Qual a diferença entre “teimosia” e “persistência”? Quando
alguém insiste em algo que, aparentemente no momento não está
dando certo e continua insistindo, essa pessoa é teimosa ou
persistente? Quando alguém insiste numa ideia ou conceito, em
defender algo, ela é teimosa ou persistente? Quando os outros dizem
“deixa de ser teimoso”, é isso mesmo que querem dizer ou são
pessoas que querem fazer desistir e desanimar aquele que tenta ser
persistente.
Embora o termo “teimoso”, no dicionário também contenha a
definição de “obstinado, pertinaz”, geralmente quando se usa
este termo, é num aspecto jocoso, depreciativo, onde quem diz que o
outro é teimoso, está querendo se referir a uma insistência a algo
que já não deveria ser mantido, ou seja, deveria “deixar pra lá”
e esquecer aquele objeto da sua obstinação e “partir para outra”.
Ser teimoso, popularmente, é sinônimo de ser um “insistente
idiota”, ou aquele que fica teimando com algo que não vale a pena
teimar.
Já ser “persistente”, embora na sua definição também contenha
o termo “pertinaz” como em teimoso, aqui ainda se inclui “ser
constante, perseverança”. “Persistir” é “continuar,
prosseguir, insistir”. E, popularmente, o persistente é tido com
bons olhos.
Mas já repararam que, geralmente, a diferença entre o teimoso e o
persistente só se dá depois de finalizado o fato a que se referiam?
Por exemplo, se um empresário insiste numa ideia de um produto ou
empresa que parece que não vai dar certo, se depois de um tempo ela
falir todos dirão que foi teimoso. Se tiver sucesso, todos dirão
que foi persistente, por mais que durante o processo muitos tenham se
referido àquela pessoa como um “teimoso”. Depois do sucesso,
elogiarão a “persistência” dele. O resultado final pode mudar a
adjetivação de teimoso para persistente ou vice versa. Se tudo
parecia promissor e se dizia ser persistente alguém que insistia em
algo, mas no final deu errado, então todos mudarão o adjetivo para
“teimoso”: Ele foi teimoso.
Julgar assim, depois de ocorrido, é fácil. Dar adjetivos, rotular,
julgar é fácil.
Mas será que existe uma maneira correta de diferenciar o teimoso do
persistente durante o processo, antes do final (que, em alguns casos,
pode ser bem demorado), a fim de saber se vale ou não a pena
insistir num objetivo e mais, se vale a pena aos que estão ao redor,
apoiar aquela iniciativa ou não?
Julgar depois de finalizado é fácil. Mas e durante o processo, como
diferenciar o teimoso que parece idiota em insistir em algo que não
vai pra frente do persistente, que tem a ousadia e coragem para
investir seu tempo e recursos em algo que acredita, mesmo contra o
senso comum e contra os sinais que se apresentam.
Antes de dar minha opinião, quero considerar alguns pontos.
Primeiro, o tempo. Muitos têm a ideia errada cronológica sobre
muitas coisas. A expectativa assumida quanto ao tempo para se obter
resultado em algo pode ser bastante diferente em várias situações
e para pessoas diferentes. E o conceito do tempo que se espera o
resultado pode diferenciar entre o “teimoso” e o “persistente”
para uns e outros. Por exemplo, se eu inicio uma nova empresa,
dependendo do tipo de negócio que é, preciso ter consciência que
somente após 1 ou 2 anos vou começar a colher, realmente, os frutos
desta empreitada. E pode ser que sejam frutos poucos, como uma
primeira leva de uma laranjeira que não enche nem uma caixa de
laranjas.
Mas muitos podem julgar que esperar mais do que 4 ou 6 meses para
colher frutos é muito tempo e, assim, considerar que, se depois
deste tempo não há lucros ou retornos, então o negócio já deu
errado. Essa expectativa incorreta pode fazer alguém pensar que se
está há 8 meses num negócio e ainda não teve frutos, então ele é
um teimoso, que deveria pular fora. Mal sabe que não poderia esperar
resultados antes de 1 ou 2 anos.
É assim para muitas coisas. Um relacionamento, onde as coisas só
começam a encaixar depois de um tempo. Para alguns, é 1 mês, para
outros 3 ou 4 anos. Um investimento financeiro, colocando um
dinheiro num banco, esperando dobrar a quantia em 6 meses, acho que
estou um pouco fora da realidade. Preciso entender que para dobrar,
será necessário esperar um pouco mais ou procurar outro tipo de
investimento que possa (com uma pitada de sorte), alcançar esse
resultado esperado. Mas não é o usual. Enfim, o tempo por si só
não é uma boa medida para saber a diferença entre o teimoso e o
persistente.
A questão do tempo nos leva a pensar também nas expectativas. Ou
seja, será que, ao iniciarmos qualquer projeto de vida, pessoal,
profissional, de relacionamento, financeiro etc., temos no início
uma ideia clara do tempo que iremos precisar para obter os primeiros
resultados? Ou será que somos totalmente “sem noção” quanto a
isso? Pode até ser que o tempo seja bem coerente no início, mas
precise de um prolongamento no meio do caminho. Temos essa noção
também? Se precisa ou não e quanto tempo mais?
Além de ter noção do tempo necessário para colher os frutos em
cada situação de vida, em cada coisa na qual nos “metemos”,
será que estamos também tendo noção de qual realmente serão as
tarefas necessárias para fazer com que nosso objetivo dê certo?
Será que não estamos esperando “cair do céu” ou estamos de
braços cruzados, achando que as coisas acontecem sozinhas ou
simplesmente vão dar certo, como num passe de mágica? Embora eu
acredite que sim, certas coisas precisam fluir para sinalizar que
darão certo, isso não significa que eu espero parado enquanto
espero as coisas acontecerem. Existe uma atitude necessária e um
esforço para se alcançar objetivos.
leia a continuação deste artigo: "Teimosia x Persistência - parte 2"
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