Mas então isso nos leva a um outro argumento de quem defende o
aborto. O de que o corpo é da mulher e ela tem o direito de fazer
suas escolhas, inclusive sobre o aborto. Neste ponto aqui, também
vale repensar algumas coisas. Este argumento não é de todo válido,
ainda que possamos entender que fica nas costas da mulher a maior
responsabilidade de uma criança, em caso de gravidez.
Mas é necessário que a mulher entenda que foi dado a ela por Deus
(ou quem preferir dizer que não acredita em Deus, pense que a
natureza fez assim, de qualquer forma é como a mulher é) e
capacidade de gerar filhos. Assim são as fêmeas dos mamíferos.
Assim é na espécie humana. O homem fornece a semente. A mulher
cuida de gerar. Por questões de superioridade da espécie humana,
diferente de grande parte dos animais, aqui o homem deve participar
das responsabilidades inerentes a este processo, inclusive porque o
ser humano necessita de uma formação psicológica, moral, social e,
para isto, o pai deve estar presente para integrar esta tarefa de
formação do ser juntamente com a mãe. O processo não é apenas
fisiológico. E, nisto, o humano difere de outras espécies animais.
Ainda assim, no momento de gerar, é sobre a mulher que fica a
responsabilidade. E ela precisa entender que tem essa
responsabilidade. Que isso foi dado a ela, não ao homem e, por isso
mesmo, deve responder a isso. Não basta eliminar o ser que lhe traz
essa responsabilidade apenas porque não quer assumir. Assim como
seria um absurdo se um pai, durante a educação do filho, resolvesse
eliminá-lo apenas para não ter de arcar com os custos de uma escola
e outras despesas geradas por um filho. Também é um absurdo tanto
quanto o aborto.
Mas o fato do argumento dizer que a mulher é dona do seu corpo e
pode decidir o que fazer com ele também está fora de tempo. Isso é
verdade durante o tempo em que o corpo da mulher é apenas o corpo da
mulher. Ela pode decidir não ter um filho antes de engravidar.
Decidir não ter relações sexuais, ou não tê-las fora de um
relacionamento estável, fora do matrimônio, pode decidir até mesmo
se prevenir para não engravidar. Tudo isso está no seu poder de
decisão pessoal, enquanto seu corpo é apenas seu.
Quando, a partir do momento da fecundação, ela tem dentro de si
outra vida, já não responde por si apenas. Agora é responsável
por outra vida, por outro ser que dela depende, dentro do seu corpo,
de seus cuidados para viver. Totalmente dependente. E aqui precisamos
entender que não podemos simplesmente colocar este novo ser numa
categoria de um objeto, de um apêndice, de um corpo estranho no
corpo da mulher. A mulher agora não é apenas ela. Já não tem
(durante um tempo determinado de 9 meses) o direito de decidir por si
apenas. Tem a responsabilidade de decidir também pensando em outra
vida. Foi Deus quem fez assim (ou a natureza, se preferir). Mas é
assim.
Ela tinha todo o direito de decidir não engravidar. Antes. Agora
não. Já não é mais sozinha. Agora responde por outra vida que
dentro dela se desenvolve até estar pronta para sair e viver de
forma autônoma. Pelo menos os sistemas essenciais como autônomos,
porque a partir do nascimento, ainda depende dos pais para viver.
Portanto, a mulher tem sim o direito de escolhas sobre o SEU corpo.
Não sobre o corpo de uma criança que está se desenvolvendo nela.
Sua liberdade de escolha vai até o momento da fecundação.
Inclusive pode decidir não engravidar. Não ter relações sexuais.
É preciso entender que esse direito fica limitado durante o período
que está gestando. E é preciso entender que essa característica
não é uma escolha da sociedade. É algo inerente à sua condição
de mulher. Faz parte da sua constituição de SER MULHER. É uma das
características que a define como mulher e a difere do homem. Então
precisa ter bem claro isso para fazer suas escolhas no tempo certo.
Em todos estes aspectos, não precisaria dizer que o ideal seria que
toda gestação ocorresse por um casal que estivesse já estabilizado
em sua relação. Num casamento, numa união em que ambos tenham,
conscientes, a noção da responsabilidade de se ter um filho. De
preferência, que já estejam unidos e estabilizados emocionalmente,
que sejam maduros o suficiente para colocar uma nova vida no mundo.
Em todo caso, se esse ideal não puder ser alcançado, ainda assim
não justifica tirar a vida da criança por causa dos atos de 2
adultos que não pensaram no que estavam fazendo, ainda que soubessem
das consequências.
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