Então quer dizer que
não se pode confiar nos pastores, nos religiosos,
mas se pode
confiar cegamente na ciência??
Houve tempos que a palavra de um religioso era lei. Em muitos
lugares, antes do estabelecimento de nações estado, com os poderes
independentes, muito do que se fazia ou desfazia era ordenado por um
clérigo. Aceitava-se sua palavra porque, já que ele representava
Deus, então sua palavra devia ser a palavra do próprio Deus. E, era
assim mesmo que devia ser. Um líder religioso devia e deve (até
hoje) ter a noção que sua responsabilidade é grande, assim como
deve ser grande sua ética, humildade e toda característica que
torna um líder, verdadeiro líder.
E um verdadeiro homem de Deus é assim mesmo.
O problema é que muitos, ao longo da história, perceberam que esta
posição de representante de Deus trazia muito prestígio e
confiabilidade e passaram então, sem serem dignos de tal posto, a
usurpar esta posição com o interesse de usufruir da reputação que
este cargo oferecia. Neste caso, muitos se infiltraram, não sendo
verdadeiros homens de Deus, mas passaram a assumir este posto e então
levaram as pessoas à confusão, porque pensavam poder confiar neles,
o que passou, com o tempo, a não ser verdade.
Mas isso não começou agora, como muitos podem estar pensando. Não
é algo do nosso tempo, do nosso século. Nos templos bíblicos,
certo homem viu que os discípulos de Jesus oravam e as pessoas
recebiam o Espírito Santo e falavam em línguas, e este homem
ofereceu aos discípulos dinheiro para obter este mesmo poder, esta
mesma capacidade, que trazia muito prestígio e posição,
características das quais os verdadeiros discípulos fugiam. Mas o
homem que tentou obter isso com dinheiro foi repreendido e não
conseguiu nada. Porque, de um verdadeiro seguidor de Cristo, não se
usurpa este tipo de posição por dinheiro.
Depois disso, durante a idade média, quando toda Europa era
comandada pela igreja católica, e quando os bispos e arcebispos eram
os verdadeiros líderes políticos das cidades onde viviam, muitos
almejavam e tentavam de todas as formas obter este cargo de bispo
(mesmo sem ser um verdadeiro cristão), para poder usufruir do poder
que neste cargo está embutido. O comércio deste cargo e a venda de
título de bispo era comum neste época. Com o título, vinha o poder
que eles queriam exercer a qualquer custo.
Mas a palavra de um líder religioso ainda valia muito.
Se dissessem que a terra era o centro do universo, por mais que
observações astronômicas provassem o contrário, muitos
continuariam acreditando que era assim, só porque os líderes
religiosos diziam.
Faltou humildade para reconhecer erros. Faltou colocarem-se no
próprio lugar, evitando falar de coisas que não entendiam. Faltou
ética. Faltou muiiiita ética.
E então, veio o renascimento, o iluminismo, a idade das trevas ficou
para trás. A ciência passou a ser a nova referência da verdade.
Como reação a algo que tornou-se odioso, por se descobrir
mentiroso, a ciência veio para tomar o lugar da religião, que
mentia em troca de benefícios terrenos. Agora, o que um líder
religioso falava, era duvidoso. Afinal, erraram em pontos cruciais.
Afinal, descobriu-se que muitos fizeram afirmações apenas com
propósitos pessoais. Afinal, descobriu-se que o interesse era mais
pessoal do que na alma dos fieis ou na vida eterna. E, por terem sido
desmascarados, perderam a credibilidade.
Não de uma vez. Não de uma hora para outra. Durou séculos.
Hoje em dia, para que algo seja verdade, não se ouve mais o que fala
um líder religioso. Parece ser necessário atualmente dizer que a
“ciência” comprovou que aquilo é verdadeiro. Até líderes
religiosos hoje em dia se respaldam na dita “ciência” para
definir o que é ou não é verdade.
E a ciência é, agora, o novo paladino da verdade.
E, no que tange a definir o que é verdadeiro, quando este é o
objetivo, muitos buscam a palavra final da ciência. E os cientistas,
não mais os líderes religiosos, são agora os que dizem “é” ou
“não é”. E todos buscam agora o que eles têm a dizer a fim de
saber se é verdade ou não.
Se a ciência diz que é, então é!!! Se diz que não é, então não
é.
O problema é que a ciência também é feita por homens. Assim como
a liderança religiosa. A ciência também é cercada pelas
corrupções do gênero humano. O erro daquela não está ausente
nesta. O pecado cerca e define o caráter de religiosos e cientistas.
