa de uma forma geral. Deveria
ser ela a guardiã da verdade dos acontecimentos no mundo, sendo este
(a verdade) um dos pilares de sua existência e a sua prática, o
sustentáculo da sua credibilidade.
Se ouvíamos falar de algo aqui ou ali, esperávamos pelo noticiário
da TV, à noite, ou pelo jornal impresso na manhã seguinte que
teríamos certeza se aquilo era ou não verdade. E, como guardiã
desta verdade, deveria ser a imprensa não apenas um dos pilares da
democracia, mas também uma fonte confiável para que as pessoas
soubessem dos acontecimentos e pudesse, assim, tirar suas conclusões
e tomar suas decisões.
Imparcialidade e idoneidade são ferramentas essenciais para que essa
verdade seja transmitida. Qualquer interesse particular numa notícia
ou fato já o contamina com tendências e formas de
falar/mostrar/escrever que colocam a credibilidade da transmissão da
notícia em xeque.
Infelizmente, não temos mais como confiar na maior parte da
imprensa. Hoje em dia, as coisas mudaram. E, claro, também não
podemos confiar nos fofoqueiros de plantão das redes sociais. A
grande maioria, se move por interesse. E, aos poucos que restaram,
que não fazem isso, pairam também dúvidas sobre as notícias,
visto fazerem parte do mesmo grupo. Assim como os políticos, mesmo
quando há alguns que sejam honestos, difícil perceber, uma vez que
a maioria massacrante deles se dá à corrupção. Da mesma forma,
mesmo as fontes idôneas pagam um preço pela mentira da maioria.
Injusto, mas inevitável.
E por que isso chegou a ficar assim? Pelo mesmo motivo já citado
anteriormente neste blog, com relação às “verdades” ditas
pelos cientistas, que não mais podem ser consideradas absolutas,
visto serem movidas, não poucas vezes, por interesses econômicos. A
sabedoria bíblica já dizia que “o amor ao dinheiro é a raiz de
todos os males”. Aqui também, na propagação da verdade (da
notícia), muito interesse financeiro, político, econômico, de
poder envolvidos distorcem a visão de quem emite e de quem recebe a
notícia. A verdade se perde nisso tudo.
A notícia é escolhida e selecionada para ir ao ar conforme o
interesse de grupos. Assim, noticia-se por meses e anos a fio a morte
de uma mulher negra e esconde-se ou ignora-se a morte de policiais
que perderam suas vidas na execução de seu serviço.
Pelo mesmo motivo, seleciona-se os fatos que serão mostrados, até
mesmo a entonação de voz dos âncoras e repórteres, além do tempo
dedicado à transmissão da notícia muda conforme o interesse da
empresa que transmite a notícia. Se uma empresa de alimentos foi
multada por contaminação em seus produtos for um grande anunciante
de determinado veículo de comunicação (gerando-lhe renda), a
notícia poderá ser ignorada ou passar apenas como um pequeno
detalhe, ainda que a contaminação tenha matado ou causado problemas
de saúde em várias pessoas, conforme o interesse de quem dá a
notícia.
E assim vai, os exemplos são diversos. Encontrar alguém que seja
realmente idôneo, imparcial e que transmita o fato de forma
concreta, completa, sem tendências ou seleções de informações é
realmente difícil.
Podemos nos beneficiar um pouco da pluralidade atual, onde vários
veículos transmitem a mesma notícia e podemos ver várias versões,
facilitando nosso entendimento para descobrir a verdade em meio aos
interesses que são transmitidos juntos.
Mas uma coisa é certa: não podemos mais simplesmente acreditar,
inocentemente, em tudo que se diz, mesmo que seja no noticiário.
Mais do que nunca, análise crítica e uma boa dose de conhecimento
em todas as áreas é necessário para se chegar a saber da verdade.
E, mais do que nunca, a verdade absoluta, que só pode vir de Deus
(nenhum humano seria capaz de produzir ou transmitir verdade
absoluta), torna-se uma segurança, mais do que uma ameaça à
liberdade, como muitos pensam. É apenas a verdade absoluta que nos
possibilita viver em meio ao mar de relativismo que o mundo se
tornou.
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