O pecado molda a ética de ambos. A cobiça (um pecado), o amor ao
dinheiro (outro pecado, a raiz de todos os males), a sede de poder e
tudo o mais cercam os cientistas humanos (até agora não conheci um
cientista divino) tanto quanto os religiosos que um dia foram os
referenciais da verdade.
E os cientistas têm, como aqueles outrora, seus interesses
particulares, que muitas vezes sobrepõem-se aos interesses coletivos
e humanos, numa acepção mais ampla.
Um cientista, que venha a descobrir a cura para o câncer por
exemplo, que tenha uma família para sustentar e ganhe razoavelmente
pouco, pode se ver tentado a aceitar uma proposta milionária para
não divulgar a cura que descobriu (que beneficiaria milhões mundo
afora). Afinal, ele (o cientista) e sua família, tem tantas
necessidades que poderiam ser satisfeitas com aquele aporte
milionário. E quem oferece este dinheiro, perderia muito mais
dinheiro, se as pessoas que estão doentes e gastam fortunas com
remédios que não curam, apenas aliviam o sofrimento, e são
consumidos durante a vida do doente, durante 10, 20 ou 30 anos, e não
param de gastar até a morte e são, portanto, os consumidores dos
sonhos de qualquer indústria farmacêutica capitalista, estes mesmos
empresários que vendem estes remédios que não curam, só aliviam,
não gostariam que alguém pudesse ter um remédio que em 1 mês, ou
1 ano, já ficasse curado e não precisasse mais comprar.
Então, aquele cientista, paladino da verdade, mesmo que encontre a
cura para uma doença destas, pode ser tentado a esquecer o assunto,
se o futuro da sua família estiver garantido pelas empresas que
ganham com a ausência de cura. Então, em pleno século XXI, quando
a ciência, a tecnologia e a capacidade humana já foram capazes de
tantas maravilhas, e considerando que o câncer (sua cura) é uma das
buscas mais constantes e antigas das ciências médicas, fica difícil
de acreditar num cientista quando vai à televisão e diz que ainda
não há cura para isso.
Parece que todos acreditam, porque eles são, hoje, como os
religiosos de outrora, os paladinos da verdade. Mas como aqueles,
estes também se corrompem pelos interesses próprios.
Fica difícil dar credibilidade a todo e qualquer cientista, de forma
acrítica, quando ficamos sabendo que alguns deles recebem verbas do
governo, meses a fio, para sustentar uma equipe a chegar numa
conclusão que diz que uma caixa é mais facilmente empurrada numa
descida do que numa subida!!! Fica difícil, quando vemos o
revezamento entre as ciências nutricionais, ora dizendo que o ovo, a
carne de porco, o leite ou a soja são anjos em forma de alimento e
pouco depois demonizam os mesmos alimentos, dizendo serem proibidos
para o consumo. Fica difícil lidar com toda essa disparidade,
contradição e falta de certezas.
A ciência não é infalível. A ciência também é feita de homens,
humanos, permeados de interesses próprios. A ciência também erra,
falha. A ciência também tira conclusões tendenciosas, pré
estabelecidas através de suas pressuposições direcionadas.
O cientista também tem interesse em defender esse ou aquele ponto de
vista. É preciso muita ética, mas muiiiita ética para manter a
isenção verdadeira. O cientista também mascara o resultado de
pesquisas para mostrar um perfil mais condizente com seus interesses.
Na ciência, falta humildade para reconhecer erros. Falta
colocarem-se no próprio lugar, evitando falar de coisas que não
entendem. Falta ética. Falta muiiiita ética.
Devemos sim confiar, tanto nos bons religiosos quanto nos bons
cientistas. Levado a sério, ambas as posições contribuem para um
mundo melhor. Se ocupadas pela escória da sociedade, ambas as
posições têm poder altamente destrutivo!
Mas, para confiar, é preciso não ser cego. É preciso abrir o olho.
O conselho bíblico é “examinar tudo, reter o que é bom”, e
também nunca aceitar uma verdade de forma acrítica. Podemos passar
tudo pela peneira e ver se realmente é como dizem que é. Tanto o
cientista quanto o líder religioso.
Acho que a ciência, no seu devido lugar, tem muito a contribuir. A
religião também. Ambas precisam de ética, humildade, seriedade e
percepção que aquilo que fazem tem consequências.
se gostou deste, compartilhe clicando abaixo
e clique em “seguir” ao lado para acompanhar novas publicações.
___________________________________________
um novo artigo por mês, neste blog
veja outros trabalhos meus, no meu site:
http://lupasoft.com.br/LucasDurigon/